O renomado artista marcial e figura icônica do cinema de Hong Kong, Sammo Hung, aos 72 anos, participou de uma masterclass no Tokyo International Film Festival, onde compartilhou histórias fascinantes de sua carreira de sete décadas. Com sua sabedoria e humor característicos, ele delineou como sua jornada no cinema começou na infância e a evolução que viveu desde então, sempre com um bastão à mão, por conta dos desafios da idade.
Sammo nasceu em uma família ligada às artes, e sua trajetória no show business começou precocemente, aos nove anos, na China Drama Academy, uma escola de Ópera de Pequim em Hong Kong. Com um histórico de treinamento rigoroso, ele ficou mais versátil e apto para as complexidades do ofício, capaz de executar virtualmente qualquer movimento. “O treinamento era enganadoramente severo, mas foi o que nos preparou para os desafios que viriam”, disse Hung, refletindo sobre suas inícios audaciosos.
Reconhecido por seu talento em combinar ação com comédia, Sammo brilhou ao integrar elementos humorísticos em seus longas-metragens. Um destaque de sua carreira foi a luta com Bruce Lee em Operação Dragão, que se tornou um clássico do cinema. A abrupta morte de Lee em 1973 deixou uma marca significativa na indústria e em Hung, que considerou o amigo como uma grande inspiração. “Foi uma perda devastadora, não apenas para nós, em Hong Kong, mas para o mundo todo. Bruce era um gigante e sua partida deixou um vazio irreparável”, lembrou.
Um exemplo de seu talento e inovação foi o filme O Mongol de Punhos de Ferro, que estabeleceu um novo padrão de comédia dentro do gênero de artes marciais. “Decidimos que queríamos trazer mais expressão cultural e trabalhar com o dialeto cantonês, o que foi revolucionário para a época”, comentou. As influências de seus filmes continuaram a ecoar, inspirando gerações de cineastas e estrelas, incluindo o célebre Jackie Chan.
Nos anos 90, apesar de uma desaceleração na carreira, ele se destacou na televisão americana como protagonista da série Martial Law, a qual se tornou um fenômeno, além de ser uma das raras produções com um ator asiático no papel principal em uma grande rede de televisão. Com seu carisma e habilidade, Sammo conquistou a audiência, mesmo enfrentando barreiras linguísticas que, às vezes, tornavam o diálogo desafiador. “Sinto que o idioma é uma barreira que poderíamos quebrar, mas foi uma experiência rica”, refletiu, rindo das dificuldades que encontrou em seu caminho.
O retorno aos filmes para a nova geração veio com seu papel em Ip Man 2, onde a cena icônica de luta de mesa com Donnie Yen se tornou viral. Durante a masterclass, Hung expressou sua empolgação em trabalhar com Yen, elogiando seu talento. “Não foi difícil trabalhar com Donnie; nós nos entendemos bem. Ele é incrivelmente talentoso e o resultado foi magnífico”, contou ele, arrancando risos e aplausos da platéia ao afirmar que, “Donnie é incrível, mas sou eu quem fica ainda mais impressionante”.
Assim, Sammo Hung continua não apenas a ser um ícone do cinema, mas também uma fonte de inspiração para sucessivas gerações de cineastas e artistas marciais. Com uma carreira repleta de desafios e conquistas, sua história reflete a evolução do cinema de artes marciais e a influência indelével que ele exerceu nesse gênero que tanto amamos. O futuro parece promissor, com Hung prontamente convidado a compartilhar sua mente criativa em projetos novos, sempre fiel às suas raízes e à rica tradição que ajudou a moldar.