Em um desfecho significativo que ressalta as complexidades do jornalismo moderno e as repercussões legais de declarações feitas ao vivo, a ABC News chegou a um acordo no valor de **15 milhões de dólares** em um processo de difamação movido pelo presidente eleito Donald Trump. O acordo, oficializado no último sábado, estabelece que a rede não apenas compensará o valor substancial a uma “fundação e museu presidencial”, mas também arcará com mais **1 milhão de dólares** em honorários advocatícios de Trump, além de emitir um pedido de desculpas ao ex-presidente.
Em nota editorial que será inserida em um artigo online, a ABC News expressará: “ABC News e George Stephanopoulos lamentamos as declarações sobre o presidente Donald J. Trump feitas durante uma entrevista de George Stephanopoulos com a representante Nancy Mace no programa “This Week” da ABC, em 10 de março de 2024.” Este trecho indica a responsabilidade que a emissora atribui às palavras de seus jornalistas no contexto da liberdade de imprensa e da veracidade das informações divulgadas.
Um porta-voz da ABC News comentou sobre o acordo: “Estamos satisfeitos que as partes chegaram a um acordo para desistir do processo nos termos apresentados no documento judicial.” Embora o valor do acordo pareça exorbitante, ele se insere em um contexto mais amplo de defesa pela integridade e pela reputação no cenário noticioso.
A origem do processo remonta a uma entrevista tensa em que Donald Trump alega ter sido difamado por George Stephanopoulos durante uma conversa ao vivo. Durante essa entrevista, Stephanopoulos repetidamente aludiu ao veredito de um júri que afirmou que Trump havia “estuprado” E. Jean Carroll, uma acusação que Trump nega veementemente. O ex-presidente alega que as palavras de Stephanopoulos não apenas foram enganosas, mas também proferidas com a intenção de prejudicá-lo.
A situação envolvendo a alegação de Carroll remonta a um suposto incidente na década de 1990. Após uma longa estadia nos tribunais, um júri finalmente decidiu em 2023 que Trump era responsável por agressão sexual contra Carroll, levando ao envio de uma indenização de **5 milhões de dólares**. Essa quantia foi decidida pelo júri não sob o rótulo de “estupro”, mas sim por questões de responsabilidade civil. Em janeiro de 2024, Carroll foi agraciada com um total adicional de **83,3 milhões de dólares** em danos por declarações difamatórias feitas por Trump que desacreditavam suas alegações.
Em um contexto ainda mais complexo, um juiz tinha estabelecido em agosto de 2023 que as alegações de Carroll eram “substancialmente verdadeiras”, mesmo que o veredicto legal não tenha encontrado Trump culpado sob a lei estadual de Nova York. O juiz utilizou a palavra “estuprar” em um sentido mais amplo, destacando a carga emocional e o peso das palavras em contextos legais.
Trump, que não é estranho a litígios com a mídia, já havia apresentado outra ação em outubro de 2024. Dessa vez, contra a CBS, em busca de **10 bilhões de dólares** por danos causados durante uma entrevista do programa “60 Minutes” com a vice-presidente Kamala Harris. Essa ação foi caracterizada pela defesa como um ato de interferência eleitoral e tentativas de manipulação do público.
A resolução do processo contra a ABC News ocorreu na véspera de um depoimento que um juiz havia determinado que Trump e Stephanopoulos prestariam na semana seguinte. Agora, ao evitar ser obrigado a depor, Trump não apenas resguarda sua posição, mas também evita riscos legais adicionais em seu retorno ao cenário político, que promete ser conturbado.
Com o reino dos processos judiciais repletos de polêmicas e o jogo político acirrado, a saga entre Trump e a ABC News deixa um rastro de questionamentos sobre a ética do jornalismo, a liberdade de expressão e as fronteiras da responsabilidade legal na disseminação de informações pertinentes ao público.
Esta história foi atualizada com informações adicionais.
Esta reportagem foi escrita com contribuições de Brian Stelter, Marshall Cohen e Kaanita Iyer da CNN.