A morte de uma filhote de panda vermelho no zoológico de Edimburgo, atribuída ao estresse causado por fogos de artifício, levanta preocupações significativas sobre o bem-estar animal e a necessidade de revisitar as políticas relacionadas ao uso desses explosivos no Reino Unido. A filhote, chamada Roxie, tinha apenas três meses e faleceu em 5 de novembro, um dia conhecido como Bonfire Night, onde fogos de artifício iluminam o céu noturno em uma celebração histórica que remonta ao fracasso da Conspiração da Pólvora em 1605. Este trágico evento não só comoveu os amantes da vida selvagem, mas também reacendeu o debate sobre a regulamentação do uso de fogos de artifício, especialmente em áreas onde animais estão expostos a esses sons assustadores.
Após a realização de uma análise pela Royal Zoological Society of Scotland (RZSS), ficou claro que Roxie tornou-se tão estressada pelos barulhos provocados pelos fogos que acabou sufocando ao vomitar. Ben Supple, o vice-diretor executivo da RZSS, informou que a filhote estava se recuperando bem sob os cuidados especializados oferecidos pela equipe do zoológico e que estava se alimentando de forma independente antes da fatalidade. A situação se torna ainda mais dolorosa ao considerar que a mãe de Roxie, Ginger, havia falecido apenas cinco dias antes, talvez igualmente afetada pelo estresse ocasionado pelos fogos de artifício. Supple compartilhou que Roxie tinha acesso a um espaço seguro dentro do zoológico, no entanto, o barulho intenso pareceu ser excessivo até mesmo para esse ambiente protegido.
A morte de Roxie não é um caso isolado; a RZSS observou que incidentes semelhantes ocorreram anteriormente, incluindo a morte de um filhote de zebra que também sucumbiu ao pânico induzido por fogos em um zoológico em Bristol em 2020. A perda de Roxie, uma espécie classificada como em perigo de extinção, simboliza não apenas a tragédia de um ser vivo, mas também uma chamada à ação em defesa do bem-estar dos animais, que frequentemente não têm como escapar da condição de estresse induzido por eventos de fogos de artifício.
Diante dessa tragédia, a RZSS está liderando um apelo por restrições mais rígidas sobre o uso de fogos de artifício, destacando o risco que representam para os animais, incluindo pets e gado. Foi lançado uma petição pública que já conta com mais de 1 milhão de assinaturas, solicitando ao governo britânico que tome medidas para proteger a fauna local. Essa posição é refletida em análises de organizações de bem-estar animal, como a RSPCA, que também relatou respostas alarmantes de mais de 13.000 pessoas sobre o comportamento de seus animais em relação aos fogos de artifício. A ideia de permitir que fogos de artifício sejam utilizados apenas em eventos organizados e controlados foi proposta como um meio de proteger os animais enquanto se mantém a tradição de celebrações festivas.
Atualmente, existem legislações que restringem o uso de fogos de artifício em certas horas, mas muitos defendem que essas regras não são suficientes para proteger adequadamente os animais. Um inquérito parlamentar realizado em 2019 concluiu que proibir a venda pública de fogos pode ser ineficaz e ter um impacto econômico significativo, mas recomendou explorar limites de ruído e limitar a quantidade de exibições particulares.
A dor causada pela morte de Roxie ressoa nas comunidades que se preocupam com os impactos dos fogos de artifício. Um porta-voz do Departamento de Negócios e Comércio do Reino Unido expressou suas condolências e ressaltou o compromisso do governo em manter a segurança pública, indicando que campanhas de segurança em torno do uso de fogos têm sido lançadas com o intuito de educar as pessoas sobre a utilização segura e responsável desses produtos explosivos.
Com a pressão crescente sobre os legisladores e a população, a discussão sobre a proteção dos animais e o uso de fogos de artifício não é apenas relevante, mas urgentemente necessária para evitar mais tragédias no futuro. Enquanto isso, muitas esperam que Roxie nunca seja esquecida e seu legado possa levar a mudanças significativas que protejam outros animais, garantindo que a diversão não prevaleça sobre o bem-estar da vida selvagem.