A Índia, já reconhecida como um ponto brilhante no universo das ofertas públicas iniciais (IPOs), apresentou um desempenho surpreendente em um ano que viu outras grandes economias lutarem para manter suas listagens de tecnologia. Com mais de 20 startups se preparando para debutar no mercado em 2025, o país se destaca como um exemplo positivo em um cenário global sombrio. A expectativa é que essa onda crescente de IPOs transforme ainda mais a paisagem do mercado financeiro indiano.
Entre as empresas que planejam se listar estão importantes nomes do setor de tecnologia e inovação, como a Inframarket, uma plataforma de mercado B2B; a CaptainFresh, dedicada ao fornecimento do campo para o consumidor; e a UrbanCompany, um marketplace de serviços profissionais. Outros participantes notáveis incluem a Bluestone, no varejo de joias, e a OneAssist, atuando na segurança digital, além do varejista Magicpin. Startup de comércio rápido, Zepto, e provedores de espaço de trabalho, Table Space, também estão nos planos de abertura de capital, assim como a Ofbusiness, uma plataforma de bens industriais.
Com a inclusão de empresas como Rebel Foods, a empresa de logística Porter, a plataforma de e-commerce Meesho e o app de investimentos Groww, o panorama em 2025 parece promissor. Os dados revelam que 12 startups, incluindo sete no setor tecnológico, já realizaram IPO no ano de 2024, confirmando a Índia como a única grande economia a apresentar um crescimento contínuo em listagens na última década, segundo informações da Pitchbook.
Enquanto isso, o desempenho do mercado de IPOs em outros países se resume a um cenário bastante desfavorável. Nos Estados Unidos, apenas 22 IPOs respaldados por capital de risco foram registrados até agora, um número semelhante aos 21 do ano passado, e que fica distante dos 53 do auge em 2020. Na China, a queda também é evidente, com 56 IPOs em 2023, comparados aos 117 em 2022. Na Europa, a competitividade é crescente, mas com apenas um IPO a mais que a Índia e o escasso movimento do Reino Unido em 2024, em que não foram realizadas listagens tecnológicas.
Analistas da Morgan Stanley até comentaram que “os mercados de IPO têm se aberto mais lentamente do que esperávamos em março”, refletindo as dificuldades enfrentadas por muitos unicórnios que ainda lutam para se tornar lucrativos. Em contraste com essa realidade, O IPO de $1,35 bilhão da plataforma de entrega de comida Swiggy neste mês representa a maior lista global de tecnologia no ano, segundo análise do JPMorgan.
Conforme declarado por Anand Daniels, parceiro da Accel, a Índia está rapidamente se solidificando como um centro promissor para os IPOs tecnológicos, impulsionada por sólidos mercados de capitais e um ecossistema inovador em desenvolvimento. “O crescimento é significativo, especialmente em termos de liquidez, que realmente se multiplicou em relação ao crescimento do mercado,” afirmou Abhinav Bharti, chefe de mercados de capital próprio do JPMorgan na Índia. Ele destacou que a capitalização do mercado cresceu, de aproximadamente $2,6 trilhões em 2019, para cerca de $5,3 trilhões atualmente, e a liquidez diária triplicou de $5 bilhões para $15 bilhões.
As preparações para o IPO estão surgindo em um momento de desaceleração nas operações do mercado privado, com uma pressão adicional dos investidores de capital de risco levando as startups a reavaliar as altas avaliações de 2021. Quando indústrias engajadas na inovação, como Zepto e TableSpace, se preparam para se listar, é claro que muitas empresas estavam apressadas em se tornar “prontas para IPO” e agora estão se preparando para a sua grande estreia.
Perspectivas positivas são acompanhadas de desafios. O crescimento das empresas de tecnologia na Índia ainda é restrito, uma vez que atualmente representam menos de 20% do índice Nifty 50, em comparação com a participação de mais de 50% das empresas desse tipo no índice S&P 500. Ademais, entrar na bolsa não é garantia de segurança futura, uma vez que alguns dos startups que se abriram ao público recentemente podem não ter amadurecido o suficiente ou provado que seus modelos de negócios são defensáveis. Bharti expressou preocupação sobre o euforia em torno das listagens, adiantando que “a pressa para listar antes que as empresas estejam suficientemente maduras pode levar a exercícios arriscados”. Dessa forma, embora a Índia esteja à beira de uma nova era de IPOs, cabe aos investidores e fundadores garantirem que essa jornada de crescimento seja sustentável e financeiramente saudável.