Chris Wright, defensor do fracking, alia-se a startups de energia limpa e nuclear

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou no último sábado sua intenção de nomear Chris Wright, atual CEO da Liberty Resources, uma proeminente empresa de serviços de perfuração de petróleo, para o cargo de secretário de energia. Esta escolha, que promete marcar um novo capítulo na gestão energética do país, levanta uma série de discussões sobre os rumos da política energética americana, especialmente em um contexto em que a transição para fontes de energia mais limpas se torna cada vez mais urgente.

Chris Wright é conhecido por suas fervorosas opiniões a favor da indústria do petróleo e gás. No ano passado, em sua posição na Liberty, ele desconsiderou a existência de uma crise climática, desacreditando as evidências apresentadas pela maioria dos cientistas do clima que alertam sobre os impactos negativos do aquecimento global. Além disso, Wright negou que o mundo esteja passando por uma transição energética significativa, argumentando que o aumento nos preços da energia é consequência de políticas que favorecem fontes de energia limpa. Esta visão contrasta com dados que mostram a estabilidade dos preços do petróleo desde 2010 e uma queda de 50% nos preços do gás natural, ressaltando o desafio de sua narrativa.

Entretanto, o novo indicado não é completamente avesso à tecnologia climática. Ao reconhecer que o clima está mudando e que os níveis do mar estão subindo, Wright demonstra um entendimento mais matizado do problema. Em 2022, a Liberty fez um investimento significativo na Fervo Energy, uma startup de geotermia avançada, participando de uma rodada de investimento de US$ 138 milhões. A Fervo utiliza tecnologia de fracking, originalmente desenvolvida para a perfuração de poços de petróleo e gás, para reduzir os custos da energia geotérmica, um campo que, embora menos convencional, está ganhando atenção dentro do debate energético.

Além de seu papel na Liberty, Wright tem associação com a Oklo, uma startup de energia nuclear que é dirigida por Sam Altman, conhecido por seu trabalho na Y Combinator. A Oklo se tornou uma empresa pública em 2023, utilizando o método SPAC (Special Purpose Acquisition Company) para acelerar sua entrada no mercado. Apesar das dificuldades enfrentadas para conseguir a certificação de suas novas tecnologias de reatores pela Comissão Reguladora Nuclear, a Oklo viu seu valor de ações crescer consideravelmente nas últimas semanas, à medida que os investidores exploram novas oportunidades no setor energético, especialmente para data centers que demandam energia de forma eficiente.

Caso sua nomeação seja aprovada pelo Senado, Chris Wright terá sob sua responsabilidade uma ampla gama de atribuições no Departamento de Energia, que incluem desde testes de armas nucleares até a supervisão de laboratórios nacionais e programas de eficiência energética. Uma de suas responsabilidades mais significativas será a supervisão do Escritório de Programas de Empréstimos, que oferece garantias de empréstimos para grandes projetos de infraestrutura relacionados à energia. Embora startups em estágios iniciais não sejam diretamente impactadas por quaisquer mudanças no LPO, estas garantias funcionam como uma luz no fim do túnel, proporcionando suporte crucial para que essas novas empresas possam obter financiamento privado para escalar suas tecnologias e levar suas inovações ao mercado.

Atualmente, o LPO detém cerca de US$ 35 bilhões em seu portfólio, a maior parte voltada para projetos relacionados à tecnologia climática, incluindo usinas solares de grande escala, parques eólicos e instalações de captura de carbono. A crescente preocupação com as mudanças climáticas e a necessidade de transitar para uma matriz energética mais sustentável fazem com que o papel de Wright, se confirmado, possa ser crucial para moldar tanto o futuro imediato do setor de energia nos Estados Unidos quanto as suas políticas relacionadas à eficiência e inovação. Portanto, a expectativa gira em torno das diretrizes que o novo secretário poderá implementar, potencialmente equilibrando interesses da indústria tradicional de combustíveis fósseis com a emergência de novas tecnologias limp as que visam mitigar as consequências das mudanças climáticas.

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