A busca desesperada por soluções eficazes para perda de peso tem levado muitos consumidores a navegarem por sites sedutores, atraídos por descontos significativos em medicamentos que prometem transformações rápidas. Contudo, a realidade por trás desse comércio online é alarmante, com a venda crescente de medicamentos para emagrecimento falsificados que não apenas enganam, mas também colocam em risco a saúde e a vida dos usuários. A substância semaglutida, presente em produtos renomados como Ozempic e Wegovy, se tornou o centro de uma onda de fraudes, com diversos sites que prometem a mesma eficácia a preços muito abaixo do sugerido, mas com um custo potencialmente mortal.

De acordo com um estudo recente da KFF, consumidores dos Estados Unidos pagam os preços mais altos do mundo por medicamentos para perda de peso, o que torna as ofertas online, mesmo que duvidosas, bastante atraentes. No entanto, muitos dos produtos que circulam virtualmente não são apenas ineficazes; podem conter substâncias perigosas perigosas que ameaçam a saúde. Salvatore Ingrassia, diretor portuário da Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) no Aeroporto JFK de Nova York, adverte: “As pessoas estão realmente se arriscando ao solicitar esses produtos online sem conhecer o fornecedor que os envia”.

A atuação das autoridades é crucial nesse cenário alarmante. Os agentes da CBP estão na linha de frente, interceptando medicamentos prescritos falsificados que entram no país, incluindo cópias de produtos de emagrecimento populares. Em uma ação recente, os oficiais da CBP permitiram uma rara visão de suas operações, exibindo medicamentos rotulados de forma imprópria ou falsificados que foram apreendidos, incluindo vários envios suspeitos vindos de Israel e Bangladesh. Um dos carregamentos de Wegovy falsificado foi encontrado escondido dentro de um quebra-cabeça do Mickey Mouse destinado a crianças, uma estratégia que deixa os especialistas ainda mais alarmados.

Essas drogas, que podem parecer legítimas à primeira vista, com frequência são preparadas com substâncias altamente nocivas. “Em nossas apreensões, encontramos até mesmo substâncias como anticongelante, e quantidades incorretas de ingredientes ativos”, diz Ingrassia. No mês de setembro, por exemplo, agentes alfandegários inspecionaram 63 envios contendo medicamentos supostamente falsificados em um único dia de operações em Cincinnati, incluindo injeções de Ozempic, Wegovy e Trulicity.

A FDA toma iniciativa contra medicamentos falsificados

A Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) tomou medidas para conter essa crescente onda de fraudes, emitindo advertências a diversas farmácias online que estão comercializando produtos suspeitos. Os avisos não apenas solicitam que essas farmácias cessem a venda dos produtos em violação aos regulamentos da FDA, mas também ameaçam ações legais caso não atendam às exigências. Apesar desses esforços, uma pesquisa rápida realizada pela CBS News em setembro de 2024 constatou que muitos desses sites continuam ativos, redirecionando os usuários para outros portais que oferecem medicamentos questionáveis.

Vale ressaltar que as preocupações relativas à saúde provenientes do uso de medicamentos falsificados não são uma mera teoria. Em um caso registrado, a empresa Novo Nordisk reportou que um caneta de medicamento falsificada continha a insulina, resultando na hospitalização do usuário após a administração. Além disso, autoridades prenderam indivíduos envolvidos na comercialização de medicamentos falsificados, incluindo uma mulher de Long Island acusada de vender Ozempic rotulado incorretamente online. Ela se declarou inocente e está em liberdade sob fiança, enquanto uma das vítimas relatou lesões e infecções após utilizar o produto.

Ricki Chase, ex-diretora de investigações da FDA na região de Chicago e especialista em rastreamento de produtos falsificados, alertou os consumidores a permanecerem vigilantes. “Se você está comprando um medicamento que é legitimamente precificado em milhares de dólares por apenas 65 dólares, deve ter um sinal de alerta”, afirma. Em resposta ao aumento do número de casos, a FDA recomenda que os consumidores apenas adquiram medicamentos de farmácias conhecidas e que tenham a prescrição necessária.

Dicas para proteção contra fraudes

Chase sugere que consumidores verifiquem as características dos medicamentos antes de adquiri-los. Os canetas de medicamentos legítimos possuem códigos de identificação únicos e rotulagem adequada. Caso o rótulo apareça borrado ou desalinhado, é um forte indicativo de que se trata de um produto falsificado. Outros sinais de alerta incluem: costuras de cola irregulares, números de lote com impressão torta e cores com aparência de baixa qualidade, que podem indicar que o produto é de origem fraudulenta. No fim das contas, ela acredita que a melhor defesa é sempre usar o bom senso. “Não arrisque sua saúde tentando ficar saudável”, aconselha.

A Novo Nordisk, fabricante do Ozempic, Rybelsus e Wegovy, comentou que é crucial que os pacientes saibam que a empresa é a única que possui medicamentos contendo semaglutida com aprovação da FDA nos Estados Unidos. Nem mesmo versões genéricas do medicamento tiveram a aprovação da FDA. Já a Eli Lilly, responsável pelos medicamentos Mounjaro e Zepbound, também utilizados para perda de peso, informou que está tomando providências para educar as pessoas sobre os riscos associados a produtos falsificados, criando um site dedicado ao tema que inclui uma ferramenta para ajudar a verificar a autenticidade dos produtos.

A Associação Nacional das Juntas de Farmácias lançou uma ferramenta de busca chamada Safe Site Search Tool, que permite aos usuários verificar se um site de farmácia foi avaliado e aprovado. Os consumidores também podem revisar uma lista de sites atualmente credenciados pela NABP.

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