A principal ideia que permeia os planos elaborados pelas organizações de notícias para cobrir a noite eleitoral de 2024 é a ênfase na transparência. Esta abordagem é uma resposta ao que ocorreu nas eleições de 2020, onde a necessidade de clareza e acurácia nos resultados se tornou evidente.
Cientes das falhas cometidas há quatro anos, os canais de televisão estão desenvolvendo maneiras inovadoras para não apenas apresentar os números, mas também esclarecer como esses dados foram obtidos e o que realmente significam. As lições aprendidas após a contagem em Arizona feita pela Fox News e pela Associated Press em 2020 ainda ressoam nas redações, levando todos a entender que a precisão das chamadas pode desencadear consequências sérias e impactar campanhas políticas.
De acordo com relatos de executivos e apresentadores, todos concordam que a abordagem do passado não é mais suficiente em um mundo onde uma única chamada pode desestabilizar uma campanha. O ex-membro do time de decisões eleitorais da Fox News, Chris Stirewalt, que agora atua na NewsNation, enfatiza a importância de mostrar aos espectadores o processo e os dados que fundamentam as chamadas feitas pelos canais.
Para a noite de eleições, espera-se que a transparência se manifeste de duas maneiras principais: diálogos com os cientistas de dados envolvidos e o uso de tecnologia, juntamente com habilidades narrativas tradicionais, para desmistificar os dados apresentados. Serão utilizadas ferramentas de análise de dados em telas sensíveis ao toque, que se tornaram um novo padrão, assim como a popular ‘Magic Wall’ da CNN, que agora é replicada por diversas redes.
Os jornalistas e apresentadores, como John King da CNN e Bill Hemmer da Fox, estarão prontos para explicar os resultados ao vivo. Enquanto o especialista Steve Kornacki, também conhecido por sua ‘Kornacki Cam’, funcionará como um recurso visual e interativo, mostrando resultados de uma forma acessível e atraente. Essa abordagem permitirá que a audiência entenda a complexidade da situação eleitoral enquanto ela se desenrola.
A transparência não se restringe à tela. As redes estão cada vez mais focadas em disponibilizar conteúdos que expliquem o processo eleitoral também fora da televisão. A CNN, por exemplo, oferece uma versão de seu “Magic Wall” em seu aplicativo, permitindo que os usuários interajam com os dados de forma dinâmica. Da mesma forma, a NBC está se empenhando para fornecer conteúdos explicativos e engajadores em plataformas sociais para alcançar audiências em diferentes canais.
Neste contexto, a inclusão de especialistas envolvidos no processo de chamada em tempo real terá um papel crucial. Na Fox News, por exemplo, Bret Baier afirmou que estão preparados para trazer consultores de dados a fim de discutir decisões em momentos críticos, especialmente quando os resultados parecerem incompletos ou inconclusivos.
Entretanto, a questão mais relevante a ser abordada é: toda essa transparência será suficiente para engajar a audiência? No entanto, a realidade é que estamos diante de um ambiente de mídia fragmentado, onde as escolhas de conteúdo personalizados estão à disposição. Portanto, a forma como os espectadores reagirão a essa nova abordagem continua uma incógnita.
Como os dados são apresentados influenciará como a audiência percebe a credibilidade das redes. No dia da eleição, metade do público elegerá um vencedor, enquanto a outra metade enfrentará a perda. Neste sentido, a transparentização do processo eleitoral pode ter o poder de acalmar os temores, ou levá-los a procurar fontes que reforcem suas convicções prévias.
Desta forma, a expectativa é que as redes se superem em suas estratégias para garantir que a essência da notícia chegue clara e precisa. Diga-se de passagem, que esse será um verdadeiro teste para todas elas, onde a aplicação da transparência poderá fazer a diferença na forma como serão percebidas por um eleitorado que, mesmo em meio a tensões e incertezas, ainda busca informações confiáveis sobre o futuro político do país.