A recente pesquisa realizada pela PEN America, uma organização sem fins lucrativos que se dedica à proteção da liberdade de expressão através da promoção da literatura e dos direitos humanos, revela um aumento preocupante nas proibições de livros em escolas nos Estados Unidos. No período de 2023 a 2024, o número de obras banidas nas instituições de ensino cresceu de forma alarmante, registrando um aumento de 200%. Este fenômeno resultou na proibição de aproximadamente 10.000 livros, afetando em sua maioria obras de autores BIPOC e LGBTQ+. A situação gerou um clamor público e uma mobilização de escritores e ativistas em defesa da liberdade de leitura.
A proibição de livros não é um fato novo, mas a magnitude do aumento e a natureza dos títulos afetados têm causado preocupações significativas. A famosa autora Jodi Picoult, em um post conjunto nas redes sociais com a PEN America no dia 28 de outubro, destacou que seu livro “Nineteen Minutes” figurou como o mais banido do país no ano passado. A obra, que aborda um tiroteio em uma escola, teve sua proibição discutida sob a ótica de uma única página que retrata um caso de estupro. Segundo Picoult, a decisão de banir seu livro foi infundada, uma vez que seu conteúdo buscava refletir realidades desafiadoras enfrentadas por jovens, em vez de simplesmente apresentar pornografia, como alegado por críticos.
Contudo, essa não é uma luta isolada. Outros autores, como John Green, cuja obra “Looking for Alaska” também foi frequentemente banida, unem-se a Picoult em uma batalha contra essas restrições. Recentemente, eles se juntaram a uma ação legal contra as proibições de livros na Flórida, o estado que registrou o maior número de banimentos, seguido de Iowa. As leis em vigor nesses estados têm contribuído para um aumento na censura de obras nas escolas públicas, levantando questões sobre até que ponto algumas administrações estão dispostas a ir para restringir o acesso a temas que refletem a realidade da juventude, como abuso de substâncias, suicídio, depressão e violência sexual.
PEN America enfatizou que essa tendência de proibições é ainda mais alarmante por estar se direcionando a temas que são relevantes e críticos para a formação e o desenvolvimento das novas gerações. Em uma declaração, Kasey Meehan, diretora do programa “Freedom to Read” da PEN America, apontou que essa crise é trágica, especialmente para jovens que buscam compreender o mundo ao seu redor. Segundo ela, a experiência do aluno, seja na sexta ou na décima primeira série, é efêmera e cheia de aprendizados significativos. O que os alunos são autorizados a ler nas escolas molda a base de suas vidas, estimulando habilidades como pensamento crítico, empatia e bem-estar pessoal. Assim, a defesa dos princípios fundamentais da educação pública e a liberdade de ler, aprender e pensar nunca foram tão urgentes.
Recentemente, o movimento “FReadom Fighters”, que se mobiliza contra as proibições de livros e o abuso online, ganhou destaque. Em um vídeo no Instagram, Picoult informou ao público que “os livros estão na cédula no dia 5 de novembro” e convocou as pessoas a unirem-se à luta contra as proibições de livros. Esse chamado à ação reflete um movimento crescente que está se consolidando em diversas partes do país, buscando sensibilizar a população sobre a importância do acesso irrestrito à literatura.
Com um panorama em que a liberdade de expressão e a educação estão cada vez mais ameaçadas por eleições e decisões legislativas, é vital que a sociedade se mantenha alerta e engajada em discussões sobre o que deve ou não ser lido nas escolas. A literatura não é meramente entretenimento; ela é uma janelinha para o mundo, abrindo nossas mentes a novas ideias, culturas e experiências. Neste momento, a batalha travada por autores, educadores e ativistas é mais do que uma simples defesa de títulos: é uma luta pelo direito de dialogar, de expressar e de compreender a complexidade da vida através das páginas de um livro.
O impacto social das proibições de livros nas escolas
As proibições de livros vão além de meras discussões sobre títulos. Elas atingem o cerne da formação educacional e do desenvolvimento da identidade dos jovens. Ao restringir o acesso a diversas obras que tratam de temas essenciais, estamos fazendo um desserviço à geração mais nova, privando-os do conhecimento e da empatia que a literatura pode proporcionar.
Este cenário não é apenas uma questão estética; ele toca a questão vital da liberdade de expressão e dos direitos humanos. A literatura é um reflexo da sociedade, e uma comunidade que censura sua própria narrativa corre o risco de perpetuar ignorância e intolerância. O apelo por uma educação inclusiva e pela liberdade de leitura deve ser central nas reformas educativas e nas decisões que moldam o futuro das escolas.
Conclusão e chamado à ação
Assim, o aumento das proibições de livros nas escolas nos Estados Unidos serve como um alerta sobre os riscos da censura e do controle sobre a informação. Esse fenômeno não apenas limita as opções de leitura dos jovens, mas também lhes nega oportunidades de explorar e compreender diversas perspectivas. Portanto, é imprescindível que pais, educadores e a sociedade civil se mobilizem para proteger a liberdade de leitura e lutar contra a censura, unindo forças em prol de uma educação que valorize a diversidade de pensamentos e experiências. A situação atual demanda nossa atenção e ação, pois o futuro das próximas gerações depende de quão bem conseguimos travar essa batalha por liberdade e expressão.