O mundo dos cinéfilos muitas vezes se transforma em um campo de batalha de opiniões sobre as mais variadas produções, e o diretor de jogos Hideo Kojima não hesitou em se juntar a essa discussão. Conhecido pela sua visão singular e por obras cinematográficas como Metal Gear Solid 4 e Death Stranding, Kojima recentemente exprimiu suas impressões sobre a sequência do polêmico filme Joker, intitulado Joker: Folie à Deux. Seu comentário provocador via Twitter levanta questões sobre o futuro da percepção pública sobre a obra, que atualmente se encontra em meio a críticas negativas e uma performance decepcionante nas bilheteiras.

No dia 4 de novembro, Kojima fez uma publicação comentando que teve a oportunidade de assistir à sequência de Joker, cuja estreita e temida recepção parecia encaminhá-la ao mesmo sombriamente infame destino do seu predecessor. O filme enfrenta desafios, mesmo após estar disponível para streaming logo após um fim de semana de abertura horrendo. As críticas, predominantemente negativas, descrevem a narrativa como uma drama jurídico enfadonho, o que contrastava fortemente com a recepção do primeiro filme, que se tornou um fenômeno cultural. Contudo, apesar das fábricas de opinião do público, Kojima acredita que o futuro será mais gentil com o filme.

O diretor fez questão de expressar que apreciou especialmente o primeiro segmento animado da obra, além de destacar o que chamou de “meta-perspectiva” da narrativa. Durante seu relato, Kojima colocou em voga questões intrigantes que permeiam a trama do filme, focando na dualidade da identidade do personagem central: “Na [audiência do filme], a questão das suas múltiplas personalidades é debatida do início ao fim. É o Joker Arthur? É o Joker uma outra personalidade (sua sombra)? Quem exatamente é Arthur?” As inquietações levantadas na trama da sequência ressaltam a busca pela verdade do personagem, o que, segundo ele, oferece uma rica experiência para o público em um momento em que tão frequentemente somos bombardeados por narrativas de “justiça poética”.

Ao jovens apaixonados por filmes e vilões, Kojima lança uma provocação: “Na narrativa anterior, foi realmente o Joker que cativou o público ao redor do mundo? Ou foi Arthur?” A ironia dessa questão se desdobra em um momento onde o cinema apresenta uma laundry list de filmes focados em vilões e anti-heróis, e sugere que talvez estejamos testemunhando a ascensão de uma nova era onde essas figuras possam ser vistas sob uma nova luz. Feralizadores de conflitos de moralidade, questionando as estruturas consideráveis de bem e mal, e skatvanando a linha tênue que os separa de quem identificamos como heróis.

Diante da controvérsia que envolve as quedas abruptas nas classificações e os índices de aprovação do público, Kojima continua a argumentar que a verdadeira essência de Joker: Folie à Deux ainda está por vir à tona, e não deve ser descartada. Ele também é otimista quanto à possibilidade de que, ao longo de uma ou duas décadas, a “reputação” do filme evoluirá de maneira significativa. Sua esperança se reflete na crença de que a inovação estética e a profunda introspecção do filme têm potencial para emergir como um clássico cult, mesmo que atualmente enfrentem um adverso clamor popular: “Pode demorar algum tempo para que isso realmente se transforme em um verdadeiro ‘folie à deux’. Mas não há dúvida de que todos na plateia amaram Joaquin Phoenix e Gaga neste filme.”

Com um toque de ironia, Kojima conclui sua análise instigante convidando o público a revisitar sua postagem em uma década para verificar se, talvez à luz de um novo entendimento, o amor por Joker: Folie à Deux será genuinamente celebrado. A curiosidade que ele manifesta leva-nos a ponderar: realmente, o que nos aguarda em termos de apreciação e crítica ao longo do tempo? Pode haver uma transformação sob a ışe da evolução cultural e crítica, ou Joker 2 se manterá como uma obra controversa?

À medida em que a cultura cinematográfica evolui, o diálogo em torno de obras como Joker: Folie à Deux revela a complexidade da narrativa e a profundidade dos personagens em um cinema que, por vezes, encontra dificuldades em se libertar das amarras do preconceito crítico. As palavras de Hideo Kojima, portanto, não são apenas um eco em uma onda de críticas atuais, mas um convite à reflexão sobre o que a arte é e o que pode vir a ser para as futuras gerações, bem como o papel dos vilões na construção de uma nova narrativa. Portanto, a recomendação é que abracemos a discussão abrangente que a obra de Joker: Folie à Deux é, e certamente será, tão curiosa quanto instigante.

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