A escolha de Pete Hegseth como Secretário de Defesa, anunciada pelo presidente eleito Donald Trump, trouxe à tona uma série de reações e questionamentos sobre sua trajetória e qualificações para um cargo tão estratégico. De sua mudança para uma cidade pequena no Tennessee até seu ascenso como uma figura de destaque nas redes direita, Hegseth está prestes a entrar em um novo capítulo na política americana, e não está faltando drama. Mas como ele chegou aqui, e quais serão as implicações dessa escolha para o futuro do departamento e da defesa americana?
Quando Hegseth decidiu deixar Nova Jersey, onde morava nas proximidades da sede da Fox News, para se estabelecer em uma pequena cidade nos arredores de Nashville, Tennessee, muitos o consideraram uma escolha segura e alinhada com seus valores. Ele é conhecido por levar seus filhos para atirar, publicar fotos ostentando slogans anti-Biden e enfatizar sua fé cristã de maneira bastante pública. A mudança para um estado vermelho, como Tennessee, parecia ser um reflexo de sua forte conexão com a base conservadora da qual ele emergiu.
Contudo, a recente escolha de Hegseth por Trump para ser seu Secretário de Defesa gerou surpresa até mesmo entre seus amigos mais próximos na Fox. O apresentador habitual de “Fox & Friends” deixou sua marca na televisão, promovendo pontos de vista contundentes sobre assuntos militares e políticos. Ele é um veterano do Exército condecorado, tendo servido no Iraque, no Afeganistão e em Guantânamo, mas sua experiência não parece refletir uma capacidade de liderar uma máquina complexa e vasta como o Departamento de Defesa. Quando um colega de Hegseth na Fox expressou sua incredulidade, questionando: “Você está me dizendo que Pete vai supervisionar dois milhões de funcionários?”, ele lançou luz sobre a pressão desse novo cargo.
Na verdade, o Departamento de Defesa emprega quase três milhões de funcionários, o que levanta a questão: Hegseth realmente tem as habilidades necessárias para gerenciar uma estrutura tão grande? Apesar da dúvida, ele possui algo que Trump valoriza: a carisma de uma estrela da televisão. Durante sua longa e ilustre permanência na rede, Hegseth não hesitou em utilizar sua plataforma para criticar a adoção de mensagens de “justiça social” no Pentágono, argumentando que políticas “woke” prejudicam o recrutamento militar. Seu recente livro, no qual ataca as políticas “torcidas, woke e cáusticas do atual exército”, ressoou fortemente entre seus apoiadores.
A ascensão de Hegseth não se deu sem controversas pessoais. Em 2014, ele começou sua carreira na Fox como contribuinte sob a égide de Roger Ailes e, após o escândalo que levou à saída de Ailes, Hegseth se tornou apresentador regular. Sua vida pessoal também se entrelaçou com sua carreira profissional, já que ele teve um relacionamento extraconjugal com uma produtora da rede, que posteriormente se tornaria sua esposa. Embora os detalhes de sua vida familiar sejam parte de sua narrativa, ele prefere se concentrar na harmonia da família. Hegseth afirma que sua família “é unida pela graça de Deus”, evitando qualquer referência a “passos” ou “metades” em sua casa.
A formação de Hegseth durante a era das guerras de George W. Bush moldou muito de sua visão de mundo. Estudante em Princeton durante os ataques de 11 de setembro, Hegseth defendeu abertamente a ação militar. Em um pódio mais recente, ele admitiu que, apesar de ter sido um “grande defensor” da guerra no Iraque, em retrospecto ele reconhece que a invasão foi um erro. O que o levou a essa mudança de perspectiva, quem sabe? Será que ele estará disposto a rever suas crenças à medida que enfrenta lideranças no novo cargo?
Após suas experiências pessoais e profissionais, fica claro que sua transição para o mundo político não é acidental. Hegseth sagrou-se um estrela em ascensão na Fox, onde seu papel se tornou cada vez mais relevante. Ele recebeu uma oportunidade de brilhar em um programa ao vivo durante a noite de votação, onde não hesitou em expressar sua euforia com a vitória de Trump, gerando um destaque ainda maior entre os eleitores mais radicais.
Enquanto Hegseth se prepara para uma possível nova mudança, desta vez para Washington, D.C., sua eleição vem envolta em debates sobre suas competências e adequações ao cargo. A reação da comunidade política está longe de ser unânime, e muitos questionam se o ex-apresentador de TV pode realmente liderar um dos departamentos mais cruciais do governo americano. Trump, sempre um amante do espetáculo, pode ter seguro outra peça de teatro no cenário político, e resta saber se Hegseth, o estrela da televisão, será capaz de fazer essa transição com eficácia.
A escolha de Hegseth para ser Secretário de Defesa pode ser vista não apenas como uma vitória pessoal para ele, mas também como a manifestação da visão de Trump para um governo que não apenas responde aos desafios militares, mas que também vagueia frequentemente na esfera cultural. Com seus livros publicados na Fox e um discurso que ecoa entre os conservadores, a expectativa é alta para ver se Hegseth cumprirá suas promessas ou se se tornará mais um capítulo controverso na já agitada história do governo Trump.