A Casa Branca está sob intensa pressão para alocar os fundos restantes provenientes de legislações significativas assinadas pelo presidente Joe Biden, antes da cerimônia de posse do presidente-eleito Donald Trump, que está agendada para ocorrer em aproximadamente dez semanas. Com menos de três meses para concluir essa tarefa monumental, a administração Biden busca garantir que as iniciativas chave sejam implementadas de maneira eficaz, especialmente em áreas que afetam profundamente o cotidiano dos cidadãos americanos.
Entre as principais ações que precisam ser concluídas, estão a finalização de acordos entre o Departamento de Comércio e empresas de fabricação para subsídios federais relacionados a semicondutores, a alocação de recursos financeiros para iniciativas climáticas e a provisão de auxílio e armamento para a Ucrânia, que continua enfrentando a invasão russa. Estas ações refletem uma fração de como a administração Biden está se esforçando para consolidar iniciativas cruciais, enquanto se prepara para a possível segunda presidência de Trump.
Desde que Biden abandonou seu intento de reeleição em julho, lançou um novo impulso em sua equipe para acelerar a implementação de legislações significativas, incluindo a Lei de Infraestrutura Bipartidária, o Ato de Chips e Ciência e a Lei de Redução da Inflação, que abordam questões como saúde e clima. A urgência desta diretiva aumentou consideravelmente desde que os eleitores decidiram reeleger Trump, deixando os democratas em uma estreita janela para finalizar seus projetos.
A vice-chefe de gabinete da Casa Branca, Natalie Quillian, enfatiza que as equipes estão trabalhando arduamente, com um foco total nos próximos dez semanas para garantir que o dinheiro seja liberado e que os benefícios cheguem ao povo americano. A Quillian, que tem sido um dos principais responsáveis pela implementação da agenda de Biden, destacou que a urgência para cumprir com essas alocações é contínua desde o dia da aprovação das leis.
As implicações futuras das medidas atuais
Ainda não está claro como as decisões da administração Biden serão exteriores à Casa Branca no pós-Biden. Após a vitória de Trump, o presidente fez questão de ressaltar as conquistas de sua gestão, argumentando que o trabalho de sua equipe persistirá mesmo após sua saída. Contudo, ele reconheceu que muitos americanos levarão tempo para perceber e sentir os efeitos dessas leis, uma das dificuldades que enfrentou em sua busca pela reeleição. Um desafio persistente para Biden é a compreensão de que os benefícios palpáveis das novas legislações levarão tempo para se materializar, desde projetos de construção até a geração de novos empregos na fabricação.
Em um discurso no Rose Garden no dia 7 de novembro, Biden declarou que a “maioria esmagadora” do trabalho realizado por sua administração será sentida ao longo da próxima década, apontando que algumas legislações estão apenas começando a ter impacto real. “Um bilhão de dólares em trabalho de infraestrutura está prestes a transformar vidas em comunidades rurais e em áreas que enfrentam graves dificuldades. A realização disso demanda tempo, mas os resultados estão a caminho,” afirmou o presidente.
Distribuição de verbas: O que está em jogo
A implementação das leis se concentra principalmente em alocar os fundos que já foram aprovados pelo Congresso para diversos setores em todo o país. Desde que assumiu a presidência, Biden assinou a Lei de Infraestrutura Bipartidária, que representou um investimento de 1,2 trilhões de dólares; a Lei de Chips e Ciência, com um financiamento de 200 bilhões de dólares visando aumentar a capacidade de fabricação de semicondutores nos Estados Unidos; e a Lei de Redução da Inflação, com recursos da ordem de 750 bilhões de dólares que envolvem saúde, tributos e iniciativas climáticas.
Em um comunicado recente, um oficial da Casa Branca informou que, ao todo, 642,1 bilhões de dólares foram anunciados das três legislações mencionadas, representando 92% dos fundos que precisam ser utilizados até o final do ano fiscal de 2024. No que diz respeito à Lei de Infraestrutura, são aproximadamente 504,1 bilhões de dólares que representam 96% do financiamento disponível.
Das verbas, cerca de 288 bilhões de dólares não estarão disponíveis até o ano fiscal de 2025 ou depois, sendo que essa verba é destinada a estados para obras em estradas, pontes e programas de água potável. Além disso, aproximadamente 103 bilhões de dólares da Lei de Redução da Inflação, o que corresponde a 92% do total dessa lei, foram anunciados até o final de outubro. Esses recursos serão utilizados para impulsionar iniciativas de energia limpa, ajudar comunidades vulneráveis a se adaptarem às mudanças climáticas e reduzir a poluição proveniente de operações de petróleo e gás.
Com relação à Ucrânia, Biden tem pressa em transferir quantias significativas e armamentos diretamente para o país, ciente de que o futuro do suporte dos Estados Unidos está em risco sob a administração Trump. Os democratas já admitiram que qualquer quantia não gasta do total de 61 bilhões de dólares, aprovado pelo Congresso anteriormente neste ano, poderia ser revogada no futuro.
Subsídios voltados para semicondutores
No que se refere ao Ato de Chips, o Departamento de Comércio disponibilizou 39 bilhões de dólares para subsídios federais destinados a empresas que buscam aumentar a fabricação de chips semicondutores nos Estados Unidos. Além disso, houve a destinação de 11 bilhões de dólares para pesquisa e desenvolvimento nessa área.
Até o momento, o departamento já alocou a maior parte dos incentivos federais, cerca de 36 bilhões de dólares, e espera anunciar o restante até o final do ano. O governo já estabeleceu acordos preliminares para subsídios com mais de 20 empresas. Notavelmente, a Polar Semiconductor recebeu um auxílio de 123 milhões de dólares para aumentar sua produção de chips em Minnesota.
Embora Trump tenha criticado a legislação dos Chips como “um grande erro”, o ato tem desfrutado de apoio bipartidário, pois as iniciativas impulsionarão a criação de empregos e a injeção de recursos em comunidades locais. No total, a Lei de Chips e Ciência desbloqueou mais de 400 bilhões de dólares em investimentos, espera-se que crie mais de 125 mil empregos e produza avanços significativos nos investimentos de fabricação americana, conforme destacado por um porta-voz do Departamento de Comércio.
Vale ressaltar que, mesmo diante das incertezas políticas que se aproximam, a Casa Branca está trabalhando incansavelmente para garantir que os benefícios dessas legislações sejam sentidas por todos os americanos, criando uma base que, espera-se, levará a um futuro mais próspero.