À medida que a corrida presidencial de 2024 avança para sua reta final, as conversas em torno do ex-presidente Donald Trump se concentram em temas que, à primeira vista, parecem estar mais ligados ao absurdo do que à política séria. Um levantamento realizado pelo projeto de pesquisa The Breakthrough, da CNN, revelou que muitos dos principais tópicos debatidos pelos americanos sobre Trump nos últimos dias envolvem fascismo e batatas fritas. Em contraste, a atual vice-presidente, Kamala Harris, ainda é vista de uma maneira convencional, focando em questões de campanha mais tradicionais. Este cenário revela não apenas a polarização política presente, mas também o impacto da atenção midiática na formação da opinião pública.

O levantamento foi realizado entre 25 e 28 de outubro, abrangendo um período crítico antes de um evento marcante: um comediante que abriu um comício de Trump em Madison Square Garden fez uma piada racista sobre Porto Rico, que rapidamente se tornou tema de debates. Apesar disso, Trump já estava no centro das atenções por outros incidentes, incluindo uma ação onde ele serviu batatas fritas em um McDonald’s e, de maneira controversa, elogiou generais de Hitler. As discussões em torno desses eventos mostram um público que, surpreendentemente, parece fascinado não apenas pela política, mas pelos aspectos mais bizarros que a acompanham.

Os dados coletados indicam que a combinação de comentários públicos de Trump e a forma como esses eventos são noticiados geram um misto de riso e preocupação. Um dos participantes da pesquisa refletiu sobre a peculiaridade da situação, escrevendo: “Ele falou sobre o tamanho do pênis de Arnold Palmer e trabalhou em um McDonald’s por algumas horas. Que frase!”. A estranha mistura de temas leva muitos a questionarem se a seriedade da política foi completamente deixada de lado.

No entanto, não é apenas o comportamento excêntrico de Trump que tem gerado reações. As conversas sobre ele frequentemente se dividem ao longo de linhas partidárias. Os republicanos tendem a abordar a ação de servir batatas fritas de forma mais positiva, enquanto os democratas e independentes expressam sérias preocupações sobre o futuro da democracia se Trump for reeleito. Um eleitor independente que se identificou como democrático afirmou: “Numerosos ex-oficiais da administração Trump de 2016 a 2020 estão soando alarmes sobre como Trump irá desmantelar a democracia se for eleito”. Este sentimento ressoou em cerca de 11% das menções a Trump durante a pesquisa, um aumento significativo em relação a semanas anteriores, onde o tema “democracia” aparecia em apenas 1% das conversas sobre ele.

Enquanto isso, a vice-presidente Kamala Harris tem sua própria batalha mediática. A pesquisa indicou que as menções sobre ela foram mais focadas nas questões tradicionais de sua campanha. Palavras como “campanha”, “comício” e “entrevista” foram algumas das mais frequentemente associadas a Harris. Entretanto, houve um aumento nas menções relacionadas ao tema do aborto, especialmente após seus comentários durante um evento em Houston, onde se apresentou ao lado de Beyoncé, o que pode ter despertado um novo interesse em suas propostas entre os eleitores.

Em termos de sentimentos expressos nas opiniões coletadas sobre ambos os candidatos, a percepção ainda é predominantemente negativa. Enquanto 74% dos americanos relataram ter ouvido algo recentemente sobre Harris, 71% fizeram o mesmo em relação a Trump, com ambos os índices sendo relativamente baixos se comparados a eleições passadas. Isso gera uma preocupação sobre a efetividade da comunicação política e o envolvimento dos eleitores, especialmente em um contexto tão polarizado.

Em conclusão, o ciclo de mídia em torno de Donald Trump é um microcosmo da política atual, onde as conversas podem facilmente girar em torno de eventos absurdos, gerando um misto de entretenimento e apreensão. As questões que cercam a democracia e a viabilidade das candidaturas estão, sem dúvida, interligadas com a forma como cada candidato é percebido pelo público. Como a última semana de campanha se aproxima, a capacidade de ambos os lados de se conectar com os eleitores pode muito bem definir não apenas o resultado das eleições, mas o futuro do discurso político nos Estados Unidos como um todo.

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