Na semana atual, o presidente Joe Biden inicia sua viagem pela América do Sul, participando de reuniões com líderes mundiais. No entanto, o cenário que se apresenta é de inquietude e mudanças significativas no panorama político global. A expectativa inicial era de que Biden chegasse a essas cúpulas como um estadista confiante, pronto para fortalecer sua imagem e a de seu governo. Contudo, o que se desenha é uma realidade bem diferente, repleta de questionamentos sobre a continuidade da liderança americana sob sua administração e um retorno da figura de Donald Trump ao centro das atenções.
A viagem a Peru e Brasil está marcada por uma atmosfera de reflexão e análise. Biden, ao invés de aproveitar a oportunidade para celebrar seus sucessos, se depara com a percepção de que sua presidência não é mais considerada uma vitória definitiva sobre a ideologia “America First” de Trump. O momento atual é de um repensar da política externa americana, com líderes já buscando estabelecer relações com Trump, em uma das situações mais inesperadas para um presidente em fim de mandato. A indecisão e a ansiedade se apoderam do ambiente, à medida que essas reuniões se aproximam e os líderes mundiais deliberam sobre como se proteger de possíveis repercussões de uma volta ao cenário político do ex-presidente.
A cúpula marcada em Lima traz um elemento de estranheza, já que muitos líderes vislumbram uma transição iminente que pode não incluir a administração Biden. A percepção está se transformando, e as conversas entre os líderes já estão se orientando para como proteger suas economias em um cenário onde Trump possa voltar ao poder. Fenômenos que antes eram apenas especulativos agora estão sendo levados a sério, e muitos dos parceiros de Biden estão cortando laços com os representantes americanos na medida em que se voltam para estratégias de resiliência.
Um alto funcionário do governo dos EUA destacou que, apesar das cúpulas em Lima e Rio de Janeiro, o foco dos líderes nas conversas está voltado para a realidade política em Washington. As expectativas sobre o que Biden pode trazer de garantia em suas interações são nebulosas, pois muitos líderes já imaginam o que um retorno de Trump pode simbolizar. A relação entre aliados e diplomatas americanos está se tornando tensa, com a busca por segurança e estabilidade se tornando preponderante nas discussões.
Além de se encontrar com o anfitrião da cúpula, Biden terá um encontro individual com Xi Jinping, presidente da China, e outros encontros trilaterais que prometem ser fundamentais para a manutenção das relações ao redor do globo. É interessante notar que, enquanto Biden se prepara para essas reuniões, os líderes de várias nações já estão pensando em como reatar laços com Trump, que está se configurando como um ator inevitável no cenário político futuro.
Tradicionalmente, as cúpulas do APEC e do G20 são momentos onde os presidentes americanos podem engajar com parceiros comerciais e aliados militares para confrontar questões globais coletivamente. Trump, em contrapartida, sempre desprezou tais eventos, o que agora deixa Biden em uma situação difícil em sua tentativa de reafirmar a liderança americana. Sua última reunião com Trump também trouxe à tona a questão de como garantir aos aliados que a estabilidade e a previsibilidade voltarão a ser características da política americana.
Depois de sua viagem, a dúvida permanece. O que Biden poderá realmente oferecer aos parceiros internacionais come ele parte para um novo ciclo de incertezas políticas? Sua tentativa de reafirmar o papel da América está diretamente ligada a um traço que, apesar de já ter sido bem recebido, agora traz à tona desconfiança. Como muitos líderes da Europa, que enfrentaram populismos, ainda se lembram amargamente dos mandatos de Trump, é difícil para eles acreditar completamente que não haverá um retrocesso na política externa.
Quando Biden viajava para essa cúpula, muitos líderes expressavam gratidão e admiração por seu estilo diplomático. Porém, por trás dessa cortesia, existe uma preocupação genuína sobre como sua sucessão pode afetar as relações que amadureceram nos últimos anos. A história mostra que uma mudança de presidente pode também mudar a dinâmica internacional de forma significativa, como ficou evidente quando Obama buscou consolar líderes em sua viagem após a vitória inesperada de Trump.
Histórias da diplomacia americana nos ensinam que o caminho à frente é sempre incerto e revisto. Agora, Biden entra em uma nova fase de desafios, tentando equilibrar conversas com múltiplos líderes, as incertezas que um retorno de Trump pode representar e, ao mesmo tempo, construir uma nova narrativa sobre o papel da liderança americana no mundo.