Um feito extraordinário foi realizado por arqueólogos espanhóis que, após duas décadas de espera, conseguiram resgatar um naufrágio considerado uma relíquia histórica de pelo menos 2.600 anos. A recuperação, que ocorreu na costa sudeste da Espanha, mais precisamente perto da cidade de Mazarrón, representa um avanço significativo na preservação e estudo da cultura fenícia, uma das civilizações mais intrigantes da Antiguidade.

O naufrágio fenício, agora denominado Mazarrón II, remonta ao século VII a.C.E. e foi encontrado inicialmente em 1994 durante investigações arqueológicas na costa de Murcia. Segundo o Ministério da Cultura da Espanha, esta descoberta é um marco importante, pois o Mazarrón II se torna um dos poucos naufrágios dessa era preservados quase intactos. A relevância do naufrágio é amplificada pela similaridade com outro achado da mesma região, o naufrágio Mazarrón I, descoberto em 1993 e posteriormente levantado em junho de 1995, que hoje é exibido no Museu Nacional de Arqueologia Subaquática, após um longo período de conservação desde sua recuperação.

Foto subaquática do Mazarrón II, um naufrágio fenício antigo.
Foto subaquática do Mazarrón II, um naufrágio fenício antigo.
Museu Nacional de Arqueologia Subaquática da Espanha

O processo de extração do Mazarrón II, que ocorreu entre 13 de setembro e 7 de novembro, envolveu uma equipe de 14 especialistas, liderada pelo diretor do projeto de escavação, Carlos de Juan. Ele compartilhou detalhes sobre o projeto em um vídeo publicado pela Universidade de Valência, que se uniu ao ministério regional de cultura para realizar a operação. Em tais operações, a precisão e a técnica são fundamentais, e vídeo mostra mergulhadores transportando os fragmentos de madeira do naufrágio para a superfície, destacando a complexidade e a delicadeza envolvidas na tarefa.


Concluída a extração do relíquia fenícia Mazarrón II por
Universidade de Valência no
YouTube

Os fenícios foram uma civilização antiga que prosperou ao longo da costa leste do Mediterrâneo, especialmente nas áreas que hoje correspondem ao Líbano, Síria e Israel, entre aproximadamente 1500 a 300 a.C.E. Embora tenham sido notórios por seu comércio e inovação, como o desenvolvimento de um alfabeto que formou a base dos sistemas escritos da Grécia e Roma antigas, muitas evidências sobre sua cultura permaneceram obscuras até o século XX. O resgate de artefatos, como o Mazarrón II, proporciona novas perspectivas sobre a construção naval fenícia, uma área ainda pouco explorada pelos historiadores, como observa Carlos de Juan. Ele menciona que, apesar da abundância de informações sobre as embarcações construídas na região do Mediterrâneo pelos antigos gregos, os métodos de construção fenícios continuam envoltos em mistério.

A importância do Mazarrón II vai além de um mero objeto arqueológico; ele representa uma janela para a base de conhecimento que é necessária para entender a cultura e a sociedade fenícia. De Juan enfatiza que este naufrágio é uma contribuição significativa para esse campo de estudos, pois diversos elementos de sua construção mostram semelhanças com design de embarcações de outras culturas da região, enquanto outros permanecem únicos e enigmáticos.

Após a recuperação, cada parte do naufrágio foi transportada para um laboratório no Museu de Arqueologia Subaquática, no sul da Espanha. Equipes de profissionais trabalharão arduamente nos próximos anos para garantir a conservação dos restos arqueológicos, garantindo que essa história não desapareça nas brumas do passado.

Portanto, ao acompanhar as histórias emergentes da arqueologia, como a do Mazarrón II, vemos a vitalidade da história antiga sendo ressuscitada, convidando a todos nós a considerar as interconexões que existem entre as civilizações passadas e presentes. O mistério de como esses navegadores fenícios perseveraram nos mares do Mediterrâneo se revela não apenas através de artefatos, mas também por meio dos ensinamentos que podemos extrair deles, fornecendo assim uma rica tapeçaria da experiência humana ao longo do tempo.

As notícias de descobertas como essa sempre nos lembram de que ainda há muito por descobrir nas profundezas do nosso passado.

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