O presidente eleito, Donald Trump, ainda não submeteu uma série de acordos de transição necessários para o início formal de sua administração, revelaram fontes próximas ao processo. Entre as preocupações que têm causado esse atraso está a obrigatoriedade de assinatura do compromisso ético que visa evitar possíveis conflitos de interesse uma vez que Trump assuma o cargo. Este compromisso é uma exigência legal estabelecida pela Lei de Transição Presidencial, a qual se aplica a todos os membros da equipe de transição, mas, até o momento, a assinatura por parte de Trump não ocorreu.
A questão dos acordos não é nova para Trump. Durante sua presidência anterior, ele enfrentou críticas constantes de grupos de ética por potenciais conflitos devido a seus negócios e marcas. Tais relações comerciais, tanto de Trump quanto de sua família, foram frequentemente examinadas ao longo de sua carreira política, tanto em seu tempo no cargo quanto na atual campanha para a presidência. O atraso na assinatura dos acordos de transição já prejudica a equipe de Trump, que está enfrentando dificuldades para acessar informações críticas da administração Biden.
As falhas em assinar esses documentos deixaram a equipe de Trump em desvantagem, pois eles já estão atrasados em obter os briefings essenciais da equipe de transição do governo Biden. Isso é especialmente preocupante, uma vez que apenas 72 dias separam o presidente eleito da potencial data de sua posse. O impasse, em parte, deve-se à necessidade de um acordo focado em questões de ética, algo que a equipe de transição aparentemente considera controverso.
Fontes familiarizadas com os trâmites explicaram que negociações em torno da cláusula de ética ainda estão em andamento com a administração Biden. De acordo com a legislação em questão, uma atualização que exige o compromisso ético foi introduzida pelo senador Ron Johnson, um aliado de Trump, e sancionada pelo próprio Trump em março de 2020. Essa cláusula visa garantir que todos os fundos envolvidos na transição sejam utilizados de maneira responsável e ética, evitando que os funcionários do governo possam atuar em interesses pessoais enquanto ocupam cargos públicos.
Além disso, as divulgações financeiras mais recentes de Trump revelaram que ele continua a obter receitas significativas de seus negócios imobiliários, publicações e contratos de licenciamento. A família Trump também lançou recentemente uma nova empresa de criptomoedas, o que levantou mais bandeiras vermelhas sobre a gestão de conflitos de interesse. Com a sua importância crescente, um relatório apontou que uma grande parte de sua fortuna pessoal está atrelada à empresa-mãe da rede social Truth Social, na qual Trump é acionista majoritário.
O atraso na assinatura dos acordos de transição de Trump é particularmente alarmante para especialistas em segurança nacional. O contrato da Administração de Serviços Gerais (GSA), que deveria ser assinado até 1º de setembro, daria à equipe de Trump acesso a espaço de escritório e comunicações seguras, entre outros recursos. O acordo da Casa Branca, que deveria ter sido assinado até 1º de outubro, serve como um portão de entrada para acesso a agências e informações, além de preparar o caminho para que a equipe de Trump receba as autorizações de segurança necessárias para acessar informações confidenciais. Notavelmente, o acordo de ética também estava previsto para ser assinado até essa data, e a falta de progresso nesse sentido levanta a preocupação sobre a segurança nacional.
Embora o conselheiro de Trump tenha informado que o presidente eleito tem a intenção de assinar o compromisso ético, as prioridades imediatas da equipe de transição parecem estar voltadas para a seleção e triagem de candidatos para os principais cargos do governo. No entanto, fica a pergunta: até quando essa situação poderá ser ignorada? A falta de cumprimento de prazos tem suscitado críticas de especialistas e watchdogs de ética, indicando que a inação pode comprometer a eficácia na transição de governo e a preparação necessária para o primeiro dia de mandato.
Max Stier, presidente e CEO da Partnership for Public Service, advertiu que a falta de engajamento da equipe de Trump com a administração Biden poderia resultar em consequências severas. Stier enfatiza que para governar efetivamente desde o primeiro dia, é essencial que a nova equipe tenha realizado um trabalho de preparação extensivo antes de assumir a responsabilidade. Sem essa preparação, Trump pode não estar pronto para governar da maneira mais segura. A transição de poder, segundo Stier, constitui um ponto de vulnerabilidade máxima para a segurança dos Estados Unidos, pois a nova administração deve assumir a mais complexa operação do planeta.
Se Trump tomar posse em janeiro sem ter participado desses processos de transição, as implicações podem ser graves, não apenas para sua administração, mas também para o bem-estar nacional. Acertar o tempo e garantir um processo de transição organizado é crucial, e a Casa Branca já iniciou conversas para ressaltar a necessidade dos acordos, na tentativa de evitar uma repetição de problemas das transições passadas, que historicamente apresentaram riscos à segurança nacional.
Ainda há esperança de que Trump e sua equipe reconheçam a importância de assinar o compromisso ético e seguir com as formalidades necessárias, garantindo assim uma transição suave e segura para a administração que está por vir.