Uma nova pesquisa sugere que a poluição do ar, especialmente a gerada pelos veículos, pode ser um fator relevante no aumento das taxas de autismo em crianças. O estudo, publicado no dia 12 de novembro na revista Brain Medicine, aponta que a exposição ao óxido nítrico (NO) — um poluente comum produzido pela queima de combustíveis fósseis — durante a gravidez ou nos primeiros meses de vida pode representar um “risco significativo” para o desenvolvimento do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Este achado levanta preocupações sobre o impacto ambiental na saúde infantil e faz um chamado à ação para que sejam implementadas políticas mais rigorosas sobre emissão de poluentes.
Os autores do estudo explicam que o NO e seu derivado, o dióxido de nitrogênio (NO2), quando a mãe está exposta durante a gestação e na primeira infância, podem interromper o desenvolvimento cerebral normal das crianças. “Essa exposição é particularmente arriscada, pois se dá em períodos críticos para o desenvolvimento do cérebro”, afirmam. Com base em suas descobertas, os pesquisadores destacam a importância dos fatores ambientais durante a gestação e as implicações diretas para a saúde. Ao mesmo tempo, observam que indivíduos com predisposição genética para o TEA podem apresentar maior vulnerabilidade aos efeitos nocivos da exposição ao NO.
Além da análise do NO, a pesquisa também considerou outros poluentes do ar, como o ozônio e partículas finas, constatando que a combinação desses toxinas ambientais pode aumentar ainda mais o risco de autismo. O benzeno, um composto orgânico volátil geralmente encontrado nas emissões veiculares, em processos industriais e na fumaça do tabaco, também foi associado a um risco elevado de TEA, especialmente quando a exposição à NO2 ocorre durante a gravidez. O modo como esses toxinas afetam o desenvolvimento cerebral é intrigante: a inflamação provocada por essas substâncias pode desencadear uma neuroinflamação prolongada, influenciando regiões do cérebro ligadas a funções sociais e cognitivas que são frequentemente comprometidas em pessoas com autismo.
Pelo lado positivo, a pesquisa se coloca como uma fonte importante de informação para a comunidade médica e para as políticas de saúde pública. Através de dados da American Lung Association, ficamos sabendo que quase 40% dos americanos vivem em locais com níveis de poluição do ar considerados prejudiciais à saúde. A questão é clara: como proteger o futuro das crianças em um cenário tão desafiador? É fundamental que novos estudos sejam conduzidos e que os dados sejam analisados de maneira a garantir a saúde das gerações futuras. O aumento das taxas de autismo, que agora mostra que 1 em cada 36 crianças é diagnosticada com essa condição — um aumento alarmante em relação a 1 em 44 apenas dois anos atrás — destaca a urgência dessa questão.
Concluindo, este estudo não apenas lança luz sobre uma possível relação entre poluição do ar e autismo, mas também enfatiza a necessidade de um compromisso coletivo para proteger a saúde das mães e das crianças. Ao promover um meio ambiente mais limpo, podemos não apenas reduzir as emissões poluentes, mas também proporcionar um futuro mais saudável para nossas crianças, e talvez um dia, as estatísticas de autismo possam oferecer uma visão mais otimista.