A dinâmica das eleições nos Estados Unidos frequentemente afeta diversos setores da economia, e a corrida eleitoral de 2024 não está sendo diferente. A empresa de mídia social vinculada ao ex-presidente Donald Trump, Trump Media & Technology Group, está vivenciando um momento de grande volatilidade e expectativa. Na manhã do dia da votação, as ações dessa companhia dispararam, representando um ponto crucial em sua trajetória e, potencialmente, uma reviravolta significativa para o futuro do ex-presidente e suas ambições políticas. O impacto das decisões dos eleitores não só pode alterar o panorama político, mas também reverberar no mercado financeiro, especialmente na valorização de ações que fazem parte do que se convencionou chamar de “Trump Trade”.

Na manhã de terça-feira, as ações da organização que opera a rede social Truth Social apresentaram um aumento de 13%. O crescimento é um reflexo do otimismo entre os investidores e ocorre após um ganho de 12% registrado na segunda-feira. Essa recuperação é ainda mais notável considerando que, durante os três dias que precederam essa ascensão, as ações enfrentaram perdas acentuadas. Os traders têm apostado que uma possível vitória de Donald Trump nas eleições de 2024 poderia elevar o valor da Truth Social, embora muitos reconheçam que justificar seu preço atual seria um desafio mesmo que Trump retorne à Casa Branca.

Apesar do aumento recente, Trump Media se encontra em uma situação complicada. A empresa está operando em déficit e, para complicar ainda mais, gera uma receita muito baixa. A Truth Social, sua principal plataforma de negócios, permanece de tamanho reduzido comparado a gigantes do setor, como o Facebook e o Twitter. Contudo, a empresa de Trump se tornou um fenômeno financeiro, sendo considerada uma ação meme, impulsionada pela especulação e pelas apostas que envolvem o resultado das eleições. Essa movimentação tem elevado a fortuna de Trump, que detém uma participação significativa na companhia, a impressionantes números.

Outros fatores também estão contribuindo para a elevação das ações associadas ao “Trump Trade”. Os papéis de grandes bancos e o bitcoin apresentaram alta, assim como as ações de empresas privadas de prisões, como Geo Group e CoreCivic. Além disso, os mercados de previsões eleitorais mostram mudanças que favorecem Trump, refletindo a expectativa de que ele possa voltar à corrida pelos mais altos cargos do governo.

Entretanto, mesmo com todo esse burburinho, os dados das últimas pesquisas e os modelos eleitorais sugerem que a corrida pela presidência é bastante equilibrada, com resultados que podem ir para qualquer lado. Matthew Tuttle, diretor executivo da Tuttle Capital Management, alertou que é cedo demais para tirar conclusões sobre a valorização das ações da Trump Media e outros movimentos do mercado nesse dia tão crucial. Segundo ele, essa situação poderia ser comparada a “jogar dardos em um alvo”, implicando que muitos investidores estão tomando decisões com base em instintos em vez de análises sólidas.

Com tanto em jogo, a realidade financeira da Trump Media se revela ainda mais delicada. A empresa, que opera sob o símbolo de ações “DJT”, elevou seu valor de mercado a quase 8 bilhões de dólares, mesmo tendo gerado apenas 1,6 milhão de dólares em receitas este ano. Para efeito de comparação, o conglomerado de mídia Paramount Global, proprietário da CBS e com receitas superiores a 14 bilhões de dólares, possui uma avaliação de mercado semelhante. Essa discrepância sinaliza um descompasso financeiro que poderia ser ainda mais exacerbado, caso Trump não obtenha uma vitória nas eleições.

Casos especulativos como este têm seus riscos. O capitalista de risco Gene Munster sugeriu que se Trump perder, a avaliação da Trump Media poderia cair para apenas 1 bilhão de dólares, o que representaria uma desvalorização drástica. Outros analistas até acreditam que a empresa poderia valer ainda menos. A percepção de risco é palpável, e Tuttle deixou claro seu ceticismo ao afirmar que não investiria nas ações “DJT” devido ao grande potencial de perda, considerando que o lado positivo é incerto.

Donald Trump detém 114,75 milhões de ações na empresa, consolidando-se como o acionista majoritário. A valorização de suas ações atingiu cerca de 4,5 bilhões de dólares, uma enorme elevação em relação aos 1,4 bilhões que possuía no fechamento de 23 de setembro, quando a Trump Media atingiu um recorde negativo. O que se vislumbra agora é um verdadeiro teatro de incertezas, onde cada movimento do mercado é como uma dança à espera do próximo passo que será dado pelos eleitores nas urnas. O desfecho dessa eleição não só determinará o futuro de Donald Trump, mas também poderá influenciar diretamente as temperaturas do mercado financeiro nas próximas semanas.

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