À medida que a temporada de festividades se aproxima, um item importante na agenda dos críticos e dos profissionais da indústria cinematográfica é a elaboração das cobiçadas listas dos melhores filmes do ano. Em 2024, a situação estava um pouco mais iluminada, embora não sem seus desafios. O fechamento do ano trouxe com ele um momento de reflexão sobre a evolução do cinema, a popularidade de certos gêneros, e a relação dos espectadores com a experiência de ir ao cinema.
Para a indústria de exibição, mais uma vez, a transição pós-pandêmico trouxe otimismo moderado. Com uma arrecadação total prevista de aproximadamente 8 bilhões de dólares nos Estados Unidos, um pouco abaixo da marca de 9 bilhões de dólares de 2023, a recuperação do público parece ter ganhado força, apesar de alguns contratempos, como as greves que afetaram a produção cinematográfica. A Associação Nacional dos Proprietários de Teatros se esforça para enfatizar os aspectos positivos, apontando que a redução na bilheteira pode ser atribuída à escassez de lançamentos cinematográficos, em vez de uma perda de interesse do público.
A resiliência do público em retornar às salas de cinema é um sinal encorajador. Desde a estreia de produções aguardadas até os diversos eventos que giram em torno do lançamento cinematográfico, a paixão pelo cinema está de volta. No entanto, se analisarmos as escolhas do público, a predominância de sequências, remakes e adaptações se torna evidente. Das dez maiores bilheteiras de 2024, todas faziam parte de franquias estabelecidas ou reboots, um fenômeno que pode ser tanto tranquilizador quanto preocupante para os criadores de conteúdos originais.
A dependência de produtos pré-vendidos reflete um certo estado de conforto por parte dos espectadores em relação a histórias conhecidas, em vez de se aventurarem em novidades arriscadas. Essa tendência pode fazer com que a indústria cinematográfica perca a oportunidade de aprofundar-se em narrativas inovadoras e criativas. Filmes como Twisters, Moana 2, e Kung Fu Panda 4 dominaram as bilheteiras, mas o desafio permanece: como balancear a segurança financeira com a exploração de narrativas originais que possam capturar o público.
Por outro lado, enquanto as grandes franquias dominam as mesas de bilhetes, os universos em expansão como Marvel, DC, e Star Wars parecem ter estagnado. Exceto por Deadpool & Wolverine, as maiores bilheteiras deste ano não vieram de quadrinhos ou galáxias distantes. Isso sinaliza uma mudança, mas se isso indica uma saturação de um gênero ou uma mudança na percepção popular é incerto.
As salas de cinema também enfrentam um novo desafio: o comportamento do público em relação ao uso de dispositivos móveis durante as exibições. A cada ano, as reclamações sobre espectadores utilizando suas telas durante o filme parecem aumentar, tornando a experiência de assistir a um filme em uma sala cheia um teste de paciência para aqueles que ainda valorizam a arte de ir ao cinema. Uma parte do charme que o cinema oferece está na experiência coletiva e no respeito mútuo, que se vê ameaçado por distrações constantes geradas por dispositivos eletrônicos.
Apesar dessas dificuldades, há um tom otimista entre os profissionais da indústria. debates sobre como revitalizar a experiência cinematográfica estão em alta. Desde iniciativas para restringir o uso de telefones em sessões a campanhas de sensibilização para respeitar o espaço dos outros, a indústria parece estar atenta às preocupações legais e sociais que podem impactar a experiência do cinema.
O panorama de 2024 se junta a um legado de práticas cinematográficas, ao mesmo tempo em que aponta para novas direções que os cineastas e produtores podem seguir para criar experiências cinematográficas mais enriquecedoras e relevantes para as audiências contemporâneas. O futuro do cinema parece depender da capacidade da indústria de encontrar o equilíbrio entre o que é comercialmente viável e o que artisticamente inovador.
Enquanto isso, a tradição das listas de melhores filmes continua, e 2024 fornece uma mistura diversificada de apreciação crítica e sucesso comercial. Filmes como Oppenheimer e Wicked emergem como exemplos proeminentes que conseguem unir a crítica e audiência, enquanto outros buscam encontrar seu lugar em um mundo de contagem de impressões e algoritmos de streaming. Afinal, a narrativa cinematográfica e a experiência no cinema permanecem inextricavelmente ligadas, e a busca por excelência continuará a impulsionar o futuro da sétima arte.