A onda de aumento das taxas de juros tem feito com que as empresas busquem economias em diversas áreas. No entanto, uma questão continua a ser uma carga significativa no orçamento: a observabilidade. Esse termo refere-se à prática de coletar e compreender dados e sistemas, e se estabelece como a segunda maior despesa em nuvem que uma organização enfrenta, somente atrás da provisão de serviços em nuvem. Há quem chame isso de crise de custos de observabilidade, sustentada por relatos como o da Coinbase, que desembolsou nada menos que US$ 65 milhões em sua fatura com a Datadog. Diante desse cenário complicado, entender a importância e os altos custos da observabilidade se torna uma prioridade.
Mas por que a observabilidade é tão dispendiosa e, ao mesmo tempo, vital para as operações das empresas? A resposta reside na complexidade das arquiteturas em nuvem e dos microservices, que certamente vieram para ficar. Com questões de segurança e interrupções de serviços se tornando cada vez mais comuns, as equipes de operações precisam acessar dados de observabilidade para garantir que os sistemas funcionem corretamente.
dash0 surge como alternativa inovadora no mercado
Com a intenção de abordar esses desafios financeiros, uma nova startup denominada Dash0 está fazendo sua estreia no cenário de observabilidade. A Dash0, cujos responsáveis pronunciá-la como “Dash-zero”, se apresenta como uma concorrente da Datadog, mas sua estratégia não se baseia simplesmente em reduzir dramaticamente os custos de observabilidade. O fundador Mirko Novakovic indica que as empresas ainda devem esperar gastar entre 10% e 20% de seus custos em nuvem nesse item orçamentário. O que a Dash0 se propõe a fazer é melhorar a transparência, tanto em termos de preços quanto na própria observabilidade dos serviços.
Segundo Novakovic, a diferencial da Dash0 está na sua arquitetura, que aproveita ao máximo o framework de observabilidade open source conhecido como OpenTelemetry (também chamado de OTel). Essa configuração permite, conforme afirmou o fundador em uma entrevista ao TechCrunch, que em qualquer momento, uma pessoa consiga identificar exatamente qual serviço, desenvolvedor ou aplicação está gerando um determinado custo na observabilidade.
Embora existam outras empresas que se qualificam como nativas de OTel, como a Signoz, a abordagem da Dash0 atraiu a atenção dos investidores, resultando em uma rodada inicial de investimentos que levantou US$ 9,5 milhões, com a liderança da Accel e a participação da Dig Ventures, firma de investimento do fundador da Mulesoft, Ross Mason. A relevância de Novakovic no setor, sendo a mente por trás da Instana, que foi adquirida pela IBM em 2020 por US$ 500 milhões, pode ter contribuído para o êxito inicial da Dash0, reunindo na equipe diversos ex-colaboradores da Instana.
melhorias e planos futuros da dash0
A Dash0, fundamentada no OTel, também visa aprimorar esta estrutura de código aberto, que já está em funcionamento desde 2019, mas, conforme aponta Novakovic, “não é tão fácil de usar atualmente”. A necessidade de adaptação ocorre para que os fornecedores consigam tornar sua utilização tão simples quanto instalar um agente da Datadog, um ponto em que a Dash0 ainda precisa evoluir em comparação aos concorrentes proprietários.
Por sua vez, a startup planeja desbloquear os benefícios do OTel, como a padronização dos dados de forma agnóstica a fornecedores, ao mesmo tempo em que oferece uma interface intuitiva, painéis de controle e integrações com Slack, email e outras ferramentas. Seu foco inicial são empresas com uma faixa de 50 a 5.000 funcionários.
Embora a empresa já esteja se lançando publicamente no mercado, a equipe não fará grandes investimentos em vendas e marketing até ter certeza de que atingiu um bom ajuste entre produto e mercado. Nesse período inicial, Novakovic relatou que os recursos estarão direcionados ao crescimento das áreas de tecnologia e de produto da equipe, que atualmente conta com 21 membros, sendo 19 deles engenheiros que trabalham remotamente.
Entre as próximas contratações, a Dash0 prevê incluir um especialista em relações com desenvolvedores, que também ajudará a fomentar a adoção do OpenTelemetry como uma alternativa sólida às opções proprietárias do mercado. A startup também tem a intenção de colaborar com outras startups focadas em OTel, garantindo que as partes que estão faltando, como painéis e linguagens de consulta, sejam integradas em colaboração com projetos como Perses e PromQL. “Essa é uma esforço comunitário juntamente com os clientes”, finalizou Novakovic.