Columbia, S.C. — Na próxima quarta-feira, Susan Smith, a mãe da Carolina do Sul condenada pelo assassinato de seus dois filhos, vai se apresentar à comissão de liberdade condicional para pleitear sua soltura, após três décadas cumprindo pena. Em 1994, ela chocou o país ao afogar seus filhos, Michael, de três anos, e Alex, de 14 meses, ao rolar seu carro para dentro de um lago, com os meninos ainda presos em seus assentos. Agora, com 53 anos, Smith busca uma nova chance de liberdade, após passar 30 anos atrás das grades.
Condenada à pena de prisão perpétua, a decisão do júri na época evitou a pena de morte. De acordo com a legislação estadual, após 30 anos de prisão, ela é elegível para uma audiência de liberdade condicional a cada dois anos. A dúvida agora é se o conselho de liberdade condicional, composto por sete membros, acatará seu pedido, especialmente considerando a gravidade do crime que cometeu.
Smith fará seu apelo para a liberdade por meio de uma videoconferência a partir da prisão. Após sua declaração, seu ex-marido, David Smith, e o promotor que a processou irão apresentar suas argumentações para que ela permaneça encarcerada. É importante ressaltar que a concessão de liberdade condicional na Carolina do Sul é um evento raro, ocorrendo em apenas cerca de 8% dos casos. Quando a audiência envolve um crime notório ou há oposição por parte dos promotores e familiares das vítimas, as chances diminuem significativamente.
O crime que chocou o mundo e suas repercussões
A história da tragédia e as manobras de Susan Smith começaram em outubro de 1994, quando ela alegou ter sido sequestrada por um homem que levou seus filhos. Essa versão, que rapidamente ganhou atenção internacional, envolveu a alegação de que um homem negro a teria abordado durante a noite na cidade de Union. Durante nove dias de apelos emocionais, onde Susan pedia o retorno seguro de seus filhos, as evidências começaram a se desintegrar. Enquanto Smith fazia suas súplicas, os corpos dos meninos permaneciam, tragicamente, debaixo d’água no lago John D. Long.
As investigações levantaram suspeitas. Por que um sequestrador liberaria a mãe, mas não as crianças? As inconsistências em seu relato levaram a polícia a interrogar Smith, até que ela finalmente confessou que havia deixado seu carro rolar ladeira abaixo até afundar. Um retrato da cena feita pelos investigadores revelou a crueza: levou seis minutos para o carro afundar completamente, enquanto as câmeras mostravam a água invadindo o veículo. Os corpos das crianças foram encontrados com uma pequena mão pressionada contra a janela, um quadro que se fixou na memória nacional como um símbolo de uma tragédia incompreensível.
Motivações por trás do ato e a busca por misericórdia
As motivações de Susan Smith, conforme antecipado pelos promotores, estavam ligadas a um relacionamento extraconjugal com um homem que não via futuro ao lado de uma mãe com dois filhos pequenos. O homem havia terminado o relacionamento com Smith, e isso pode ter influenciado diretamente seu ato desesperado. Os advogados de defesa argumentaram que ela estava em profunda crise emocional e saúde mental quando cometeu o crime, afirmando que ela pretendia morrer junto com as crianças, mas teve um momento de hesitação.
Em 2015, após duas décadas de sua condenação, Susan fez declarações em uma entrevista onde afirmou que nunca planejou matar os filhos, mas sim pôr fim à sua própria vida. Esse tipo de alegação ressoou com muitos que acreditam que as questões de saúde mental desempenharam um papel significativo em suas ações trágicas.
Atividades curiosas durante a reclusão e os desafios do julgamento da liberdade condicional
Desde que está presa, Smith teve um comportamento que despertou a curiosidade do público e da mídia. Ela pode fazer chamadas e responder mensagens de texto, o que, ironicamente, fez com que muitos se sentissem atraídos pela figura que ela representa, mesmo sendo uma pessoa condenada por um crime horrendo. Detalhes sobre essas interações foram revelados sob a legislação de liberdade de informações, e Smith compartilhou publicamente algumas de suas conversas. Surge uma ironia ao perceber que pessoas tentam entrar em contato com uma figura tão controversa, e alguns até prometeram a ela um novo lar fora da prisão.
Recentemente, em agosto de 2023, ela manifestou sua dor em uma mensagem, lembrando que o aniversário de seu filho mais novo era um lembrete constante de sua tragédia: “Hoje é o aniversário do meu filho mais novo, que completaria 30 anos. Difícil de acreditar”, escreveu. Essa faceta humana, embora marcada por um passado horrendo, provoca uma mistura de empatia e repulsa.
Os advogados e o ex-promotor afirmaram que as evidências apontam para a falta de arrependimento verdadeiro por parte de Smith em relação aos filhos, apresentando uma imagem de alguém mais preocupada consigo mesma e menos sobre a dor que causou. Assim, a avaliação sobre se ela deveria ser libertada é um dilema não apenas legal, mas moral.
O futuro de Susan Smith e o resultado do seu pedido de liberdade condicional permanecem incertos. Quaisquer que sejam as opiniões sobre a justiça, a complexidade do caso abre um diálogo sobre as questões de saúde mental, arrependimento e a possibilidade de ressocialização de uma figura tão envolta em controvérsias. Os olhos do público, assim como do conselho de liberdade condicional, estarão atentos ao desenrolar dessa história que continua sendo um marco na história criminal dos Estados Unidos.