Nos bastidores da política americana, um novo capítulo se desenha em relação à imigração e à segurança nacional. Fontes próximas aos aliados do ex-presidente Donald Trump relataram que existe uma mobilização silenciosa para viabilizar a detenção e deportação em massa de imigrantes que residem nos Estados Unidos. Com Trump agora como presidente eleito, as ações que buscam implementar esse plano parecem estar prestes a ganhar impulso significativo, criando um cenário preocupante para muitos que desfrutam da vida no país.
A imigração sempre foi um dos pilares da campanha de Trump em 2024, onde promessas de deportação em larga escala se tornaram protagonistas dos discursos e debates. Ao contrário de sua ênfase inicial em um muro na fronteira durante a campanha de 2016, a abordagem atual destaca uma necessidade de aplicação rigorosa das leis de imigração internamente. A natureza dessa estratégia tem sido discutida extensivamente entre seus conselheiros e o setor privado, levantando questões cruciais sobre como essas políticas serão executadas e quais grupos serão particularmente afetados.
De acordo com Jason Miller, um assessor sênior de Trump, a prioridade no primeiro dia de governo será reinstituir as políticas de imigração de sua administração anterior, revertendo as diretrizes estabelecidas pelo presidente Joe Biden. As discussões iniciais entre a equipe de Trump incluem a remoção de imigrantes indocumentados que cometem crimes, mas um dos pontos sensíveis nas reuniões gira em torno da situação dos ‘Dreamers’. Essas pessoas, trazidas para os EUA ainda crianças, usufruem de proteções temporárias sob o programa Deferred Action for Childhood Arrivals (DACA), que pode ser afetado sob a nova administração.
O ex-diretor do Serviço de Imigração e Controle de Alfândega (ICE), Tom Homan, é um dos nomes cotados para liderar a reestruturação das políticas de imigração. Em entrevistas, ele tem enfatizado que as ações não resultarão em “varreduras em massa” ou em locais semelhantes a campos de concentração, esclarecendo que as detenções serão orientadas e baseadas em informações concretas sobre os indivíduos a serem alvo de ações.
desafios logísticos que podem complicar a implementação das políticas
Não obstante, o plano ambicioso levanta desafios substanciais de logística e execução. O setor privado tem participado de discussões contínuas sobre a infraestrutura necessária para sustentar a detenção de um número significativo de imigrantes. Questões como espaço em instalações de detenção e recursos financeiros são cruciais para o sucesso dessa operação em larga escala. Historicamente, tanto administrações democratas quanto republicanas enfrentaram dificuldades em garantir espaço suficiente para detenção devido a limitações de recursos.
O governo federal estabelece contratos com o setor privado para construir, operar e gerenciar instalações de detenção, além de colaborar com cadeias de condados, que atualmente representam uma parcela significativa da infraestrutura necessária. De acordo com um ex-diretor da ICE, menos de uma fração dos leitos disponíveis são de instalações de propriedade federal, e a maioria é gerida por contratantes privados. Portanto, o suporte do setor privado será fundamental para qualquer plano que visa deportar um número significativo de imigrantes.
Custos operacionais aumentaram substancialmente nos últimos anos, e foi estimado em 2016 que o custo médio para prender, processar e remover um imigrante indocumentado era de aproximadamente $10.900, com custos de transporte em torno de $1.978. Em tempos mais recentes, esses números apenas aumentaram, criando um desafio significativo para o planejamento orçamentário da nova administração, que terá que ser proativa na alocação de recursos.
expectativa positiva entre os agentes de segurança
Na esfera do Departamento de Segurança Interna (DHS), o clima é de expectativa misturada. Alguns oficiais relatam um ambiente de otimismo, sinalizando uma possível mudança significativa nas políticas de imigração com a posse de Trump. O contraste com as políticas da administração Biden, que, segundo críticos, lidou mal com as crises na fronteira ao longo dos últimos anos, sugere que muitos na DHS estão ansiosos para rever a abordagem do governo Trump.
Conforme as conversas avançam, as prioridades de financiamento e alocação de recursos estarão no centro das discussões. Há um consenso de que, para alcançar os objetivos estabelecidos, será necessário um “aumento de magnitude” nas operações da ICE, refletindo a necessidade de mais pessoal e infraestrutura para tratar dos casos que surgirão com um potencial aumento nas deportações.
Embora exista uma base de suporte dentro do DHS para um retorno a políticas mais rígidas, muitos membros da comunidade migrante e defensores dos direitos humanos permanecem alarmados com as implicações dessas possíveis reviravoltas nas políticas de imigração. A percepção de que o governo pode desapropriar os ‘Dreamers’ e impôr medidas mais severas é preocupante e colocou muitos em estado de alerta, à medida que se aproxima a possibilidade de um novo regime de imigração sob uma administração Trump.
No fim, a trama cuidadosamente urdida de preparativos para uma nova postura em relação à imigração nos EUA representa um fenômeno complexo, com questões de ética, política e logística entrelaçadas. À medida que os dias se aproximam da posse de Donald Trump, a nação observa com expectativa e apreensão o que será a próxima fase das políticas de imigração americana.