Nova York
CNN
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No coração de um debate crescente sobre o futuro da energia sustentável e os desafios gerados pelo crescimento exponencial da demanda por eletricidade, figuras proeminentes do setor de inteligência artificial, como Sam Altman, estão se envolvendo profundamente na indústria de energia nuclear. Altman, atualmente CEO da OpenAI, também preside a Oklo, uma empresa que visa desenvolver tecnologias nucleares inovadoras, consideradas fundamentais para sustentar o avanço da inteligência artificial e, por conseguinte, garantir um futuro mais brilhante para a humanidade.

O aumento no uso de centros de dados que consomem altas quantidades de eletricidade, consequência do nosso crescente apetite digital e das promessas de uma revolução tecnológica através da IA, eleva a preocupação sobre a capacidade da oferta de energia atender à demanda projetada. De acordo com análises da UBS, a demanda elétrica proveniente de centros de dados nos Estados Unidos cresceu 50% desde 2020, representando atualmente 4% do consumo total de eletricidade do país, uma tendência que pode ratificar essa proporção para impressionantes 9% até 2030. Tal circunstância intensifica a necessidade de soluções energéticas robustas e confiáveis, com a energia nuclear emergindo como uma opção viável que garante a continuidade na geração de eletricidade, ao contrário das fontes renováveis intermitentes como solar e eólica.

Contudo, críticos questionam até que ponto esses investimentos da indústria tecnológica realmente trarão benefícios ao público em geral, em vez de se concentrarem apenas na proteção das operações de suas respectivas empresas. Sharon Squassoni, professora investigadora da Universidade George Washington, expressou sua preocupação ao afirmar que “a intenção das empresas de tecnologia pode ser mais voltada a seus próprios interesses, e a real capacidade dos vendedores de energia nuclear em proporcionar vantagens efetivas ao público permanece em aberto”. Essa fala perfila uma realidade complexa: à medida que as empresas de tecnologia se movem em direção à nuclearização, a segurança e a regulação dessa indústria essencial podem sofrer prejuízos significativos.

As gigantes tecnológicas, entre os quais Microsoft e Amazon, estão apressadamente formando parcerias e acordos com fornecedores de energia nuclear, como o reagente da usina de Three Mile Island, que promete reiniciar suas operações já em 2028, e a Helion Energy, que busca desenvolver novas tecnologias nucleares que prometem uma produção de energia mais eficiente e segura. Essa movimentação acontece enquanto o presidente Joe Biden assina novas legislações e compromissos internacionais no sentido de acelerar a expansão da capacidade nuclear, colocando a energia nuclear de volta na pauta do debate público enquanto busca uma solução para a crise climática.

Entre os projetos promissores, a Oklo investe em reatores nucleares de “fusão rápida”, que têm a ambição de gerar mais eletricidade a partir de menos combustível e reciclar resíduos nucleares. Altman e outros investidores também veem as startups de fusão nuclear como uma solução viável: General Fusion, por exemplo, é uma das empresas cujo progresso está sendo acompanhado com interesse, uma vez que busca desenvolver reatores que oferecem uma alternativa menos arriscada à fissão convencional.

Inovações na indústria nuclear: o papel de Bill Gates e TerraPower

Além das iniciativas da Oklo, o ex-presidente da Microsoft, Bill Gates, também está investindo pesadamente na TerraPower, que tem como meta construir um reator nuclear demonstrativo no estado de Wyoming, trazendo à tona não apenas a busca por inovação dentro do setor nuclear, mas também os desafios regulatórios que persistem.

Apesar de avanços significativos sendo realizados por estas empresas, a resistência pública continua a ser um obstáculo crítico que deve ser superado para que o potencial da energia nuclear se realize plenamente. A eficácia das novas legislações, por sua vez, pode representar uma mudança drástica no rumo que a energia nuclear tomará nos próximos anos, mas a vigilância será necessária para garantir que a segurança, a transparência e o interesse público não sejam sacrificados em nome de um crescimento desenfreado.

À medida que a união da tecnologia com a energia nuclear continua a se desenvolver, o futuro energético do mundo pode estar prestes a passar por uma transformação radical, e é inegável que figuras influentes do setor tecnológico têm um papel crucial nesta viagem que promete redesenhar os contornos da produção de energia sustentável.

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