A educação de qualidade é um direito de todos, mas para muitas crianças da comunidade surda, o acesso a conteúdos didáticos adequados tem sido um desafio constante. A falta de habilidades de alfabetização, que historicamente afeta esse grupo, persiste como um obstáculo significativo. Dados do National Center for Special Education Research indicam que as taxas medianas de alfabetização dos graduados surdos do ensino médio permanecem em um nível equivalente ao da quarta série desde o início do século XX. Para agravar a situação, a Introdução de conceitos de STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) na educação das crianças surdas traz à tona novas dificuldades, já que o vocabulário relacionado a esses temas é limitado na Língua de Sinais Americana (ASL).

Com a intenção de enfrentar essas barreiras, a startup ASL Aspire, com sede em Illinois, surgiu como uma solução inovadora e foi um dos destaques no Startup Battlefield 200 da TechCrunch Disrupt. Seu enfoque? A gamificação da educação em STEM. A cofundadora e COO da ASL Aspire, Ayesha Kazi, enfatiza a importância de criar uma plataforma que permita um aprendizado descomplicado e inclusivo para jovens surdos, oferecendo possibilidades que antes eram escassas.

ASL Aspire está comprometida em colaborar com cientistas e matemáticos surdos para padronizar o vocabulário em ASL relacionado a STEM, desenvolvendo currículos que possam ser integrados nas aulas existentes. Embora a startup tenha sido oficialmente lançada em 2022, seu trabalho se estende desde então ao desenvolvimento de materiais didáticos que abrangem desde o jardim de infância até o 12º ano. Também são oferecidas opções para estudantes do ensino médio, que muitas vezes ficam atrás de seus colegas ouvintes em termos de aprendizado, conforme Kazi menciona.

A ideia de criar a ASL Aspire nasceu durante os anos de faculdade de Kazi e sua cofundadora, Mona Jawad, na Universidade de Illinois, Urbana Champaign. Jawad, atualmente no doutorado em ciências da fala e audição, percebeu, ao trabalhar em um laboratório com cientistas surdos, que havia uma lacuna enorme no ensino de STEM. “Aproximadamente 10% dos americanos são surdos ou têm dificuldades auditivas, mas apenas cerca de 0,1% estão em campos relacionados a STEM”, destaca Kazi, ressaltando a necessidade urgente de aumentar a representação dessa comunidade nas ciências e tecnologias.

Juntamente com a pesquisa amplamente disponível sobre como ensinar STEM de forma eficaz a crianças surdas, o que faltava era a implementação dessas ideias na prática educacional. Em 2021, Jawad decidiu convidar Kazi para unir forças e, mesmo sem saber o que esperar, começaram a jornada de fundar a empresa. A sorte estava ao lado delas, uma vez que contaram com o suporte da universidade, permitindo-lhes financiar pilotos e protótipos do aplicativo educacional, além de integrar suas metodologias escolares desde o início.

Até 2023, a ASL Aspire gerou resultados animadores com a realização de projetos pilotos em cinco escolas, impactando positivamente cerca de 200 crianças, predominantemente na Califórnia. Apesar de terem arrecadado 400 mil dólares em fundos de pesquisa, a startup enfrenta dificuldades para se conectar com os distritos escolares. “O período orçamentário é curto, geralmente de janeiro a março, e é complicado conseguir um espaço quando isso acontece”, lamentou Kazi, observando que a equipe precisa cuidadosamente sincronizar seus esforços para apresentar suas propostas de valor antes dessa janela abrir.

ASL Aspire também está colaborando com instituições educacionais renomadas, como o Houston Space Center e o St. Louis Zoo, ampliando ainda mais suas iniciativas. Para o próximo ano, há planos de direcionar os esforços para escolas residenciais para surdos em Fremont e Riverside, além de ambições futuras de expandir seu método de aprendizado baseado em jogos para além de STEM, abrangendo todas as disciplinas. “É uma batalha íngreme, mas no final vale a pena, porque você não está apenas ajudando uma criança… No final do dia, eu vou impactar 2.000 alunos que poderão utilizar nosso aplicativo,” conclui Kazi, refletindo sobre a multa do impacto que estão criando.

As iniciativas da ASL Aspire não só visam transformar a experiência educativa para as crianças surdas, mas também procuram abrir portas para um futuro em que mais indivíduos representam a comunidade surda nas áreas de ciência e tecnologia. Por isso, é essencial o apoio e a atenção de todos os envolvidos na educação inclusiva, para que possam, juntos, construir pontes que levem as crianças surdas a um futuro brilhante e promissor.

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