A Apple recentemente lançou uma nova atualização de software para seus iPhones, introduzindo uma funcionalidade de segurança inovadora que reinicia o aparelho caso ele permaneça desbloqueado por um período superior a 72 horas. Essa informação foi revelada por pesquisadores de segurança que investigaram a súbita reinicialização de alguns dispositivos em circunstâncias misteriosas. Este novo recurso, chamado de “reinício por inatividade”, tem gerado discussões acaloradas, especialmente entre as autoridades policiais e especialistas forenses que relatam dificuldades em acessar os dados dos aparelhos durante investigações.

Na semana passada, o site 404 Media chamou atenção para a preocupação de que muitas autoridades estavam testemunhando iPhones reiniciando de maneira inesperada. Os especialistas afirmaram que tal comportamento dificultava o acesso a informações cruciais durante investigações, pois a reinicialização poderia potencialmente apagar dados valiosos. Posteriormente, o site confirmou, citando diversos pesquisadores de segurança, que o sistema operacional iOS 18 possui essa nova funcionalidade. Essa descoberta levantou questões sobre a eficácia das ferramentas de extração de dados utilizadas por profissionais forenses.

Seguindo as investigações, na quarta-feira, Jiska Classen, um pesquisador do Hasso Plattner Institute, publicou um vídeo demonstrativo mostrando o funcionamento do recurso “reinício por inatividade”. No vídeo, a visualização da tela do iPhone evidencia que, se deixado sem desbloqueio por três dias, o dispositivo reinicia automaticamente. Classen usou suas redes sociais para compartilhar essa descoberta intrigante, ressaltando que o iOS 18 vem acompanhado de medidas de segurança aprimoradas contra furto. Essa funcionalidade não apenas protege os dados do usuário, mas também pode complicar o acesso de criminosos às informações que lançariam riscos à segurança.

A Magnet Forensics, uma empresa especializada em produtos de forense digital que inclui a famosa ferramenta Graykey para extração de dados de iPhones e Androids, também confirmou que o relógio para essa nova funcionalidade é de 72 horas. O “reinício por inatividade” efetivamente coloca os iPhones em um estado mais seguro, bloqueando as chaves de criptografia do usuário dentro do chip seguro do aparelho, tornando o acesso indevido quase impossível. Classen comentou em suas redes sociais que, mesmo que criminosos deixem o dispositivo ligado por um tempo prolongado, a capacidade de desbloquear o aparelho com ferramentas forenses obsoletas se torna bastante limitada. No entanto, ele alertou que, apesar dessa nova barreira de proteção, as autoridades ainda teriam tempo suficiente para coordenar suas ações, considerando que três dias é um intervalo significativo.

Os iPhones operam em dois estados distintos que podem impactar a capacidade de obrigações policiais, especialistas em forense ou até mesmo hackers de desbloquear dispositivos através da força bruta para adivinhar senhas ou explorar falhas de segurança. Os estados são conhecidos como “Antes do Primeiro Desbloqueio” (BFU) e “Depois do Primeiro Desbloqueio” (AFU). No estado BFU, todos os dados do iPhone estão completamente criptografados e quase impossíveis de acessar, a menos que a pessoa conheça a senha do usuário. Em contrapartida, o estado AFU permite que determinados dados fiquem não criptografados e, portanto, mais acessíveis para algumas ferramentas forenses, mesmo que o aparelho esteja bloqueado.

Um pesquisador de segurança, que se apresenta como Tihmstar, acrescentou que os iPhones nesses estados são referidos como dispositivos “quentes” ou “frios”. Ele apontou que muitos especialistas em forense focam em dispositivos “quentes” no estado AFU, já que em algum momento o usuário inseriu a senha correta, a qual é armazenada na memória do chip seguro do iPhone. No entanto, os dispositivos “frios” são muito mais difíceis de comprometer, pois sua memória não pode ser facilmente extraída após a reinicialização do aparelho.

Nos últimos anos, a Apple tem implementado uma série de novas funcionalidades de segurança que têm gerado controvérsia, particularmente entre as forças de segurança, que argumentam que essas inovações complicam ainda mais suas funções. Um dos episódios mais notórios ocorreu em 2016, quando o FBI processou a Apple em uma tentativa de forçá-la a desenvolver uma “porta dos fundos” para desbloquear o iPhone de um atirador em massa. Eventualmente, uma startup australiana chamada Azimuth Security ajudou o FBI a acessar o aparelho.

Até o momento, a Apple não respondeu a solicitações de comentários sobre essa nova funcionalidade de segurança e suas implicações sobre a privacidade de dados e medidas de segurança, permanecendo em silêncio enquanto o debate continua. Uma coisa é certa, com a introdução de novas barreiras de segurança, parece que a corrida entre tecnologia e segurança está longe de terminar, fazendo com que todos nós nos perguntemos: estamos realmente seguros ou essa é apenas mais uma armadilha tecnológica?

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