Na terça-feira, o gabinete de segurança de Israel votou para aprovar um acordo de cessar-fogo no Líbano, conforme informado por um oficial israelense a uma fonte de notícias. Esse movimento pode sinalizar o fim de mais de um ano de conflitos transfronteiriços com o Hezbollah, além de meses de uma guerra em larga escala que causou a morte de milhares de pessoas. O acordo imediato surge em um momento crítico, após uma escalada significativa de ataques que Israel realizou, incluindo bombardeios em Beirute, que visaram áreas centrais da cidade, longe de seus tradicionais objetivos nas periferias dominadas pelo Hezbollah. Essa mudança estratégica não apenas intensificou as hostilidades, mas também acendeu novas esperanças de paz.

Embora ainda não tenha sido feito um anúncio oficial, acredita-se que a cessação das hostilidades por um período de 60 dias visa implementar a Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU. Este texto foi adotado para acabar com a guerra de 34 dias entre Israel e Líbano em 2006, que estabeleceu um período de relativa calmaria na região por quase duas décadas. Esse intervalo calmo chegou ao fim logo após o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro do ano passado, momento em que Hezbollah atacou em apoio, iniciando mais de um ano de conflito contínuo que impactou ambos os lados da fronteira.

A Resolução 1701 estipulou que Israel deveria retirar suas forças do sul do Líbano e que apenas o exército libanês e as forças de manutenção da paz da ONU poderiam estar presentes na região ao sul do rio Litani. Uma conquista simbólica aconteceu na terça-feira, quando soldados israelenses chegaram ao rio Litani pela primeira vez desde que as operações terrestres da Israel começaram no Líbano em setembro. Contudo, antes da votação, Israel intensificou drasticamente seus ataques em Beirute. De acordo com o Ministério da Saúde do Líbano, pelo menos 10 pessoas foram mortas durante os bombardeios na parte central da cidade, um desdobramento que levanta questões sobre as reais intenções por trás do acordo de cessar-fogo.

Em um discurso televisionado pré-gravado na noite de terça-feira, o Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu afirmou que o Hezbollah “não é mais o mesmo” após a ofensiva israelense, o que o levou a buscar um cessar-fogo. Ele expressou três razões principais para essa mudança de estratégia: primeiro, para permitir que Israel se concentre na “ameaça iraniana”; segundo, para reabastecer as forças e equipamentos militares do país, que, segundo Netanyahu, foram comprometidos devido a “grandes atrasos” no fornecimento de armas e munições; e terceiro, para deixar o Hamas isolado em Gaza, sem a capacidade do Hezbollah de apoiá-lo em um conflito.

Apesar da aparente relevância desse acordo, ele ainda é visto com ceticismo, principalmente entre grupos mais extremistas da coalizão de Netanyahu e entre os muitos civis que foram deslocados pela guerra. O Ministro de Segurança Nacional de direita, Itamar Ben Gvir, chamou o acordo de “erro histórico” e um fracasso em cumprir o objetivo principal da guerra, que segundo ele deveria ser trazer os israelenses deslocados de volta para suas casas no norte. Munido de retórica ardente, Ben Gvir e outros líderes da coalizão expressaram forte hesitação em relação à decisão, temendo que a paz provisória não resista a longas pressões externas.

Além disso, o descontentamento não se limitou apenas a figuras políticas. Prefeitos das comunidades mais ao norte de Israel manifestaram indignação em relação à possibilidade de aprovação do acordo, com um deles descrevendo-o como um “acordo de rendição” e uma “desgraça em escala histórica”. Avihay Shtern, o prefeito de Kiryat Shmona — um local onde o fogo do Hezbollah forçou muitos residentes a deixarem suas casas — fez um clamor emocional aos líderes israelenses, pedindo que parassem e pensassem sobre as crianças da cidade antes de aprovar o acordo de cessar-fogo. Em uma postagem nas redes sociais, ele expressou sua confusão sobre como Israel passou de uma vitória absoluta para um estado de rendição.

Em meio à turbulência política e humanitária, Netanyahu reforçou que Israel responderá “com vigor” se o Hezbollah violar o acordo e tentar rearmar-se. Ele declarou que, se houver tentativas de reconstruir infraestrutura terrorista ou lançar ataques, Israel “atacará”. A pergunta que permanece, no entanto, é se a nova proposta de cessar-fogo resultará em uma paz duradoura ou se outros conflitos regionais, como o que envolve a Palestina, continuarão a gerar tensões e novos ciclos de violência. Esse acordo é um passo significativo, mas a paz no Oriente Médio não é uma meta simples e requer esforços contínuos e pacíficos de ambos os lados para garantir um futuro sem conflitos.

Essa história foi atualizada com novos desenvolvimentos.

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