A startup dinamarquesa NitroVolt está transformando a maneira como os agricultores produzem o fertilizante que alimenta as plantações, ao introduzir uma tecnologia inovadora que utiliza energia renovável para criar amônia. Essa mudança não é apenas impactante para o meio ambiente, mas também representa uma resposta efetiva à necessidade de reduzir a dependência de processos tradicionais, como o Haber-Bosch, que têm sido a norma na indústria da fertilização por mais de um século. A história de sucesso de Suzane Zamany Andersen é um exemplo fascinante de como a inovação pode se entrelaçar com a sustentabilidade no setor agrícola.

Quando Suzanne organizou sua visita à importante produtora de hortaliças Koppert Cress, localizada na Holanda, ela estava disposta a apresentar sua invenção revolucionária. O que parecia um simples pitch se transformou em uma empolgante oportunidade, não apenas com a aceitação do sistema de produção de amônia que a empresa desenvolveu, mas também com a introdução a uma nova subsidiária de investimentos da empresa, a Division Q, que acabou efetuando um investimento na NitroVolt. Essa parceria representa um passo significativo para a empresa e para sua missão de ajudar agricultores a se tornarem mais sustentáveis e menos dependentes de fertilizantes convencionais, que têm um alto custo ambiental.

Após a instalação do dispositivo da NitroVolt, a Koppert Cress utilizará a amônia produzida não só para nutrir suas diferentes variedades de cress, mas também o calor gerado pela máquina para aquecer suas estufas. Esse recurso integra a visão da NitroVolt perfeitamente às necessidades operacionais da Koppert Cress, demonstrando sinergia entre inovação e agricultura. Segundo Andersen, a empresa destacou que essa colaboração representa uma combinação ideal de tecnologia e demanda.

Atualmente, a produção mundial de amônia depende fortemente do antigo processo Haber-Bosch, que consome grande quantidade de gás natural, um recurso não-renovável e poluente. Para empresas como a Koppert Cress, que se comprometeu a eliminar suas emissões de carbono até 2026, o desafio de tornar o fertilizante uma fonte limpa e sustentável é premente. Nesse cenário, startups como a NitroVolt vêm sendo um sopro de esperança, propondo alternativas que reduzem a pegada de carbono da agricultura.

O processo implementado pela NitroVolt começa com a divisão da água em moléculas de hidrogênio e oxigênio, enquanto o nitrogênio é derivado do ar. Em seguida, o hidrogênio e o nitrogênio são alimentados em uma câmara de reação onde o lítio assegura que a quantidade correta de hidrogênios se una a cada átomo de nitrogênio. O resultado desse processo é a amônia, um fertilizante nitrogenado amplamente utilizado em diversas culturas agrícolas.

Em um contexto onde a demanda por amônia é crescente, o primeiro agricultor a testar o sistema da NitroVolt será um produtor de colza na Dinamarca. De acordo com Andersen, esse agricultor confia plenamente na amônia, mas, notavelmente, a Dinamarca ainda não possui produção local de amônia, deixando muitos agricultores dependentes de longas viagens até a Polônia para adquirir o fertilizante. O entusiasmo do agricultor em relação à produção de amônia na própria propriedade é um sinal promissor de como a demanda por soluções inovadoras está em alta.

No entanto, a escassez de amônia não se limita apenas à Dinamarca. Regiões em toda a África, América do Sul e até partes do Canadá enfrentam o mesmo problema. Andersen menciona que os altos custos logísticos envolvidos na distribuição de fertilizantes de produção centralizada tornam esses mercados vulneráveis e carentes. A proposta da NitroVolt de estabelecer unidades de produção local representa uma resposta direta a essa lacuna no mercado.

O protótipo da NitroVolt está projetado para produzir cerca de 5 quilos de amônia por dia, com planos ambiciosos de aumentar essa capacidade para 150 quilos diários, o que é suficiente para atender uma fazenda típica na Dinamarca e nos Estados Unidos. O mais impressionante é que esta operação inovadora pode ser compactada dentro de um contêiner de transporte padrão de 20 pés, facilitando a implementação nas propriedades rurais.

Para fazer essa ideia se tornar uma realidade tangível, a NitroVolt garantiu um investimento inicial de €2,75 milhões, liderado pela BackingMinds e o fundo soberano dinamarquês EIFO. O sucesso da captação de recursos também contou com o apoio de Division Q, EQT Foundation e Satgana, demonstrando um forte apetite do mercado por inovações sustentáveis.

Andersen observa que, se os agricultores já dispuserem de energia renovável em suas propriedades, o sistema da NitroVolt poderá produzir amônia a um custo competitivo em relação ao que pagam atualmente. Com o aumento da adoção de fontes de energia limpa, a produção de amônia através de métodos eletricamente integrados pode se tornar ainda mais viável. O que antes parecia um desafio, agora se apresenta como uma clara oportunidade de evolução para o setor agrícola. Conforme os últimos três anos mostraram, mais da metade dos agricultores que a empresa contatou agora possui sistemas de energia solar ou ventos, provando que o setor está em um ponto de virada em direção à sustentabilidade.

Com isso, a NitroVolt não só desafia as normas estabelecidas da indústria, mas também mostra um caminho inovador para o futuro da agricultura, onde a sustentabilidade se torna uma parte essencial da operação diária de cada agricultor. O desenvolvimento de soluções como a de NitroVolt pode mudar a face da agricultura moderna, tornando-a mais verde, independente e tecnicamente avançada.

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