A recente exibição de armamentos na 15ª China International Aviation and Aerospace Exhibition, realizada em Zhuhai, destacou os avanços militares e tecnológicos da China, capturando a atenção do mundo para a crescente capacidade bélica do gigante asiático. O evento, que ocorreu ao longo de seis dias, foi um vitrine impressionante para os novos sistemas de defesa e ataque, apresentando uma variedade de armamentos modernos que muitos especialistas avaliam com um olhar crítico, considerando a crescente rivalidade com os Estados Unidos e outros atores globais. Este ano, aproximadamente 600.000 visitantes se juntaram ao espetáculo e o evento gerou cerca de 280 bilhões de yuans em pedidos globais, um valor que equivale a quase 39 bilhões de dólares.

Ao longo da feira, o público teve a chance rara de observar a demonstração das capacidades militares que a China está desenvolvendo com um foco claro em modernização e um aumento de sua presença militar na Ásia. Esse evento bienal se tornou um espaço estratégico para especialistas internacionais avaliando o que está se formando como uma superpotência crescente, controlada pelo Partido Comunista. A importância deste airshow se reflete na inclusão de uma área dedicada exclusivamente para drones, reconhecendo seu papel fundamental no campo de batalha no contexto de conflitos modernos como a guerra da Ucrânia e a possível tensão em torno de Taiwan.

Avanços notáveis: J-35A e HQ-19

Entre as inovações apresentadas, o novo caça stealth J-35A se destacou como um símbolo do avanço tecnológico da aeronáutica militar chinesa. Após mais de uma década de desenvolvimento, estima-se que o J-35A possa ser comparável aos caças stealth dos Estados Unidos. Este modelo é o segundo caça stealth da China, seguindo a introdução do J-20 em 2017. Ele possui duas turbinas, o que o diferencia do F-35, concorrente americano, que utiliza uma única turbina. A capacidade do J-35A de carregar mísseis de precisão dentro de sua baia interna é um ponto importante, permitindo não apenas missões de combate aéreo, mas também ataques precisos em alvos terrestres e marítimos.

Outro sistema inovador exibido foi o HQ-19, um novo sistema de mísseis superfície-ar. Comparado ao sistema THAAD dos EUA, o HQ-19 é montado em um veículo de alta mobilidade, munido de seis mísseis interceptores e um mecanismo de “lançamento a frio” que agiliza a sua capacidade de resposta. Projeto significativo, os especialistas chineses afirmam que ele aumenta as capacidades de interceptação de mísseis balísticos fora da atmosfera, além de ser apto a lidar com ameaças hipersônicas, uma necessidade crescente no contexto militar atual, dado seu potencial destrutivo e táticas sofisticadas de manobra.

Drones como nova fronteira de batalha: ‘Jetank’ e ‘Orca’

A feira também apresentou o ‘Jetank’, um imponente drone de transporte com capacidade para carregar até seis toneladas de carga, incluindo outras menores unidades não tripuladas. Com um conceito comparado a um porta-aviões, o Jetank foi descrito como uma inovação radical, permitindo o lançamento em massa de drones diretamente do ar. Este desenvolvimento ilustra a tendência crescente de veículos aéreos não tripulados desempenhando papéis críticos em operações militares modernas.

Complementando a linha de drones, o ‘Orca’ se destacou como um navio de combate autônomo de alta velocidade, projetado com o intuito de ser resistente ao radar e estável em mares agitados. A embarcação tem um alcance operacional significativo, o que a coloca como peça-chave em estratégias de defesa marítima e patrulha. A descrição de suas capacidades abrange tanto operações militares quanto não-militares, mostrando que a tecnologia naval chinesa está se adaptando às necessidades contemporâneas do teatro de operações.

Potencial de ataque aéreo com o míssil PL-15E e a presença russa

Além dos caças e drones, a Cina revelou o PL-15E, uma versão nova de um míssil ar-ar de longo alcance, com características que otimizam seu armazenamento em caças stealth como o J-35A. Os especialistas o comparam com o míssil AIM-120 dos EUA, notando suas capacidades avançadas que permitem engajamentos a distâncias significativas, expandindo a capacidade de combate da força aérea chinesa.

O show aéreo também ficou marcado pela presença do caça russo Su-57, destacando a relação militar crescente entre a China e a Rússia. O Su-57 fez sua estreia internacional fora do território russo, e os primeiros contratos para exportação deste modelo foram firmados durante o evento. Essa colaboração entre os dois países sugere um fortalecimento das alianças estratégicas enquanto trabalham em conjunto para expandir suas capacidades bélicas.

Em conclusão, a 15ª Feira Internacional de Aviação e Aeroespacial da China em Zhuhai não apenas serviu como uma vitrine das inovações tecnológicas que o país está implementando, mas também como um indicador claro do posicionamento da China no cenário militar global. O destaque dado aos novos sistemas, especialmente em um contexto regional volátil como o de Taiwan e suas proximidades, levanta questões sobre as futuras dinâmicas de poder na região e o potencial de novos conflitos. As demonstrações de força militar proporcionadas por esses novos armamentos e a crescente colaboração com a Rússia só sublinham a inevitabilidade dessa transformação no xadrez geopolítico moderno.

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