No atual cenário tecnológico, o avanço das empresas de inteligência artificial generativa tem se mostrado um fenômeno cada vez mais significativo. A mais recente evidência dessa tendência é a arrecadação de US$ 200 milhões pela startup Writer, que agora é avaliada em impressionantes US$ 1,9 bilhão. Este faturamento foi obtido por meio de uma rodada de financiamento da Série C, a qual foi co-liderada pelas empresas Premji Invest, Radical Ventures e ICONIQ Growth. Além disso, o investimento recebeu a participação de grandes nomes como Salesforce Ventures, Adobe Ventures, B Capital, Citi Ventures, IBM Ventures e Workday Ventures.
A CEO da Writer, May Habib, destacou que este novo investimento elevará o total arrecadado pela companhia para US$ 326 milhões e será direcionado principalmente para o desenvolvimento de produtos, buscando “consolidar a liderança da empresa na categoria de inteligência artificial generativa voltada para empresas”. Segundo Habib, “Na Writer, não estamos apenas criando modelos de IA que podem executar tarefas, mas desenvolvendo sistemas de IA avançados que entregam trabalho crítico para as empresas” e acrescentou que com o novo financiamento, estão com o foco em entregar a próxima geração de soluções autônomas de IA que sejam “seguras, confiáveis e adaptáveis em cenários complexos do mundo real”.
A trajetória da Writer começou em 2020, quando foi fundada por May Habib e Waseem AlShikh, que anteriormente lançaram a Qordoba, uma ferramenta que ajudava empresas a localizarem produtos em novos mercados. Desde então, a Writer evoluiu para uma plataforma de inteligência artificial generativa de pilha completa, oferecendo produtos que podem ser customizados para atender diversas necessidades empresariais específicas. Em 2023, a startup lançou sua própria família de modelos, chamada Palmyra, dedicada à geração de texto, e posteriormente, introduziu funcionalidades que possibilitam a integração de fontes de dados empresariais aos seus modelos, além da capacidade de os clientes auto-hospedarem os modelos criados pela Writer.
No momento, a Writer está concentrada no desenvolvimento de “agentes de IA”, projetados para planejar e executar fluxos de trabalho através de sistemas e equipes, complementados por guardrails de IA personalizáveis e uma variedade de ferramentas de desenvolvimento sem código. Apesar da concorrência acirrada no setor de inteligência artificial generativa, a Writer tem mostrado resultados satisfatórios, contando com uma base de centenas de clientes, incluindo grandes empresas como Mars, Ally Bank, Qualcomm, Salesforce, Uber, Accenture, L’Oréal e Intuit.
Patrick Stokes, vice-presidente executivo de produto e marketing de indústrias da Salesforce, ressaltou a complexidade do trabalho necessário para transformar modelos em ferramentas de negócios confiáveis: “Há uma quantidade tremenda de engenharia necessária para transformar modelos em ferramentas de negócios confiáveis. A Writer oferece uma solução refinada, impulsionada por IA, que é eficaz, fácil de implementar e acelerou rapidamente nossos fluxos de trabalho aqui na Salesforce.” Ele expressou entusiasmo em se juntar à Writer nesse caminho, além de atuar como investidor, também como cliente da plataforma.
Ademais, nomes como Accenture, Balderton, Insight Partners e Vanguard também marcaram presença como participantes da rodada de financiamento da Série C da Writer. Este último investimento é um sinal claro de que o entusiasmo dos investidores de capital de risco por inteligência artificial generativa permanece em alta. De acordo com um relatório da Accel, as startups de inteligência artificial generativa devem receber 40% de todo o capital de risco direcionado a tecnologias em nuvem este ano. No primeiro semestre de 2024, os investimentos em startups de inteligência artificial generativa ultrapassaram a cifra de US$ 3,9 bilhões, segundo dados da Pitchbook — sem contar a impressionante rodada de US$ 6,6 bilhões realizada pela OpenAI.
O mercado de inteligência artificial generativa está projetado para ultrapassar a marca de US$ 1 trilhão em receita na próxima década. No entanto, enfrenta desafios, incluindo questões de privacidade e direitos autorais, além de obstáculos arquitetônicos que podem resultar em fenômenos indesejáveis, como alucinações em modelos de IA. Esse cenário demonstra a necessidade de evolução constante das plataformas e das estratégias implementadas, mostrando que, assim como a inteligência artificial, o futuro é incerto — e isso pode tanto ser uma oportunidade quanto um desafio para as organizações nessa jornada.