A recente campanha de Kamala Harris, que fez história ao trabalhar ativamente para reconquistar o apoio dos homens negros, ganhou destaque durante um comício em Atlanta, onde a vice-presidente esteve acompanhada do ex-presidente Barack Obama. Este evento marcou uma fase significativa da campanha de Harris, que expressou preocupação com a perda de apoio de um importante bloco eleitoral que tradicionalmente alavanca os sucessos do Partido Democrata nas eleições.
“Percebi que alguns homens parecem pensar que o comportamento de [Donald] Trump é um sinal de força. Isso, no entanto, não é real força”, declarou Obama, sem hesitar em nomear e chamar atenção dos homens negros, que, segundo ele, estariam caindo nas artimanhas de Trump’s.
Desde a participação de Barack Obama, a campanha de Harris intensificou suas estratégias, com pesquisas mostrando que, em um contexto geral, Harris tinha o apoio de 73,8% dos eleitores negros na Geórgia, enquanto Donald Trump contava com apenas 7,6%. No entanto, essa vantagem não deve ser subestimada, pois as tendências indicam uma dériva perigosa. Nesta campanha, o apoio entre os homens negros foi registrado em 70% em comparação com 83% entre as mulheres negras, o que mostra um descompasso que pode ser preocupante.
Com a proximidade das eleições, um recente levantamento da NBC News revelou que a corrida entre Harris e Trump está extremamente acirrada, com ambos os candidatos empatados em 48% entre eleitores em potencial. Na realidade, a posição da campanha de Harris se tornou precária, uma vez que qualquer voto desviado representa um problema significativo. Como candidata do partido, ela enfrenta a complexa tarefa de manter uma ampla coalizão de apoio entre negros e latinos, o que tem mostrado sinais de tensão à medida que Trump e os republicanos conseguem conquistar espaço com a classe trabalhadora.
Simultaneamente, Harris também precisa apelar a um novo segmento de eleitores, a classe média universitária, a qual, pelos relatos, está em declínio. A campanha lançou um plano denominado “Oportunidade Econômica para os Homens Negros”, que é um marco inédito na história eleitoral dos EUA, destinado a abordar as necessidades e preocupações específicas desse bloco. Desde que assumiu o palco na Convenção Nacional Democrata em agosto, Harris tem enfatizado a ideia de criar uma economia de oportunidades, detalhando seu compromisso com a criação de empregos por meio de colaborações entre trabalhadores e pequenas empresas.
A proposta, lançada em 14 de outubro, foi a primeira do tipo que se concentrou especificamente nas demandas dos homens negros. Nas palavras de **Michael Ealy**, famoso ator e ativista, essa abordagem revolucionária fez com que eles se sentissem “vistos” pela primeira vez. Ao longo das últimas semanas, uma série de celebridades negras e líderes de indústria têm se envolvido em eventos para aumentar a participação e visibilidade de Harris entre homens negros, realizando reuniões, eventos em barbearias e negócios locais para estabelecer uma conexão direta e pessoal.
Um aspecto importante das interações da campanha tem sido sessões nomeadas “Shop Talk” e “Black Men Huddle”, criadas para proporcionar um diálogo autêntico sobre questões muitas vezes negligenciadas. Os esforços foram concentrados em estados-pivô, como Wisconsin, Michigan, e, claro, Geórgia. Os nomes das figuras envolvidas refletem a excelência negra nos EUA e incluem **Tyler Perry**, **Spike Lee**, e** John Legend**, entre muitos outros. Contudo, críticos argumentam que a campanha pode estar dependendo demais do glamour das celebridades, questionando se isso realmente ressoa com a eletiva geometricamente crescente e diversificada.
Ao mesmo tempo, o líder da **Win With Black Men**, **Quentin James**, vê uma mudança positiva nas pesquisas. Recentes dados da NAACP mostraram que o apoio de homens negros abaixo de 50 anos a Trump caiu de 27% para 21%, enquanto a intenção de voto em Harris subiu de 51% para 59%. Nestes termos, a verdadeira questão é se a narrativa de uma transição de apoio dos homens negros para Trump é fundamentada ou se as mudanças observadas se traduzirão efetivamente nas urnas em 5 de novembro.
As estratégias de Harris sufocam à medida que ela se esforça para reter um eleitorado que desconfia dos procedimentos políticos tradicionais, tornando esse um momento crucial da história eleitoral. No final, tudo se resume a um apelo sincero à ação e à esperança de mudança, já que a narrativa de Harris se apresenta como a convidativa “carta de amor aos homens negros na forma de políticas”.