No cenário político atual, os republicanos no Capitólio estão se preparando para concretizar uma agenda ousada que poderá ter um impacto significativo no futuro da política americana. Com a expectativa de que tenham total controle sobre Washington no próximo mês de janeiro, há uma corrida contra o tempo para que os líderes do Partido Republicano consolidem as bases necessárias para implementar suas propostas. Este evento, que pode resultar em uma trifecta rara para os republicanos, leva os líderes partidários a acreditarem que a realização de suas ambições está cada vez mais próxima.

Ao contrário da vitória inesperada de Donald Trump em 2016, as lideranças da Câmara e do Senado republicanas têm se preparado meticulosamente nos últimos meses para essa possível “varredura” do GOP. Com isso em mente, já se começou a trabalhar na formulação de propostas significativas da administração Trump, que inclui um pacote econômico abrangente voltado para questões como impostos, política energética, segurança nas fronteiras e desregulamentação. Essas medidas são vistas como cruciais para revitalizar a economia americana e garantir a satisfação do eleitorado que ainda coloca suas esperanças em um governo republicano.

“Já começamos a trabalhar nisso porque percebemos como um aumento massivo de impostos seria prejudicial em 2026”, afirmou o senador republicano Ron Johnson, de Wisconsin, que é membro do Comitê de Finanças do Senado. A manutenção do controle da Câmara será decisiva para que a agenda de Trump seja colocada em prática. Contudo, as projeções para esta corrida eleitoral ainda são incertas, uma vez que votos permanecem sendo contados em várias corridas eleitorais. Entretanto, vitórias em estados-chave, como Pennsylvania e Michigan, têm alimentado a esperança entre os líderes do partido de que um controle total do governo está ao seu alcance, com republicanos confiantes em manter sua maioria apertada.

O presidente da Câmara, Mike Johnson, que tem consolidado sua posição através da aproximação com Trump, já discutiu com o presidente eleito as realizações que podem ser alcançadas com a maioria republicana. Prosseguindo com esse esforço, Johnson e sua equipe passaram meses realizando reuniões de políticas com líderes dos comitês e stakeholders do Senado. Esses encontros visam moldar as diretrizes para legislações que podem ser aprovadas no Congresso sem a necessidade de votos democratas, semelhante à abordagem usada pelo presidente Joe Biden com os democratas há dois anos.

Entretanto, apesar do controle unificado do Partido Republicano, desafios significativos ainda estão à frente. Entre eles, a matemática política: de acordo com avaliação de republicanos na Câmara, mesmo que mantenham a maioria, ela não será confortável. Johnson, que provavelmente permanecerá no cargo de presidente da Câmara, terá à sua disposição apenas algumas margens para manobra. A atual maioria apertada já foi marcada por divisões internas e obstáculos que dificultam a implementação de políticas unificadas.

Um fator a ser destacado é que a vitória de Trump proporciona um novo ímpeto à sua agenda dentro dos círculos republicanos. Um republicano expressou essa mudança de forma contundente, afirmando que a conferência da Câmara se tornou de fato mais “trumpiana” nos últimos quatro anos, à medida que a influência de Trump sobre o partido se fortaleceu. “O Congresso controlado pelos republicanos fará um trabalho muito melhor sob a presidência de Trump, pois sabemos que ele tem um mandato do grupo mais diversificado de americanos já reunidos”, ressaltou o deputado republicano Tim Burchett.

Recentemente, Johnson formalizou sua candidatura à presidência da Câmara com uma carta endereçada aos legisladores republicanos. Nessa carta, ele descreveu como os republicanos na Câmara pretendem trabalhar em estreita colaboração com Trump para atender às expectativas da população. Johnson destacou que para “realmente fazer a América grande novamente”, será necessário começar a entregar resultados para os cidadãos desde o primeiro dia. Para isso, os republicanos têm se esforçado ao longo do último ano para estarem prontos com uma lista de prioridades de políticas conservadoras que podem ser alcançadas em conjunto com seus colegas do Senado, ao lado da nova administração Trump.

