Quando um filme se torna um sucesso, é quase certo que uma sequência será produzida. Se essa sequência também triunfa nas bilheteiras, uma trilogia pode surgir, acompanhada de spin-offs, e, assim, uma franquia é concretizada. Contudo, ao longo desse processo, vários problemas podem emergir, como mudanças na equipe criativa, a ausência de atores originais e linhas narrativas que podem ser recebidas de maneira diferente do que o esperado. Isso resulta em desafios para os espectadores que buscam compreender como todas essas histórias se conectam.
Franquias cinematográficas que antes pareciam simples histórias de diversão e entretenimento frequentemente se transformam em labirintos narrativos confusos, deixando a audiência com mais perguntas do que respostas. Um dos exemplos mais emblemáticos é a franquia “Halloween”, que começou com uma ideia de antologia de terror, mas que, após o sucesso de 1978, se tornou um emaranhado de histórias ligadas de forma complexa. Com treze filmes no total, desde a introdução de Michael Myers até o retorno tardio de Jamie Lee Curtis em “Halloween H20”, a narrativa é marcada por reboots e sequências que ignoram eventos anteriores, resultando em uma trama difícil de seguir.
Outro exemplo notável é a franquia de Jack Ryan. Baseado no personagem criado por Tom Clancy, a evolução de seus filmes e séries reflete uma variedade de adaptações, começando com um jovem Jack interpretado por Alec Baldwin e culminando com o Jack apresentado por John Krasinski na série da Amazon. As diferentes iterações, que variam em tom e estilo, criam confusão sobre qual versão do personagem é a canônica e quais aventuras realmente fazem parte do universo estabelecido. A constante reformulação da figura de Jack Ryan faz com que os novos espectadores se sintam perdidos quanto ao seu desenvolvimento ao longo das décadas.
Da mesma forma, a franquia “As panteras” ilustra bem essa confusão. Originalmente uma série de sucesso nos anos 1970, a história evoluiu para vários filmes que tentaram revisitar e expandir o conceito. Apesar de contar com estrelas como Drew Barrymore e Cameron Diaz, a ambiguidade em torno da figura de Charlie e a constante reinvenção das personagens deixaram o público se perguntando: como todas essas histórias se conectam? O reboot de 2019 complicou ainda mais as coisas, alterando a ideia do Bosley de um personagem para um cargo, criando um novo nível de confusão a ser desvendado.
À medida que a tecnologia do cinema avançou, a franquia X-Men também se tornou um dos maiores quebra-cabeças narrativos. Do ponto de vista dos quadrinhos, a complexidade da linha do tempo dos mutantes é uma característica intrínseca, mas mesmo os filmes se tornaram um verdadeiro labirinto, com diferentes versões e reinterpretações dos mesmos personagens, resultando em uma dificuldade em entender quais filmes realmente se interligam. A introdução de multiversos e histórias paralelas apenas acrescenta uma camada extra de caos à trama já confusa.
Além disso, a franquia “Duro de Matar” é um exemplo claro de como uma narrativa de ação pode se distorcer com o passar do tempo. Começando com um objetivo claro de um herói em situação de risco, ao longo das sequências, as situações se tornaram cada vez mais absurdas, levando os fãs a se perguntarem como o John McClane original, um policial comum, evoluiu para se tornar quase um super-herói em aventuras extremamente exageradas. Cada filme tinha suas ligações sutis com os anteriores, mas a transformação do personagem acabou alienando muitos dos antigos fãs.
A famosa franquia de James Bond também não está isenta de confusão. Com seis atores principais ao longo dos anos, a transição entre eles frequentemente ocorre sem explicação clara, fazendo com que a linha do tempo da série pareça desconectada. As interações entre personagens que aparecem em vários filmes, mas vividos por diferentes atores, só aumentam a confusão sobre a continuidade e as relações entre os filmes da série.
Por sua vez, a franquia “Saw” se destaca por sua estética perturbadora, mas também levanta questões sobre o desenvolvimento de sua narrativa. A complexidade do enredo aumenta a cada nova entrega, levando o público a refletir sobre os eventos que ocorreram em uma estrutura de continuidade que já conta com várias reviravoltas. À medida que a franquia se expande, muitos fãs se vêem obrigados a fazer malabarismos com diferentes linhas do tempo e personagens, tornando cada novo lançamento uma nova oportunidade para confusão.
As recentes fases do Universo Cinematográfico Marvel também têm contribuído para a percepção de confusão. Depois do sucesso estrondoso das fases anteriores, onde tudo parecia se conectar de maneira elegante, as fases quatro e cinco têm se revelado um desafio em termos de coesão narrativa. Com inúmeras histórias independentes e uma introdução gradual a um novo vilão, a conexão entre os itens da lista tornou-se nebulosa, tornando difícil a entrega da tão aguardada sensação de unidade que os fãs esperavam.
Por último, mas não menos importante, a franquia “O Exterminador do Futuro” exemplifica o resultado do envolvimento do tempo em narrativas cinematográficas. Originalmente, a trama envolvia uma linha de tempo clara, mas a inclusão de viagens no tempo complicou imensamente a continuidade e o que é considerado ‘real’ dentro da história. Com cada nova sequência, a confusão se intensifica e os fãs se veem lutando para distinguir entre diferentes realidades que mudam a cada filme.
Em conclusão, a evolução das franquias de cinema pode oferecer um mundo rico e fascinante, mas também pode se transformar em um intrincado quebra-cabeça que confunde tanto ontologia quanto narrativa. Às vezes, o que deveria ser um entretenimento simples se torna um desafio imenso para a compreensão, levando o público a um estado de perplexidade. Essas franquias continuam a evoluir e a se expandir, e, enquanto fãs sedentos de histórias se mantêm fiéis, muitos se perguntam: será que a solução permitirá finalmente esclarecer a confusão ou essas narrativas desafiadoras continuarão a se multiplicar indefinidamente?