A Agitação do TechCrunch Disrupt 2024 em São Francisco
O ambiente de expectativa em torno da tecnologia está em seu auge durante o evento TechCrunch Disrupt 2024, realizado em São Francisco. É um dos poucos lugares onde os serviços de veículos autônomos da Waymo estão disponíveis ao público, gerando discussões fervorosas entre os especialistas do setor. Pegah Ebrahimi, cofundadora e sócia-gerente da FPV Ventures, destacou que essa frenética empolgação sobre o futuro imediato da inteligência artificial e dos carros autônomos é um fenômeno comum em eventos do tipo. “As pessoas ficam realmente entusiasmadas com o que pode acontecer daqui a 10 anos, e desejam que isso ocorra imediatamente. A realidade, no entanto, é que a perfeição leva tempo para ser alcançada”, comenta Ebrahimi, lembrando que o que está realmente em jogo no presente é que o serviço da Waymo é, por vezes, mais lento e caro que concorrentes como a Uber.
O Fenômeno das Redes Sociais e o Impacto na Percepção do Consumidor
O entusiasmo em torno do Waymo durante o evento é um claro exemplo da dinâmica da hype: as pessoas tendem a se envolver mais com o que pode vir a ser do que com a experiência atual. As mídias sociais desempenham um papel vital nesse sentido, de acordo com Natalie Sportelli, diretora da Bullish. Durante a sua participação no evento, Sportelli observou como a animação da internet e a cobertura da mídia amplificam a expectativa em relação a produtos voltados ao consumidor. No entanto, não são apenas experiências futurísticas que se beneficiam dessa estratégia. Harry Tannenbaum, fundador da Mill, uma empresa de “lixeira tecnológica”, é um exemplo de como até mesmo um produto aparentemente banal pode conquistar uma base de fiéis seguidores nas redes sociais, contando atualmente com mais de 80.000 admiradores no Instagram. “Convidamos as pessoas a mergulharem na lixeira conosco”, brinca Tannenbaum, enfatizando a importância de criar conteúdo que seja interessante e que gere engajamento, superando a simples busca por cliques pagos.
A Revolução Verde da Tecnologia de Resíduos
A Mill não apenas aperfeiçoa a gestão de resíduos, mas também se posiciona como uma solução sustentável no combate ao desperdício alimentar. Seus recipientes possuem uma tecnologia que desidrata materiais compostáveis, transformando-os em resíduos que podem ser utilizados para jardinagem ou como alimentação para aves. Embora tecnologias de gerenciamento de lixo possam não parecer glamourosas à primeira vista, o potencial de Mill como uma tecnologia verde é significativo, principalmente se conseguir atingir uma faixa de preço acessível ao consumidor médio, uma vez que seu custo atual gira em torno de US$ 360 por ano.
Conectando-se com os Consumidores: A Chave para Superar a Hype
Sportelli enfatiza que, para tirar proveito da antecipação gerada pela hype, o essencial é construir relacionamentos duradouros com os clientes. “Uma coisa que definitivamente aprendi em todas as minhas carreiras é que as pessoas continuam a amar e a comprar de você se realmente apreciam a experiência do produto”, explica. Isso se aplica tanto a produtos de beleza, como o famoso sabonete facial da Glossier, quanto a um um recipiente de lixo, ilustrando que a experiência do consumidor é fundamental, independentemente da categoria do produto. “Isso também é aplicável a software B2B, como minha prestadora de 401(K), a Guideline; eu amo a experiência que eles oferecem”, completa Sportelli.
A Importância da Solução de Problemas Acima da Hype
Em meio a este ciclo frenético envolvendo a inteligência artificial, algumas empresas se precipitam a gritar para os investidores que estão “potencializadas por IA”, enquanto outras adotam uma abordagem mais discreta. Por exemplo, o uso de inteligência artificial na lixeira da Mill é uma funcionalidade que acaba não sendo notada inicialmente; no entanto, a empresa utiliza essa tecnologia para detectar quando há alimentos suficientes no recipiente para dar início ao processo de desidratação.
Como investidora, Ebrahimi expressa que a sua preocupação vai além do burburinho que cerca as inovações. “Se você realmente está solucionando um problema, você não se apega a toda a questão da hype — você simplesmente apresenta a questão que está resolvendo. Não se trata de escutar sobre a hype, mas sim de saber o que você está resolvendo e se consegue fazer isso de forma eficiente”, conclui.
Portanto, enquanto a agitação em torno do futuro da tecnologia nos fascina e nos faz sonhar, a essência da verdadeira inovação reside na capacidade de resolver problemas reais de maneira eficiente e sustentável. E, no final das contas, é isso que manterá as empresas relevantes e os consumidores engajados.