Um indicativo do intenso diálogo prévio entre Trump e seus aliados no Congresso inclui a expectativa de que duas figuras importantes próximas a Trump, Mark Meadows e Steve Bannon, informem os republicanos sobre as transições em breve. Os líderes republicanos sonham com um novo pacote fiscal significativo, visto que muitas disposições tributárias devem expirar ao final de 2025. Além disso, está em discussão a possibilidade de reverter partes da famosa Lei de Redução da Inflacção do presidente Joe Biden, um abrangente projeto econômico e climático que os democratas aprovaram durante seu governo entre 2021 e 2022.

No âmbito do Comitê de Finanças da Câmara, os republicanos têm realizado reuniões em grupos de trabalho buscando mudanças a serem implementadas na política fiscal vigente. A deputada republicana de Nova York, Nicole Malliotakis, firme nesse compromisso, afirmou que “faz sentido começar cedo e fazer nossa lição de casa”. A estratégia de mensagens do GOP, que ataca os democratas sobre o custo de vida, crime e segurança nas fronteiras, tem mostrado resultados positivos em corridas eleitorais cruciais, estimulando os legisladores a perseguir uma agenda focada nesses assuntos.

A possibilidade de uma maioria de 53 ou 54 assentos levará os republicanos a adotarem uma postura ativa. Um assessor do Senado mencionou a disposição do GOP em fazer o máximo possível caso obtenham pleno controle. Outras pautas como as duras propostas de imigração dos republicanos da Câmara, que estavam estagnadas, podem encontrar espaço novamente, ainda que enfrentem forte resistência do lado democrata e da Casa Branca.

Superar as barreiras de um pacote legislativo robusto em uma Câmara dividida não será uma tarefa simples, mesmo que os republicanos dominem todos os aspectos do poder. Os republicanos precisarão vencer obstáculos de natureza processual, uma vez que cada proposta de legislação precisa ser aprovada seguindo as regras orçamentárias do Senado, que limitam o que pode ser incluído em legislação não orçamentária.

Internamente, os republicanos tomaram como exemplo a estratégia implementada pelos democratas em sua luta pela aprovação de leis nos últimos dois anos. Biden e a então presidente da Câmara, Nancy Pelosi, formaram uma coalizão delicada, garantindo que havia algo que beneficiasse a todos os envolvidos. “Aprendemos muitas lições com os democratas. Como você aprova um projeto de lei importante? Assegure-se de que todos recebam um pedacinho”, disse um assessor sênior do GOP, evidenciando a importância de entregar resultados que agradem diferentes alas do partido.

O governo federal e a estratégia de financiamento do governo possuem a atenção de Johnson e de sua equipe de liderança do GOP. Antes do fim do atual Congresso, Johnson terá que unir sua maioria extremamente desigual diante da batalha orçamentária que se aproxima, marcada para ocorrer pouco antes do Natal, onde os democratas provavelmente buscarão oportunidades de assegurar vitórias políticas caso os republicanos mantenham a câmara.

Por enquanto, não está claro se Johnson tentará finalizar esse projeto de lei de gastos durante a sessão que termina — o que facilitaria o caminho para a nova administração Trump — ou se adiará essas negociações para a próxima sessão do Congresso, quando os republicanos podem controlar ambas as câmaras. O embalo que esta possível vitória conferiu aos republicanos poderá provocar reações internas, conforme a homenagem ao ex-presidente tomará espaço nos discursos e decisões. Marjorie Taylor Greene, uma influente aliada de Trump, declarou que os republicanos que obstruíram o progresso do ex-presidente em seu primeiro mandato não terão a chance de fazê-lo novamente.

Neste contexto, o futuro está repleto de possibilidades e incertezas, e muitos, tanto da oposição quanto do governo, estarão atentos aos passos futuros de Johnson e dos republicanos no Congresso diante da iminência de mais mudanças e desafios por vir.

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