Desde que a pandemia de Covid-19 explodiu no mundo, diversas mudanças na maneira como vivemos e nos cuidamos surgiram. Dentre essas mudanças, o uso de purificadores de ar ganhou destaque, levando milhares de pessoas a adquirir esses dispositivos com a esperança de melhorar a qualidade do ar em seus lares. Embora esses aparelhos tenham sido inicialmente associados à redução de partículas virais no ar, especialistas agora ressaltam que seu uso pode ser igualmente relevante para o dia a dia, mesmo em períodos mais tranquilos, quando os riscos de crise de qualidade do ar não são tão evidentes.
As preocupações com os riscos associados à pandemia e as temporadas de incêndios florestais cada vez mais intensas têm gerado um aumento no interesse por soluções que mantenham o ar interno saudável. Os purificadores de ar, além de filtrarem as partículas carregadas de coronavírus, também podem contribuir para a redução de alérgenos e outros irritantes que estão relacionados a doenças respiratórias como a asma. No entanto, a ciência ainda está se esforçando para entender plenamente como medir a eficácia desses dispositivos em larga escala, o que significa que, embora tragam benefícios, eles não são uma solução mágica. A pesquisa atual aponta que intervenções como ventilação adequada e remoção de fontes de poluição interna podem ter um impacto ainda maior na saúde, refletindo a necessidade de abordagens multifacetadas para garantir um ar interno mais saudável.
No ano passado, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA atualizaram suas orientações de ventilação, criando um marco ao estabelecer uma meta de cinco trocas de ar por hora em ambientes fechados. Além disso, a Agência de Proteção Ambiental dos EUA lançou uma nova diretriz para a ventilação, que não apenas visa evitar a propagação de vírus respiratórios, mas também inclui a atribuição de US$ 34 milhões em subsídios para melhorar a qualidade do ar em escolas. Este tipo de ação governamental reflete um reconhecimento crescente da importância de um ar interno limpo e seguro.
O que os purificadores de ar podem fazer por você e sua família
Embora os purificadores de ar não sejam capazes de eliminar completamente os poluentes do ar interno, eles podem ajudar consideravelmente no processo de limpeza e costumam apresentar riscos mínimos ou inexistentes, segundo especialistas. Dr. Elizabeth Matsui, alergista pediátrica e diretora do Centro de Saúde e Ambiente da Universidade do Texas, afirma que, mesmo em lares com níveis baixos de poluição do ar, o uso de purificadores é bastante benéfico e não causa danos. Afinal, a maioria das pessoas passa cerca de 90% do seu tempo dentro de casa, onde muitos estabelecimentos senão todos frequentemente apresentam qualidade do ar inferior à do ambiente exterior.
Os dados estão começando a surgir, mostrando uma conexão mais clara entre o uso de purificadores de ar e a saúde respiratória. Um estudo publicado na revista JAMA Pediatrics revelou que crianças saudáveis em uma área da China com altos níveis de poluição do ar externa que utilizavam purificadores em suas salas de aula e dormitórios estavam expostas a cerca de 50% menos material particulado. Consequentemente, essas crianças apresentavam melhores fluxos de ar e capacidades respiratórias. Assim, mesmo que a capacidade dos purificadores de ar para melhorar a saúde a longo prazo ainda esteja sendo estudada, é inegável que eles podem oferecer um ambiente interno mais limpo e saudável.
Além disso, pesquisas anteriores sugerem que esses dispositivos podem ser particularmente úteis para crianças com asma que vivem em residências onde se fuma, pois a utilização contínua de purificadores pode reduzir poluentes por até 50%, aliviando sintomas da asma de forma significativa. Apesar disso, a ciência ainda luta para traçar conexões diretas entre diferentes intervenções e suas contribuições para a redução da poluição do ar, o que poderia motivar mudanças políticas mais significativas relacionadas à qualidade do ar.
Escolhendo o purificador de ar adequado
No que diz respeito à escolha do purificador de ar certo, é essencial ter em mente que, apesar do crescente interesse, o setor ainda carece de regulamentação robusta nos EUA. Isso fez com que algumas empresas se aproveitassem desse cenário, fazendo promessas exageradas sobre seus produtos. Portanto, os consumidores devem ser cautelosos e utilizar uma lista de verificação para garantir a escolha de um produto eficaz e de qualidade. Uma das características mais importantes é a capacidade do purificador em filtrar o ar da sala ou ambiente onde será utilizado, expressa geralmente na taxa de entrega de ar limpo (CADR), onde taxas mais altas indicam que o produto pode remover mais partículas e purificar áreas maiores.
Além disso, o uso de um filtro de carbono ativado pode ajudar a filtrar gases, embora ainda não exista um sistema de avaliação para isso. No entanto, recomenda-se evitar produtos que utilizam tecnologia de ionização, pois pode haver a liberação de ozônio prejudicial ao sistema respiratório. Outro fator é a velocidade do ventilador; purificadores funcionando em velocidades mais altas geralmente filtram mais ar, reduzindo, portanto, a exposição a partículas aéreas. Entretanto, o comportamento humano também impacta na eficácia do purificador, uma vez que a aparência e o nível de ruído podem afetar a disposição de uso do equipamento por parte dos consumidores.
Pela importância que os purificadores de ar têm em nosso dia a dia, é fundamental que, ao possuí-los, os usuários estejam informados sobre a melhor maneira de utilizá-los, aproveitando ao máximo suas capacidades e potencial, e contribuindo assim para a saúde e bem-estar de suas famílias. Dito isso, se você comprou um purificador de ar durante a pandemia, pode ficar tranquilo: ele ainda pode ser um grande aliado na luta por uma qualidade do ar melhor e mais saudável, bem como um importante passo em direção a um futuro mais consciente e saudável.
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