A busca por um café gelado perfeito é uma obsessão que muitos compartilham, mas reproduzir a experiência que se encontra em uma cafeteria, com tudo o que isso envolve, pode se mostrar uma tarefa bastante desafiadora. Enquanto o café gelado preparado em casa tende a perder sua qualidade rapidamente, tornando-se aguado e amargo, empresas renomadas como Nestlé e Keurig estão decididas a mudar essa percepção, investindo fortemente em inovações que prometem trazer a experiência do café de qualidade para o conforto de nossas casas.

Nos últimos anos, as máquinas de café de servir único, simbolizadas pelos produtos da Keurig, se tornaram item comum nas residências. Contudo, a patenteira de cafés não se contenta em fazer parte da cozinha de milhões de consumidores e agora busca atrair esses clientes de volta, da trendy cafeteria para suas próprias cozinhas. Este ano, a Keurig Dr Pepper lançou uma máquina inovadora dedicada especificamente à produção de café gelado, prometendo uma bebida “tão fria quanto as cafeterias” em menos de três minutos, ao preço de $199. O novo produto utiliza tecnologia avançada para oferecer bebidas com sabor intenso que evitam o indesejado aguamento proveniente de cubos de gelo derretidos.

Por sua vez, a Nestlé, que detém marcas famosas como Nespresso e Nescafé, está se dedicando a desenvolver “soluções completas” voltadas para os consumidores que desejam preparar cafés frios em casa. Recentemente, a Nescafé introduziu um concentrado de espresso, que foi lançado na Austrália e na China, ideal para ser servido sobre gelo, proporcionando a facilidade de fazer um latte ou um americano sem a necessidade de habilidades de barista. O novo produto promove a ideia de que nenhum conhecimento especial é necessário para se deliciar com um café de qualidade. Além disso, a Nestlé tem se aventurado em criar misturas de Starbucks voltadas para café gelado, novos modos de preparação nos aparelhos Nespresso para bebidas geladas, e uma espuma fria para o Coffee-mate.

Porém, apesar do esforço das marcas em criar alternativas que espelhem a qualidade das bebidas das cafeterias, a realidade é que o café gelado caseiro continua a enfrentar desafios. Especialistas afirmam que a superioridade dos cafés gelados de cafeterias se deve a diversas variáveis técnicas, que incluem as diferentes proporções de café utilizadas na preparação, que superam de longe os insumos das cápsulas encontradas nos dispositivos de uso doméstico. A extração inadequada dos grãos, em tentativas de melhorar o sabor, pode resultar em um café amargo. Isso ocorre porque, ao contrário do que se vê nas cafeterias, onde o método cold brew demora horas para ser produzido, as máquinas de uma cápsula oferecem um tempo de preparo significativamente menor.

Há também um contexto econômico a ser considerado. O mundo do café enfrenta um desafio considerável com a ameaça de aumentos nos preços, impulsionados por fatores climáticos que podem drasticamente reduzir a produção global. Em um relatório divulgado durante o verão, a Organização Internacional do Café (OIC) informou que o Índice Composto de Preços do Café atingiu seu nível mais alto em treze anos, com uma média de 226,83 centavos, equivalente a aproximadamente $2,27 por libra.

Embora a pressão econômica seja um fator que impacta tanto empresas como consumidores, há um otimismo em relação ao potencial do mercado de cafés gelados. Com consumidores americanos cada vez mais buscando reproduzir bebidas sofisticadas em casa, principalmente em meio a um clima de incerteza econômica, as empresas parecem convencidas de que vale o investimento. Em um comunicado, a Nestlé anunciou que o café foi o principal motor de crescimento da empresa durante os primeiros nove meses do ano, destacando uma tendência que se mostra em ascensão.

Com o aumento do culto ao café em casa, especialmente entre os consumidores mais jovens, a cultura do “café em casa” tem crescido consideravelmente. Jennifer Creevy, diretora da WGSN para Alimentos e Bebidas, assinalou que essa mudança de comportamento se justifica tanto por pressões financeiras quanto pela vontade de personalizar a experiência de consumo. Os jovens optam por ingredientes premium que refletem suas personalidades e criatividade, aproveitando a oportunidade de se tornarem “baristas” em suas próprias casas.

Conforme as preferências do consumidor evoluem, a Nestlé também observa uma mudança nos motivos pelos quais as pessoas consomem café. Em 2023, o desejo de indulgência superou o apelo da cafeína como a principal razão para beber café, um fato que promete impulsionar ainda mais o crescimento do consumo de cafés gelados e bebidas frias.

Concluindo, embora a batalha para replicar a experiência de uma cafeteria em casa ainda não esteja ganha, tanto a Nestlé quanto a Keurig estão investindo pesado para que a proposta de café gelado caseiro não apenas exista, mas também se torne uma alternativa viável e desejável. Uma coisa é certa: o mercado de café continua em evolução e, com a demanda crescente por bebidas geladas, é evidente que as marcas estão determinadas a atender a esse novo e vibrante perfil de consumidor.

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