A primeira dica que podemos dar sobre Bhool Bhulaiyaa 3 é que ele traz um elemento de imprevisibilidade que pode ser tanto intrigante quanto frustrante. Com um desfecho que chega a ser tanto audacioso quanto ridículo, o filme cria uma expectativa que termina sendo insatisfatória, na medida em que as tentativas de provocar empatia falham devido à maneira desajeitada com que são apresentadas. Contudo, uma coisa é certa: o desfecho definitivamente não era algo que eu esperava.

Porém, no restante do filme, nos deparamos com uma repetição de fórmulas já conhecidas. A franquia Bhool Bhulaiyaa teve seu início com o clássico filme de 1993, Manichitrathazhu, que mais tarde foi adaptado ao hindi em 2007. Ambas as versões conseguiram mesclar de maneira hábil risadas e sustos, embora não houvesse uma verdadeira atividade paranormal. O grande vilão por trás da transformação da protagonista em Manjulika, o espírito perturbado de uma dançarina real, acaba revelando ser o dissociativo transtorno de identidade. Essa construção é uma linha comum que se repete na nova sequência.

Quando o diretor Anees Bazmee assumiu as rédeas com o reboot de 2022, o terror tornou-se real. Elementos como magia negra, espíritos, sustos repentinos e a atmosfera envolvente, inclusive a belíssima interpretação de “Ami Je Tomar” por Shreya Ghoshal, se uniram a um humor leve e característico do cinema comercial. Uma das minhas partes favoritas foi a interação cômica entre Rajpal Yadav como Chhote Pandit e Sanjay Mishra como Bade Pandit, que confundiam Manjulika com a esposa de Mishra e a instruíam a fazer lentilhas, apenas para serem severamente retaliados pelo espírito.

Nesta terceira parte, Bazmee mantém os tropeços dos dois primeiros filmes, como a imponente mansão que abriga uma sala trancada há anos por acreditar-se que ali habita um espectro. Além disso, as dinâmicas familiares e os segredos reais continuam sendo o centro da história, assim como a enigmática Manjulika. O clássico tema musical retorna, acompanhado de “Ami Je Tomar” e toda a atmosfera de corredores sombrios e corvos em CG que poderiam facilmente gerar uma sequência de Os Pássaros de Alfred Hitchcock.

Mais uma vez, Kartik Aaryan assume o papel de Ruhaan (também conhecido como Rooh Baba), um falso caçador de fantasmas que se aproveita do medo das pessoas para faturar. Ele é chamado para um castelo em alguma parte de West Bengal, onde, curiosamente, os locais parecem reconhecê-lo. A partir daí, desdobram-se situações que incluem o conceito de reencarnação, a crise de um jovem rei que deseja vender seu palácio, e um grande conflito entre irmãos, somado à sombra de Manjulika, que não está mais lamentando o amor perdido.

Entre os pontos altos dessa produção está a volta de Vidya Balan, cuja performance como Avni, uma arqueóloga que acredita ser Manjulika, foi fundamental para o sucesso do filme anterior de 2007. Sua dança, com cabelos desordenados e olhos frenéticos, foi verdadeiramente arrepiante. Desta vez, ela dá vida a Mallika, uma especialista em restauração que pode ou não ser Manjulika, e sua atuação se ajusta ao tom exagerado do filme.

Além de Balan, Anees Bazmee também introduz Madhuri Dixit como Mandira, uma potencial compradora da mansão que claramente esconde algo. O embate entre Balan e Dixit, onde elas estão prontas para se estrangular mutuamente e posteriormente enfrentam uma disputa de dança no palácio, promete ser um dos momentos mais emocionantes do filme, considerando o renome dessas duas gigantes do cinema indiano.

Infelizmente, o que deveria ser um momento de grande clímax é prejudicado por um roteiro de Aakash Kaushik que se apresenta como um mosaico desarticulado, tornando difícil para os personagens deixarem uma impressão duradoura. Bhool Bhulaiyaa 3 não dá seguimento à lógica interna necessária para que o enredo seja coerente. Entre piadas, sustos, exposições e números musicais, o filme tenta desesperadamente se estruturar como uma narrativa atrativa.

E assim, Mandira e Mallika trocam farpas ou dão risadas insanas que parecem surgir do nada, tudo culminando em revelações que acabam por ser sonhos. E se isso não fosse o suficiente, a aparição de Dixit é descrita como uma “participação especial”, o que talvez explique por que sua parte é tão mal desenvolvida que eu comecei a prestar mais atenção em sua coleção de saris e a magnitude de seus acessórios — Mandira adora se vestir bem.

Além disso, a dança de Balan e Dixit, mesmo com a coreografia assinada por Chinni Prakash, não se compara ao icônico duelo entre Dixit e Aishwarya Rai Bachchan em Devdas. Embora ambas sejam brilhantes, a memorabilidade do duelo inicial é simplesmente insuperável.

Por fim, Bhool Bhulaiyaa 3 parece se arrastar, e duas canções românticas são inseridas, talvez para dar algum propósito a Triptii Dimri, que de forma geral ocupa o espaço de uma figura encantadora. Os atores Vijay Raaz e Rajesh Sharma, ambos conhecidos por seu bom timing cômico, acabam relegados a papéis periféricos, embora eu tenha sorrido em uma cena em que Raaz, como o pobre raja, afirma que está disposto a enfrentar o fantasma, mas que não quer viver mais em sua pobreza.

Aaryan é o centro das atenções, e ele se esforça para ser encantador e engraçado, além de dançar e lutar contra os fantasmas. É admirável que o ator esteja disposto a criticar a tendência de heróis hipermasculinos em Bollywood, já que seu personagem Ruhaan se assusta facilmente e, assim como no filme anterior, quando as coisas se tornam muito aterradoras, ele tenta fugir.

Entretanto, toda a energia que ele investe acaba sendo prejudicada pelo roteiro fraco, onde as piadas não são suficientemente engraçadas, mesmo que uma em especial, sobre Shehzada, seu grande fracasso, tenha rendido boas risadas. Já os sustos carecem de impacto, tornando o filme mais uma sequência que deixa a desejar no quesito terror.

Talvez seja hora de dar uma pausa para Manjulika. Afinal, existe um limite para o que se pode fazer com um fantasma vingativo e duas canções incríveis, não é mesmo?

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