Na última segunda-feira, as relações entre Nauru e Austrália deram um passo significativo, com o anúncio de um acordo multimilionário que concede a Canberra o direito de veto sobre uma série de pactos que o pequeno atoleiro do Pacífico poderá querer estabelecer com países terceiros, incluindo a China. O premiê australiano, Anthony Albanese, defendeu a necessidade desta aliança, ressaltando a interdependência da segurança entre as nações parceiras.

Com um valor de 140 milhões de dólares australianos (cerca de 89 milhões de dólares americanos) a serem distribuídos ao longo de cinco anos, o acordo representa uma injeção significativa de recursos financeiros em uma nação de apenas 12.000 habitantes. Além disso, 40 milhões de dólares australianos (aproximadamente 26 milhões de dólares) foram destinados ao fortalecimento das capacidades policiais e de segurança de Nauru, um aspecto essencial em tempos de crescentes preocupações sobre a influência da China na região.

Durante uma coletiva de imprensa na Casa do Parlamento Australiano, Albanese destacou que “reconhecer que a segurança de uma de nossas nações impacta a segurança de ambas é vital”. Neste contexto, o tratado estipula que qualquer novo envolvimento de países estrangeiros nos setores de segurança, bancário e de telecomunicações de Nauru deverá ser previamente aprovado por ambos os países, refletindo uma preocupação crescente sobre a potencial expansão da influência chinesa no Pacífico.

David Adeang, presidente de Nauru, afirmou que a parceria com a Austrália, antiga potência colonial do país, é “vital”. Este acordo, que se assemelha ao pacto firmado em maio deste ano com Tuvalu, outro pequeno país insular do Pacífico com uma população semelhante a Nauru, também confere à Austrália o poder de veto sobre acordos com terceiros. Essa sequência de iniciativas australianas é um reflexo claro da crescente rivalidade geopolítica na região.

O acordo com Tuvalu foi forjado em resposta a um pacto de segurança estabelecido entre a China e as Ilhas Salomão em 2022, que gerou inquietação sobre a possibilidade de uma base naval chinesa sendo estabelecida no Pacífico Sul. Este contexto geopolítico acirrado tem levado países da região a reconsiderar suas alianças estratégicas, e a sua segurança é claramente uma prioridade para os líderes australianos.

Meg Keen, diretora do Programa de Ilhas do Pacífico do Lowy Institute, uma respeitada think tank com sede em Sydney, afirmou que Nauru “sacrificou sua capacidade de firmar acordos de segurança, bancários e de infraestrutura com a China e outros terceiros em troca de um aumento significativo no financiamento australiano”. A visão de Keen é que a manobra da Austrália visa limitar a influência chinesa na região, ressoando mais forte à medida que a competição entre as potências se intensifica.

O tratado, segundo Keen, permite à Austrália fortalecer seus laços na região e consolidar seu papel como o parceiro preferencial em termos de desenvolvimento e segurança. Em um cenário de crescente tensão geopolítica e insegurança econômica, essa iniciativa parece refletir um movimento estratégico à luz das novas realidades do Pacífico.

Outro aspecto fundamental deste acordo é a permanência de um banco australiano em Nauru. O Commonwealth Bank of Australia abrirá uma filial na nação em 2024, após a retirada do Bendigo Bank, sinalizando um compromisso contínuo da Austrália em apoiar a economia local. Adeang ressaltou que “este tratado fortalece nossa própria economia, melhora nossa segurança mútua e aborda desafios críticos como a exclusão bancária, promovendo crescimento inclusivo e resiliência para nosso povo”.

Assim, o acordo entre Nauru e Austrália não se destaca apenas pela quantia oferecida, mas principalmente pela estratégia geopolítica que representa. Em um mundo onde a segurança e a influência estão interligadas, a decisão de um pequeno país insular de se aliar a uma potência regional pode mudar o curso de sua história, tornando a vida e as relações de poder no Pacífico mais dinâmicas e interativas no futuro. Enquanto Nauru se encontra em um ponto de inflexão, resta saber como essa decisão levará a mudanças nas dinâmicas regionais e na política internacional mais ampla.

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