A tecnologia está constantemente evoluindo para oferecer soluções inovadoras para problemas antigos. Uma das grandes preocupações tanto de atletas profissionais quanto de amadores são as lesões, especialmente as que afetam os joelhos, como as rupturas do ligamento cruzado anterior (LCA) e do ligamento colateral medial (LCM). É neste contexto que Kylin Shaw, um ex-jogador de basquete que viu sua carreira interrompida por uma lesão, se destaca ao desenvolver um dispositivo que promete transformar a maneira como prevenimos tais acidentes. Seu projeto, batizado de Hippos Exoskeleton, apresenta uma “manga para o joelho” que atua como um airbag, fornecendo proteção instantânea ao joelho em momentos críticos.
Shaw, que dedicou sua vida ao basquete desde a infância, experimentou em primeira mão o impacto devastador de uma lesão. Com apenas 17 anos, quando estava prestes a dar início a sua carreira profissional, ele sofreu uma lesão alarmante ao pousar de um entrono, resultando em um estalo preocupante em seu joelho. Essa experiência traumática não apenas encerrou suas aspirações atléticas, mas também acendeu uma ideia inovadora em sua mente: combinar sensores inteligentes com uma proteção para os joelhos. Depois de abandonar seus estudos na London School of Economics, Shaw e seu co-fundador, Bhavy Metakar, lançaram a Hippos, começando sua jornada com um investimento inicial de apenas mil dólares.
A proposta inovadora da Hippos Exoskeleton promete não apenas ser uma solução de proteção, mas também utiliza inteligência artificial para identificar movimentos de risco em tempo real. Quando um movimento potencialmente prejudicial é detectado, o dispositivo infla ao redor do joelho em apenas 30 milissegundos, um tempo recorde que supera os 60 milissegundos que costumam preceder uma lesão de LCA. Essa tecnologia representa um avanço significativo quando consideramos que a cada ano aproximadamente 150.000 lesões de LCA são relatadas apenas nos Estados Unidos, e 8,6 milhões globalmente. Essas estatísticas revelam uma lacuna no mercado de saúde em relação à prevenção, uma vez que muitos dispositivos existentes se concentram na reabilitação, ao invés de na proteção proativa.
Atualmente, a Hippos já conseguiu garantir pré-encomendas significativas, totalizando mais de seis dígitos na ordem de entradas, e chamou a atenção de investidores relevantes, resultando em um financiamento inicial de US$ 642.000. Shaw revelou que o modelo final deverá ter um preço em torno de US$ 129, com planos de assinatura que variam de US$ 29 a US$ 99 por mês, abrangendo insights gerados por inteligência artificial, pequenos recipientes de ar e rastreamento de atividades físicas.
Os testes iniciais do produto contaram com a colaboração de clubes de futebol do Reino Unido e atletas renomados, como o campeão mundial de esqui Alex Schlopy, que elogiou a leveza e conforto do dispositivo, descrevendo a experiência como um fator de “segurança psicológica”. Este feedback positivo vem de um atleta renomado, solidificando a proposta da Hippos como uma solução viável não apenas para profissionais, mas também ampliando seu escopo para trabalhadores em setores de construção civil e também para a população idosa.
Em um mercado onde as soluções existentes tendem a ser limitadas a dispositivos tradicionais de suporte ou assistência pós-lesão, a Hippos se posiciona como uma intrigante alternativa. Concorrentes como a DonJoy (da Enovis), que se concentra em órteses ortopédicas, e a Shock Doctor, famosa por equipamentos esportivos, não têm oferecido tecnologia preditiva ou reativa semelhante à que a Hippos apresenta. Além disso, a proposta de Shaw não apenas preenche uma lacuna importante na proteção dos joelhos, mas também se alinha com uma tendência crescente de tratar a prevenção de lesões como prioridade, ao invés de apenas focar em reabilitação. Assim, a Hippos Exoskeleton se mostra como uma inovadora e promissora solução frente a um desafio que aflige tantos atletas e trabalhadores ao redor do mundo.
