Em uma movimentação significativa no mercado de baterias, a Lyten, uma promissora startup do Vale do Silício, anunciou hoje a aquisição de ativos de fabricação da Northvolt, uma fabricante sueca que não está passando por um bom momento financeiro. Essa transação surge em meio a uma série de desafios enfrentados pela Northvolt, que inclui a necessidade urgente de levantar capital e a perda de contratos importantes.
detalhes da aquisição e seus impactos no setor de baterias
No âmbito do acordo, a Northvolt irá vender equipamentos de produção que foram herdados pela empresa em sua aquisição de 2021 da Cuberg, outra startup especializada em baterias. Além disso, a Lyten assumirá o contrato de locação da antiga instalação de fabricação da Cuberg, localizada em San Leandro, Califórnia. A startup se comprometeu a investir a quantia de 20 milhões de dólares no próximo ano para expandir suas instalações em San Leandro e aprimorar suas operações existentes em San Jose.
Embora os detalhes financeiros específicos do acordo ainda não tenham sido divulgados, a transação é um passo importante para ambas as empresas. A Lyten, por sua vez, se destaca por sua abordagem inovadora na fabricação de baterias. Ao contrário de muitos concorrentes, que dependem de materiais como níquel, cobalto e manganês, a startup está utilizando uma combinação de enxofre barato e abundante misturado em uma matriz de grafeno para seus materiais de cátodo. No lado do ânodo, a empresa não faz uso de grafite, cuja exportação da China enfrenta restrições. Essa tecnologia oferece células com uma densidade energética superior em comparação com os modelos tradicionais de níquel-manganês-cobalto, além de garantir custos de produção mais baixos em relação aos fosfatos de lítio-ferro de baixo custo.
os desafios enfrentados pela northvolt e futuras perspectivas
No entanto, a Northvolt está enfrentando dificuldades significativas. A empresa tem lutado para aumentar sua produção de baterias de íon de lítio e recentemente falhou em entregar um pedido considerável da BMW, que levou a montadora a anular um contrato de 2 bilhões de euros. Para economizar recursos, a Northvolt anunciou em agosto o fechamento de sua unidade de pesquisa e desenvolvimento na instalação da Cuberg, resultando na demissão de quase 200 funcionários. Em setembro, a empresa comunicou a demissão de mais 1.600 funcionários, correspondente a cerca de 20% de sua força de trabalho, além de suspender duas expansões de fábricas planejadas. Nesse cenário, é incerto se as medidas de contenção de custos e a transação com a Lyten serão suficientes para a Northvolt sobreviver ao próximo ano. Recentemente, a Bloomberg reportou que a empresa precisa levantar quase 1 bilhão de dólares para garantir sua sustentabilidade, tendo suas operações queimando aproximadamente 100 milhões de dólares por mês.
Enquanto a Northvolt enfrenta uma queda acentuada em suas operações, a Lyten parece estar em ascensão. A startup com sede em San Jose planeja iniciar a construção, no próximo ano, de uma nova fábrica em Nevada com uma capacidade planejada de 10 gigawatts-hora. Quando concluída, essa instalação de 1 bilhão de dólares produzirá baterias de lítio-enxofre destinadas a veículos de micromobilidade, como patinetes e bicicletas elétricas, bem como aplicações em defesa e espaço, como drones e satélites. A empresa espera que a nova fábrica entre em operação em 2027.
A aquisição dos ativos da Cuberg, por parte da Lyten, proporciona à empresa os equipamentos e o espaço necessários para produzir até 200 megawatts-hora de baterias de lítio-enxofre na área da Baía. Essa capacidade deve gerar alguma receita enquanto se prepara para a inauguração de sua maior fábrica em Nevada. Até o momento, a Lyten levantou 476 milhões de dólares com uma avaliação de 1,17 bilhão de dólares, incluindo uma rodada de 200 milhões de dólares que foi concluída no ano passado.
Através dessa transação, a Lyten não só fortalece sua posição no mercado de baterias, mas também contribui para um futuro mais sustentável, alicerçado em tecnologias inovadoras e materiais abundantes. A saga da Northvolt nos faz refletir sobre os altos e baixos da indústria, onde cada movimento pode definir o futuro das empresas e, consequentemente, de seus produtos no mercado.