Quando se fala sobre o icônico personagem james bond e suas várias encarnações ao longo das décadas, muitas vezes se remete a cenários cheios de glamour, espionagem e ação desenfreada. No entanto, o que poucos sabem é que, após a saída de Roger Moore na década de 1980, houve uma tentativa de revitalizar a série que poderia ter levado o agente secreto britânico a uma nova direção, uma direção que muito se assemelha a uma famosa franquia de aventuras: indiana jones. Uma ideia que vem à tona agora, através de um roteiro não produzido de richard maibaum e michael g. wilson, revela um bond menos experiente e mais alicerçado em um cenário de aventura na selva. E convenhamos, o que eles tinham em mente mais lembrava os filmes de indiana do que a sutil, mas letal abordagem pela qual bond se tornou famoso.
Após a apresentação de “A View to a Kill”, onde Moore enfrentou críticas por seu envelhecimento, a produtora precisava, urgentemente, fazer uma transição. O objetivo inicial era apresentar um captain bond mais jovem e em seus primeiros passos na carreira de agente secreto. Entre as ideias, o roteiro envolvia bond se aventurando em uma missão na ásia, fazendo parceria com um agente mais experiente, o então 007, que serviria de figura mentor. O antagonista seria um warlord chamado Kwang, que operava dentro do que é conhecido como o triângulo dourado, famoso por sua conexão com o tráfico de drogas e armas.
Cabe destacar que a proposta não era apenas um rascunho, mas uma aventura ambiciosa envolvendo exploração, tesouros perdidos e conflitos em um cenário igualmente exótico e perigoso, onde a busca por ouro e o aspecto de um tomb raider se interligavam numa trama que parecia mais apropriada ao estilo de indiana jones do que ao característico sophistication de bond. O roteiro, com enredo que incluía uma batalha final em uma tumba, levantava questões sobre a identidade do personagem e se o público aceitaria um bond em fase de aprendizado, ainda mais após a recepção morna de “Young Sherlock Holmes”, que explorou conceitos semelhantes, mas não deslanchou comercialmente.
Por muito que a ideia tenha fascinado, o produtor albert r. broccoli decidiu que o projeto seria descartado, considerando que o público poderia rejeitar a ideia de um rookie bond ainda aprendendo a lidar com o mundo do espionagem. Curiosamente, a ironia é que, anos depois, sua filha, barbara broccoli, trouxe à vida um bond em uma origem plena com “Casino Royale” — uma obra-prima que acabou se tornando extremamente bem-sucedida e aclamada, reafirmando o apelo do personagem que já havia vivido por décadas. Ao refletir sobre o caminho não trilhado, é interessante notar como um filme estilo indiana jones poderia ter trazido uma nova vida à série, mas ao mesmo tempo, corria o risco de resultar em uma sátira involuntária ou até mesmo em alguma das bizarrices que acompanharam a franquia mais tarde, como “Die Another Day” ou “Moonraker”.
The bond franchise tem sido um pilar do cinema de ação desde sua criação por ian fleming e continua a atrair públicos com suas promessas de emoção, espionagem e romances ardentes. No entanto, nos dias de hoje, é essencial analisar como a adaptação das ideias e conceitos de gênero podem criar resultados variados, sendo mais crucial do que nunca entender a linha que separa a homenagem às origens e a necessidade de inovação. Se aquele filme tivesse sido feito, como seria a percepção do público sobre bond no contexto atual? Uma reflexão provavelmente complexa e interessante, mas uma certeza permanece: bond sempre será intrinsecamente entrelaçado com uma narrativa de intriga, glamour e ação que cativa milhões pelo mundo.
Por tudo isso, fica a pergunta: o que seria de bond sem o seu charme inconfundível e as tramas que o tornaram um ícone do cinema? Às vezes, talvez seja bom deixar as ideias não realizadas no fundo da gaveta, onde podem sonhar. Afinal, a primeira vez que bond saiu do papel, transformou-se em um ícone mundial, mantendo sempre um espaço especial na memória da sétima arte.