Taipei, Taiwan
CNN
 — 

O presidente de Taiwan, Lai Ching-te, embarca em uma viagem ao Pacífico, que inclui paradas em Havai e no território dos Estados Unidos de Guam. Esta visita está gerando uma onda de condenações por parte da China, que já sinaliza a possibilidade de realizar novos exercícios militares nas proximidades da ilha, destacando as tensões que envolvem a questão da soberania de Taiwan.

A viagem iniciará no sábado e incluirá paradas em Ilhas Marshall, Tuvalu e Palau – países que têm relações diplomáticas formais com Taiwan. Durante sua passagem, Lai permanecerá por duas noites no Havai e uma noite em Guam. É importante notar que este será o primeiro trânsito de Lai por solo americano desde que assumiu a presidência em maio, conforme informou o escritório presidencial de Taipei à CNN.

Durante sua estada em solo norte-americano, Lai está previsto para “encontrar velhos amigos” e participar de discussões fechadas com pensadores políticos e grupos de pesquisa, segundo a Agência Central de Notícias de Taiwan. Essa dinâmica reflete a importância das relações informais entre Taiwan e os Estados Unidos, que continuam a ser o principal apoiador da ilha, mesmo na ausência de relações diplomáticas formais.

A visita do presidente de Taiwan já provocou reações adversas de Pequim. Um porta-voz do ministério da Defesa da China afirmou em uma coletiva na quinta-feira que as forças armadas “esmagarão resolutamente qualquer tentativa separatista que busque a independência de Taiwan”. A China, que reivindica Taiwan como parte de seu território, está alerta diante de qualquer movimento que considere uma provocação.

O porta-voz Wu Qian acrescentou: “Manipulação política e provocações para buscar a ‘independência de Taiwan’ estão fadadas ao fracasso e nunca poderão deter a tendência histórica da reunificação da China.” Este forte posicionamento reflete a postura intransigente da China acerca da questão de Taiwan.

Através do escritório de Assuntos de Taiwan, um órgão responsável pelas relações com a ilha, a China também caracterizou a visita de Lai como “um ato provocativo,” convocando os Estados Unidos a “parar de enviar sinais errôneos para as forças da independência de Taiwan.” Este apelo ressalta a preocupação de Pequim em relação a qualquer sinal de apoio indevido a ambientes secessionistas.

O Partido Comunista da China continua a afirmar sua posição sobre Taiwan, que nunca foi controlada pelo regime chinês. No entanto, contrariamente, o governo de Taiwan se afirma como um governo soberano, enfatizando que o futuro da ilha deve ser decidido exclusivamente por sua população de aproximadamente 23,5 milhões de habitantes.

Karen Kuo, porta-voz do escritório presidencial de Taiwan, declarou que a visita de Lai aos três aliados diplomáticos tem como objetivo fortalecer as relações amistosas com democracias afins, acrescentando que a manutenção da paz e da estabilidade regional é uma responsabilidade conjunta de ambas as partes do Estreito de Taiwan.

Novos exercícios militares da China podem ser iminentes?

A visita de Lai a Havai acontece em um momento de transição na liderança dos Estados Unidos, o que levanta questões sobre como um eventual retorno de Donald Trump à Casa Branca poderá impactar as relações com a China, um tema que está atraindo uma atenção significativa tanto de observadores quanto do próprio Taiwan.

Pequim manifesta publicamente seu desprezo por Lai e reagiu com fúria à sua vitória eleitoral no início deste ano. Esse antagonismo pode indicar um aumento da tensão e a possibilidade de resposta militar como forma de demonstrar força.

De acordo com avaliações de inteligência regional, um alto funcionário taiwanês alertou à CNN que a China pode responder à primeira viagem ao exterior de Lai realizando novas manobras militares próximas à ilha, o que poderia acirrar ainda mais as tensões na área.

“A China espera criar um incidente durante o período de transição nos Estados Unidos para destacar seu desprezo pela administração Biden e criar pressão sobre a equipe que pode assumir junto ao Trump, ao traçar uma linha vermelha,” disse o funcionário. Esse cenário provocativo é parte da estratégia da China em responder a questões de soberania e influência na região.

Desde o início deste ano, Pequim já conduziu duas rodadas de exercícios de guerra nas proximidades de Taiwan, uma em maio e outra em outubro, ambas classificadas como parte dos exercícios “Espada Conjunta 2024”. O ciclo de exercícios militares, que está sendo observado de perto por Taiwan e seus aliados, pode ser um indicador do crescente aumento nas tensões na região do Pacífico.

Se esses exercícios ocorrerem, eles podem ser semelhantes em escala às manobras de outubro, conforme previsto em um documento de segurança de Taiwan obtido pela CNN. Esse cenário ressalta a vulnerabilidade e os desafios que Taiwan enfrenta em um ambiente geopolítico contingente e incerto.

Em uma declaração na quarta-feira, o ministério da Defesa de Taiwan afirmou que qualquer tentativa deliberada de criar tensão no Estreito de Taiwan prejudicaria a paz e a estabilidade, que não são “o comportamento adequado de um país moderno responsável.” Essa abordagem reflete os desafios contínuos que Taiwan enfrenta ao tentar equilibrar sua própria segurança com as dinâmicas de poder em jogo na região.

Em abril do ano passado, Pequim lançou três dias de manobras militares em resposta a uma visita não oficial à Califórnia de Tsai Ing-wen, predecessor de Lai. Isso sublinha como eventos aparentemente isolados podem rapidamente se transformar em incidentes diplomáticos de relevância internacional, amplificando as preocupações sobre a segurança e a estabilidade na região.

Similar Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *