Em um evento marcante para a exploração espacial e para a representação feminina na ciência, Emily Calandrelli, engenheira do MIT e apresentadora de televisão conhecida como “Space Gal”, tornou-se a 100ª mulher a viajar ao espaço. Este feito, significativo no universo da atual exploração espacial, não passou despercebido pela comunidade de internautas, onde a reação contrária a sua emoção ao realizar um sonho de décadas provocou uma série de comentários hostis e sexistas nas redes sociais. Após sua missão com a Blue Origin, Calandrelli demonstrou coragem e resiliência ao não se deixar abalar pelas críticas, reafirmando seu valor e sua experiência como uma conquista digna de celebração.
Durante a viagem, que fez parte da nona missão de turismo espacial da Blue Origin, Calandrelli não pode ocultar sua emoção ao contemplar a Terra do espaço. Em um vídeo divulgado pela empresa de Jeff Bezos, foi possível vê-la expressando uma reação genuína e emocionada, exclamações de espanto e alegria refletindo a realização de um sonho que floresceu ao longo de décadas. O momento tocante, no entanto, foi seguido por uma onda de comentários desrespeitosos de “hoards of men” nas redes sociais que sexualizaram sua resposta emotiva. Esse fenômeno evidenciou a luta contínua que muitas mulheres enfrentam nas esferas pública e privada ao decidirem ocupar espaços tradicionalmente dominados por homens, como a exploração espacial.
Após a missão, a ingratidão nas redes sociais gerou indignação, resultando na remoção do vídeo original da Blue Origin devido ao grande número de comentários ofensivos, os quais forçaram a empresa a editar o material. Porém, Calandrelli não deixou que essas reações negativas ofuscassem a magnitude de sua experiência. Em um post nas redes sociais, ela afirmou: “Recuso-me a dar atenção aos pequenos homens da internet. Eu sinto as experiências na minha alma.” Sua postura firme diante do assédio online ressoa como um símbolo de resistência e empoderamento para mulheres em todas as áreas, especialmente neste momento crítico em que a igualdade de gênero é discutida de maneira mais ampla.
Emily Calandrelli ganhou o apoio incondicional de muitas mulheres que viram nela uma inspiração. Nas redes sociais, o apoio irradiava de vários lares onde mães e filhas assistiram juntas ao lançamento. Comentários celebrando sua conquista ressaltavam a importância de ter modelos femininos em campos de alta tecnologia, como a engenharia e a astronautica. “Assistimos ao lançamento juntas, foi emocionante”, escreveu uma das mães em sua mensagem de apoio. Essa solidariedade, no entanto, se contrapõe aos trolls que tentaram diminuir sua experiência, mostrando a complexidade do ambiente digital atual.
Durante a missão, que se elevou acima da linha de Kármán — a fronteira que separa a atmosfera da Terra do espaço exterior —, Calandrelli estava acompanhada por outros cinco turistas espaciais. Ao retornar ao solo de forma segura, ela comparou sua visão da Terra a um momento profundo de maternidade, evocando as emoções de ver seus filhos nascerem. “Assim que olhei para o planeta, senti que estava vendo algo pela primeira vez, assim como quando meus filhos nasceram”, descreveu a astronauta, usando essa metáfora poderosa para exprimir a profundidade de sua alegria e a conexão que sentiu naquele momento único.
Ainda que a história das mulheres no espaço tenha começado com Valentina V. Tereshkova, que se tornou a primeira mulher a viajar ao espaço em 1963, calandrelli representa um avanço significativo e necessário no cenário atual de exploração espacial. Após o marco que foi a missão de Tereshkova, levaria 20 anos até que outra mulher deixasse a Terra. Com o feito histórico de Calandrelli, não apenas se honra o legado dessas pioneiras, mas também se abre caminho para um futuro mais inclusivo e inspirador. Ao receber críticas após a missão, ela relembrou que estava emocionada na volta, buscando apoio entre suas “irmãs do espaço” e estabelecendo uma rede de solidariedade entre mulheres que também buscaram realizar seus sonhos na aviação e na tecnologia, em um espaço predominantemente masculino.
Em um desfecho emotivo, uma comissária de bordo reconheceu Calandrelli no voo de volta, sussurrando uma mensagem de encorajamento: “não deixe que eles apaguem seu brilho.” Este gesto aquecido $tranquilizou a astronauta, que descrito um sentimento imediato de camaradagem com toda mulher ao seu redor, refletindo a necessidade de união e apoio mútuo. A história de Emily Calandrelli não é apenas uma conquista individual, mas um símbolo do progresso em direção à igualdade de gênero e à inclusão em todas as esferas.