O mundo do entretenimento continua a dar passos significativos em direção à inclusão, e a experiência de Marissa Bode no set de ‘Wicked’ é uma prova disso. A jovem atriz, que se tornou a primeira usuária genuína de cadeira de rodas a interpretar Nessarose, irmã mais nova de Elphaba no aguardado filme, destacou como a equipe de produção e o diretor Jon M. Chu criaram um ambiente acessível e seguro, permitindo que ela se concentrasse apenas em seu desempenho no papel. Essa iniciativa serve não apenas para enfatizar a importância da representação no cinema, mas também para mostrar que uma verdadeira mudança é possível quando se pergunta às pessoas com deficiência sobre suas necessidades.

Um ambiente inclusivo e acolhedor no set de filmagens

A inclusão de Marissa Bode no elenco de ‘Wicked’ não foi resultado de um mero acaso. Ela participou de um processo de seleção aberto e passou por várias audições até conseguir o papel. A cantora e atriz, de 24 anos, destacou em entrevista que a equipe liderada por Chu estava sempre atenta e disposta a ouvir suas necessidades, o que a fez sentir-se valorizada e respeitada. Para ela, a experiência foi tão positiva que ela mal consegue lembrar de desafios relacionados à sua deficiência durante as filmagens.

Um dos pontos-chave para garantir esse ambiente favorável foi a presença de Chantelle Nassari, uma coordenadora de acessibilidade que também é usuária de cadeira de rodas. Sua função incluía visitar os sets antes da chegada de Bode e antecipar qualquer eventual problema que pudesse surgir em relação à mobilidade, permitindo que os ajustes necessários fossem feitos antes que a atriz precisasse enfrentá-los. A presença de uma coordenadora especializada, assim como o diálogo aberto com a equipe, estimulou Bode a explorar suas emoções de forma autêntica e vulnerável durante as filmagens, algo que não é sempre garantido em um ambiente de trabalho tão intenso.

Um exemplo a ser seguido na indústria

A atriz não hesitou em enfatizar que esse modelo de acessibilidade deve se tornar uma prática padrão na indústria do entretenimento. Um dos momentos que mais a marcou foi a construção de um trailer personalizado, que incluía dispositivos como portas ativadas por voz, uma cozinha acessível e até um espaço para maquiagem adaptado. Para Bode, essa atenção aos detalhes serve como um exemplo claro de que, com a vontade e a preparação adequadas, é possível criar ambientes inclusivos que permitam a todos brilharem em suas performances. “Eu sei que há uma maneira de tornar, talvez não tudo, mas uma quantidade significativa de coisas acessíveis se você realmente quiser e realmente fizer as perguntas certas às pessoas com deficiência”, comentou Bode, reforçando a importância do diálogo e da sensibilização.

A inclusive é uma caminhada que deve ser feita por todos, não apenas por aqueles que possuem alguma limitação. Marissa acredita que a verdadeira mudança começa com a educação e a conscientização sobre deficiência. Para que a indústria do entretenimento abrace essa transformação, ela destaca que é fundamental que pessoas sem deficiência se esforcem para entender o que significa criar um ambiente de trabalho verdadeiramente inclusivo. Não se trata apenas de abrir portas físicas, mas de abrir espaços para vozes e histórias que frequentemente são ignoradas.

Para Bode, viver essa experiência como uma atriz em ‘Wicked’ vai muito além de sua própria trajetória; é um chamado à ação para toda a indústria. Ela acredita firmemente que a acessibilidade deve ser considerada em todas as esferas, desde a produção até a distribuição. “Precisamos de comunidade. Precisamos que as pessoas sem deficiência tornem seus espaços acessíveis”, conclui, lembrando da importância de cultivar um entendimento mútuo entre crianças com e sem deficiência desde a infância, para que cresçam sabendo que ninguém deve ser julgado por suas limitações.

O futuro da inclusão na indústria do entretenimento

Com a recente estreia de ‘Wicked’, Bode espera que sua experiência inspire outros criadores e profissionais da área a adotarem práticas inclusivas em seus projetos. Ela também faz um apelo ao público, convidando as pessoas a se informarem sobre deficiência e acessibilidade. Marissa brincou, sugerindo que uma simples pesquisa no Google pode abrir portas para um entendimento mais profundo e empático sobre a diversidade nas experiências humanas.

“Talvez simplesmente tire um tempo do seu dia para aprender sobre as diversas deficiências”, sugeriu, com um sorriso, sabendo que a mudança de mentalidade é um processo contínuo e necessário. O documentário ‘Crip Camp’, que aborda o movimento pelos direitos das pessoas com deficiência, foi uma de suas sugestões valiosas para quem deseja se aprofundar no tema e promover um diálogo construtivo. Ela reforça que a representatividade é fundamental, mas não é a solução única para os desafios enfrentados pelas pessoas com deficiência.

Por fim, Marissa Bode deixou uma mensagem poderosa para seus colegas de profissão, especialmente para aqueles que são deficientes. “Você é talentoso. Saiba que nunca é por causa de sua deficiência — nunca coloque essa carga em suas limitações”. A nova adaptação de ‘Wicked’ está disponível nos cinemas, e com ela, abre-se um capítulo que, espera-se, será repleto de inclusão, respeito e celebração da diversidade.

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