Com a crescente popularidade do revival da série “Frasier”, muitos fãs começam a refletir sobre o caminho que os roteiristas estão traçando para o psicólogo Dr. Frasier Crane. Agora que o público está imerso na segunda temporada, o episódio 8, intitulado “Thank You, Dr. Crane”, serve como um divisor de águas, indicando que é hora de mudar o foco das tramas e deixar de lado o enredo universitário que, até então, dominava a narrativa. O retorno emocional de Frasier a Seattle destaca a necessidade de restaurar o icônico segmento de chamadas do programa de rádio, algo que, sem dúvida, representa a essência da série.

No final da primeira temporada do revival, Frasier estabelece uma nova vida em Boston, incluindo a presença do filho Freddy e um novo grupo de apoio. No entanto, a série decidiu resgatar alguns rostos familiares do passado de Frasier na pacífica e nostálgica Seattle. Essa viagem, realizada com a inseparável Roz, não só proporciona uma visão do que Frasier representa para os ouvintes, mas também traz à tona a ideia de que sua contribuição como educador em Harvard não fez tanto sentido quanto se esperava. O que era para ser uma nova era na vida de Frasier, com aulas e interação com alunos da prestigiada universidade, parece mais uma irritante distração do que uma valiosa adição à sua trajetória.

Vale ressaltar que a constante revisão do personagem Frasier e seu papel como professor nunca se encaixaram perfeitamente em sua história. A narrativa que gira em torno de sua vida acadêmica é, em última análise, superficial e uma tentativa forçada de fazer jus à imagem do renomado psiquiatra que o público aprendeu a amar. Embora a primeira temporada tenha se esforçado para integrar a experiência de Frasier na sala de aula, resultou apenas em tentativas sem brilho de conectá-lo ao mundo acadêmico, sem explorar o que realmente faz Frasier ser quem ele é: um comunicador natural, um homem que prospera em ambientes onde pode ajudar os outros a resolver seus problemas.

O episódio mais recente, “Thank You, Dr. Crane”, revela finalmente o que aconteceu com Niles Crane, interpretado por David Hyde Pierce, mas, ironicamente, o que era para ser uma inclusão emocionante se torna um exemplo do quanto a ausência de personagens importantes pode enfraquecer a narrativa. Frasier ainda é mostrado na faculdade, mas sua interatividade com os alunos e seu envolvimento em turmas e palestras são quase inexistentes. Ele aparece mais como um visitante do campus do que como um educador, levantando a questão de se esse enredo realmente faz sentido. O ato de ser um professor em Harvard continua a parecer mais um rótulo do que uma verdadeira parte da história de Frasier.

No entanto, o que realmente destaca o episódio é o retorno a KACL, estação de rádio onde Frasier fez seu nome. Ao sentar-se novamente em sua velha cadeira e dizer as memoráveis palavras, “Este é o Dr. Frasier Crane. Estou ouvindo”, sentimos uma onda de nostalgia que poderia servir como um ponto de partida para reviver o segmento de chamadas. Esse retorno a suas raízes não apenas é nostálgico, mas também respira vida em um personagem que, por um tempo, pareceu estar à deriva nas águas turvas da narrativa acadêmica. A interação com os ouvintes e a capacidade de ajudar as pessoas com suas questões pessoais sempre foram as qualidades que definiram Frasier, tornando sua ausência desse cenário algo inaceitável.

Com a presença de Carol Burnett como a última chamada especial em Seattle, este encerramento poderia ser considerado um exemplo ideal de como o legado do Dr. Frasier Crane poderia ser revitalizado. O que os roteiristas da Paramount+ devem considerar é que, ao trazer de volta este formato, eles possivelmente darão a pluralidade que o personagem tanto precisa. Ao invés de se prender a um enredo de professoria que não corresponde ao seu verdadeiro caráter, seria mais eficaz juntar Frasier e Roz novamente para criar um podcast ou um programa de rádio com foco em saúde mental. De volta a Boston, esses dois poderiam trabalhar juntos para oferecer um novo tipo de suporte à comunidade, reforçando o papel essencial que Frasier desempenha ao ajudar os outros.

Assim, resta esperar que esta segunda temporada tome novas direções, abandonando tramas que não se alinhavam com a essência do personagem. O retorno ao rádio está se mostrando não apenas uma opção viável, mas a escolha mais lógica. Afinal, Frasier Crane não é apenas um educador, mas um verdadeiro conselheiro que sempre teve muito a oferecer aos que o ouvem. É hora de deixar os papéis secundários de lado e redescobrir a mensagem que fez de Frasier uma série tão icônica.

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