O Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, deu um passo significativo ao demitir o Ministro da Defesa, Yoav Gallant, após meses de desentendimentos e tensões políticas que culminaram em uma crise de confiança entre os dois. A decisão de Netanyahu foi anunciada em uma declaração gravada na noite de terça-feira, na qual ele expressou que “durante os últimos meses, essa confiança entre mim e o Ministro da Defesa se quebrou”, refletindo uma deterioração nas relações profissionais que já estavam à beira de um colapso.
Com a saída de Gallant, Israel Katz, que até então ocupava o cargo de Ministro das Relações Exteriores, foi nomeado para assumir a pasta da Defesa. Em uma troca que parece estratégica, Gideon Sa’ar foi indicado para substituir Katz no Ministério das Relações Exteriores. Essas mudanças na liderança governamental são indicativas não apenas da luta política interna, mas também da pressão que Netanyahu enfrenta para consolidar sua posição entre facções rivais dentro do seu governo
A reação de Gallant à sua demissão foi rápida e incisiva. Ele publicou uma mensagem em uma rede social afirmando que “a segurança de Israel foi e sempre será minha missão vitalícia”. Essa declaração ressoa com a preocupação de muitos israelenses sobre as implicações da mudança no comando da defesa em um momento tão crítico para a segurança do país, especialmente em meio ao conflito em Gaza que continua a exigir atenção e uma estratégia renovada de resposta militar.
O panorama político em Israel tem sido marcado por especulações de que Netanyahu estava se preparando para demitir Gallant, especialmente após a pressão de aliados da extrema-direita, que argumentavam que uma mudança era necessária para proteger e alinhar as estratégias do governo. Essas tensões se tornaram mais evidentes em um contexto no qual Netanyahu enfrenta uma coalizão governamental fragilizada, composta por diversas forças com interesses conflitantes. A situação sugere que a sobrevivência política de Netanyahu depende fortemente de suas alianças, que estão se revelando cada vez mais complexas.
A relação entre Netanyahu e Gallant foi marcada por desavenças notórias, sendo o desacordo sobre a estratégia militar em Gaza um ponto crítico. Leis discutidas pelo governo, incluindo a reforma judicial que propôs uma ampla reestruturação da seleção de juízes, também alimentaram disputas, com Gallant se posicionando contra uma proposta que poderia desestabilizar a estrutura legal do país em um momento já sensível.
As discordâncias entre ambos ficaram evidentes quando Gallant, em agosto, caracterizou os objetivos de Netanyahu para uma “vitória absoluta” em Gaza como “nonsense”, o que levou Netanyahu a responder de maneira pública com um aviso veemente, acusando Gallant de propagar uma “narrativa anti-Israel”. Speculações de que a demissão de Gallant era inevitável tornaram-se palpáveis quando membros da coalizão começaram a pressionar por mudanças. O ministro de Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, havia declarado em setembro que a demissão de Gallant era uma questão urgente e pendente.
divergências sobre a reforma judicial e a segurança nacional
A deterioração do relacionamento entre Netanyahu e Gallant começou de fato em março de 2023, quando o primeiro-ministro expressou a intenção de demitir Gallant por conta de suas críticas à proposta de reforma judicial, que provocou protestos em larga escala. Gallant denunciou essa reforma como uma ameaça clara à segurança nacional, afirmando que a divisão política estava infiltrando as forças armadas e os órgãos de segurança, criando um risco real para a nação. “Não vou facilitar isso”, declarou Gallant.
As tensões aumentaram ainda mais com a discussão sobre a mobilização de homens ultraortodoxos nas Forças de Defesa de Israel, uma medida que Gallant apoiou. Membros do governo da extrema direita, que são cruciais para a manutenção da coalizão de Netanyahu, foram contra essa iniciativa, intensificando ainda mais o clima de conflito interno.
Assim, as complexidades políticas que cercam a demissão de Gallant não se limitam a questões de segurança; elas refletem também a luta de poder e os desafios enfrentados por um governo que, como um castelo de cartas, pode desabar a qualquer momento. A demissão não apenas chama a atenção sobre a fragilidade do governo de Netanyahu, mas também levanta questões sobre a adequação e eficácia das estratégias de segurança que estão sendo implementadas no país. O futuro político de Netanyahu e a estabilidade de sua coalizão permanecem incertos, já que seus adversários buscam se aproveitar deste momento de vulnerabilidade.
Esta é uma história em desenvolvimento e será atualizada conforme novas informações surgirem.