A transição de Donald Trump para seu segundo mandato começou a pouco menos de uma semana e já apresenta movimentos significativos em suas escolhas estratégicas para o novo governo. Assim, surgem os “czars”, uma nova classe de líderes que deverão desempenhar funções cruciais em diferentes áreas da administração. Essa abordagem visa otimizar e fortalecer a implementação de políticas, evitando a imensa burocracia geralmente associada a agências governamentais tradicionais.
Um exemplo notável dessa nova estrutura é a designação de Doug Burgum, ex-governador de Dakota do Norte e aliado de Trump, como potencial “czar de energia”. Fontes próximas aos diálogos afirmam que ele terá um mandato amplo para liderar processos interagências que visem promover a agenda energética do presidente eleito. Essa escolha ilustra uma estratégia de evitar os desafios frequentes associados a cargos em níveis do gabinete, como os de Secretário do Interior ou da Energia, permitindo a Burgum uma supervisão mais direta das políticas, sem se perder em um emaranhado de funcionários e processos burocráticos.
Essa é apenas uma das várias designações de destaque que estão se formando no novo gabinete. Essa tendência reflete uma busca deliberada de Trump por candidatos não apenas habilitados, mas também dispostos a atuar com agilidade na execução das políticas propostas. Um dos envolvidos no processo destacou que é importante contar com pessoas que podem entrar e colocar as ideias em prática desde o primeiro dia, sem se preocuparem com um extenso processo de confirmação no Senado, algo que normalmente atrasaria a implementação de estratégias políticas.
Além de Burgum, Trump tem dado atenção especial para candidatos leais ao seu governo, optando por pessoas que estão alinhadas aos seus interesses e em sintonia com as suas promessas eleitorais. Na recente estruturação de seu novo governo, por exemplo, foram escolhidos aliados políticos de longa data, como Elise Stefanik, que ocupará a embaixada dos Estados Unidos na ONU, um papel vital para reforçar a posição americana em conflitos internacionais.
Outra designação de impacto está relacionada a Tom Homan, o ex-diretor interino do ICE, que voltará a ocupar o papel de “czar de fronteira”. Homan se destacou por sua postura assertiva em relação às políticas de imigração durante o primeiro mandato de Trump, e o presidente afirmou, através de uma publicação na rede social Truth Social, que ele comandará não apenas a fronteira sul, mas também a segurança em outras áreas como a fronteira norte, e os setores marítimos e aéreos.
Não podemos deixar de notar que essas designações relevantes não se restringem apenas aos interesses republicanos ortodoxos. Robert F. Kennedy Jr., que se posicionou como candidato independente, também está em discussões para um papel de “czar” onde supervisionará uma série de questões que envolvem saúde, agricultura e medicina, reforçando sua influência no processo de transição, já que também ocupa a co-presidência nas reuniões de transição de Trump.
O papel de Kennedy pode ser particularmente interessante, pois ele demandou acesso direto ao presidente, um aspecto que pode ser decisivo para qualquer assistente sênior dentro da administração. Para Trump, se integrar ao círculo próximo pode ser a chave para influenciar efetivamente as decisões. Um dos envolvidos no processo afirmou que esse é um fator crítico, afirmando que “se você está em uma agência trabalhando a algumas quadras de Trump, você já está um passo atrás em relação a outros que estão mais próximos”.
O conceito de “czar” não é uma novidade; historicamente, essa nomenclatura foi utilizada de maneira frequente nas administrações de Barack Obama e Joe Biden, que nomearam diversos oficiais para solucionar problemas específicos, como o fechamento de Guantánamo, ou a gestão da pandemia de COVID-19. Ao trazer esse modelo para o seu segundo mandato, Trump promove uma adaptação que parece adequada ao seu estilo de governança, buscando contornar as complexidades burocráticas e abraçar uma abordagem mais direta e eficiente na implementação das políticas que prometeu ao povo americano.
Essa nova estrutura poderá moldar significativamente a forma como as políticas são conduzidas e como a administração se relaciona com o público e com o Congresso. Neste sentido, a etapa inicial das escolhas de Trump nos leva a crer que sua intensidade em executar sua agenda será um esforço concentrado, onde os “czars” estarão na vanguarda de uma administração que pretende atuar rápida e decisivamente. O que ainda resta saber é como todas essas escolhas impactarão a forma como o governo será percebido nacional e internacionalmente.