As paisagens áridas do planeta Arrakis, da famosa obra Dune de Denis Villeneuve, podem parecer distantes do cenário urbano coberto de neve e estacionamentos vazios que Matthew Rankin retrata em sua nova comédia surreal Universal Language. No entanto, o que conecta esses dois diretores é mais profundo do que aparenta, sendo que ambos são canadenses: Villeneuve é originário de Quebec e Rankin de Winnipeg. Com a aproximação da temporada de premiações do Oscar, ambos têm suas obras na corrida por prêmios, despertando a atenção da crítica e do público.
O filme Dune: Parte 2 busca repetir o sucesso de seu antecessor, que foi indicado a 10 Oscars e venceu seis. Por outro lado, o novo projeto de Rankin é a candidatura oficial do Canadá na categoria de melhor filme internacional, uma seção na qual Villeneuve já conquistou sua primeira indicação ao Oscar em 2011 com seu aclamado filme Incêndios. Isso mostra que, embora diferentes em estilo e narrativa, ambos os cineastas estão sendo reconhecidos pelo seu talento e contribuição ao cinema.
A comédia Universal Language se passa em um Canadá alternativo, onde o Farsi, ao lado do francês, é reconhecido como idioma oficial. As cenas combinam tradições persas com elementos da cultura canadense, como uma reinterpretação do famoso café e donuts Tim Hortons, que é transformado em um salão de chá árabe, enquanto galinhas perambulam livremente sobre a neve. O enredo é impulsionado por dois estudantes que encontram uma nota de 500 riais congelada no gelo, em uma corrida para libertá-la. O filme tem uma estética única, situando-se entre o realismo poético do cinema da Nova Onda Iraniana e as sensibilidades surreais típicas do cineasta de Winnipeg, Guy Maddin.
Após sua estreia em Cannes, onde conquistou o recém-criado prêmio do público na Diretores’ Fortnight, Universal Language também teve recepção calorosa na Mostra Internacional de Cinema de Toronto. O estúdio Oscilloscope Laboratories, que já trabalhou com Rankin em seu filme The 20th Century (2019), está encarregado da distribuição do novo longa nos Estados Unidos.
Em uma conversa exclusiva com The Hollywood Reporter em que Villeneuve elogiou Universal Language como “um dos filmes mais originais que vi nos últimos anos, uma verdadeira joia cinematográfica”, o diretor abordou tópicos como a direção de atores que falam Farsi, a inspiração em Abbas Kiarostami e Groucho Marx, além de como extrair performances dignas de prêmios até mesmo de um peru. “Felicidade é uma perspectiva de ponto de vista; é mais que um destino. É sobre as pequenas coisas” disse Rankin durante essa inspiradora conversa.
Se você está curioso para saber mais sobre como esses dois diretores pensam sobre cinema, linguagem e as linhas que conectam culturas diferentes, não perca a oportunidade de conferir a íntegra da conversa que se segue abaixo.