No coração do vibrante cenário da Broadway, o espetáculo Wicked continua a deslizar pelo palco com sua mágica e intrigante narrativa. A renomada atriz Mary Kate Morrissey, a atual intérprete de Elphaba, revela um dos segredos da montagem que fascina tanto o público quanto os críticos: a rápida transformação em sua personagem verde icônica. O processo de ‘greening’, que transforma a atriz em Elphaba, é a especialidade da maquiadora Christa Kaimimoku-Wong, que domina esta arte ao longo de sua carreira no Wicked desde 2015, tornando-se supervisora após a reabertura do Gershwin Theatre pós-pandemia de COVID-19.
Quando o portal do palco se abre e as luzes se apagam, a expectativa é palpável. Naquela noite, a equipe da PEOPLE teve o privilégio de acompanhar a preparação de Morrissey em sua camarim. A contagem regressiva começou e a atriz estava completamente sem maquiagem. Em apenas 28 minutos, Kaimimoku-Wong concluiu a transformação, surpreendendo a todos com a agilidade e eficiência do seu trabalho. No entanto, muitos podem se perguntar: “Como isso é possível?” A resposta está em um método perfeitamente afinado e um toque de mágica no processo de maquiagem.
A transformação começa com uma base de fundação que ajuda a maquiagem verde a aderir à pele. Morrissey comenta entre risadas, enquanto aguarda a aplicação do produto: “Não marque isso como parte do tempo!”, fazendo alusão ao registro do processo criativo. Contudo, é nesse momento que a verdadeira mágica começa a acontecer. Kaimimoku-Wong utiliza pincéis Hake, um tipo de pincel de aquarela japonês, que propicia maior agilidade na aplicação, fundamental quando há tão pouco tempo até a cortina levantar.
O primeiro tom verde a ser utilizado é o MAC Chromacake, uma tinta ativada por água. Kaimimoku-Wong explica que, embora não tenha sido desenhada especificamente para a produção, foi uma cor previamente existente que se ajustou perfeitamente às necessidades da maquiagem. Conforme a pintura avança, Morrissey, sentada de forma relaxada, observa sua pele se tornando mais verde. No entanto, por trás dessa aparente simplicidade, a artista revela que a transformação é, na verdade, bem desafiadora. Lembra de uma experiência difícil em turnê, onde teve que se pintar sozinha, reconhecendo que aquele processo não era nada fácil.
À medida que o tempo passa e se aproxima o momento da performance, a cada camada do Chromacake aplicada, o verde se intensifica. Kaimimoku-Wong menciona que a evolução do processo de ‘greening’ foi uma colaboração entre ela e Joe Dulude II, o maquiador que desenvolveu o visual original em 2003, adaptando-o ao longo do tempo. Ela também compartilha que o produto Kryolan Super Color em 511 foi substituído por uma mistura personalizada, elaborada para cada atriz que assume o papel, isso devido à preocupação com a durabilidade da maquiagem sob as quentes luzes do palco.
Morrissey interage constantemente, aludindo à necessidade de cobrir adequadamente suas orelhas para evitar infecções — um lado inesperado da transformação. “Na verdade, isso não é tão divertido”, diz ela, recordando uma consulta em que encontrou vestígios da maquiagem em seu tímpano. No entanto, uma vez que a aplicação do verde completo é realizada, Kaimimoku-Wong utiliza um pó especial para fixar a maquiagem, assegurando que tudo permaneça no lugar durante o show. “Ela deve parecer um mochi super decorado!” brinca a maquiadora enquanto cuida dos últimos detalhes.
Neste colorido cenário, o visual de Morrissey para o primeiro ato é descrito como um “feijão verde”, conceito que rapidamente se transforma no segundo ato, onde ela se diverte mais com as opções de maquiagem. A cada interlúdio, a dupla realiza outra transformação veloz, aprimorando ainda mais a imagem de Elphaba, com um olhar mais dramático e um batom escuro glamouroso que Morrissey aplica com sua própria habilidade.
Com os minutos finais se esgotando, a equipe de preparação dá os últimos ajustes essenciais. O estúdio se enche de entusiasmo à medida que a música “No One Mourns the Wicked” começa a tocar, marcando o fim do processo de ‘greening’. O resultado? Uma performance magistral que é bem mais do que uma simples aplicação de maquiagem — é uma celebração da arte, do talento e do trabalho em equipe que faz do Wicked uma experiência inesquecível no palco. “Já fui pintada em apenas sete minutos antes”, finaliza Morrissey, revelando a adrenalina que vem com o papel e as corridas emocionantes que o acompanham, sucedendo no mundo mágico que só a Broadway pode proporcionar.