A co-fundadora da Everywhere Ventures e ex-diretora do Techstars, Jenny Fielding, provocou uma discussão intrigante nas redes sociais ao questionar se os fundadores de empresas em estágio inicial realmente necessitam de assistentes executivos para ajudá-los em suas agendas. Embora sua provocação inicial tenha sido recebida com descontentamento por parte de alguns, ela se tornou um catalisador para um debate mais profundo sobre a gestão de recursos financeiros e a estrutura organizacional de startups no cenário do capital semente.

Fielding sabia que sua postagem era “um pouco sarcástica”, mas ela não imaginava que geraria um diálogo significativo sobre as complexidades que envolvem o início de um empreendimento. Alguns usuários sugeriram que a utilização de assistentes executivos baseados em inteligência artificial poderia ser uma alternativa mais viável, enquanto outros se sentiram ofendidos com a sugestão de que assistentes humanos poderiam ser dispensáveis. O ponto central de Fielding, no entanto, era mais profundo e tocava em pressupostos errôneos que persistem desde os dias de excessivo financiamento de 2020 a 2021. Durante esses períodos, muitas startups receberam capital em abundância, levando à criação de estruturas de custos que não se sustentam em momentos de escassez de receitas.

“Fui fundadora. Comecei duas empresas”, comentou Fielding. “Depois passei sete anos e meio no Techstars, ajudando empresas em suas fases formativas.” Sua experiência a leva a se comprometer a fornecer informações verdadeiras e relevantes aos fundadores, afastando-se do “material nebuloso” que pode confundir e desinformar novos empreendedores. Fielding se destaca entre os investidores de seed capital, ao reconhecer que o uso de dinheiro levantado é uma prerrogativa dos fundadores, mas destaca que a maneira como eles gerenciam seus recursos será avaliada, mesmo quando o capital de risco assume uma postura mais discreta dentro das operações.

“Investimos nas fases mais iniciais. Não ocupamos assentos no conselho. Estamos confiando esse capital aos fundadores. Portanto, sim, olhamos para o orçamento operacional e fazemos chamadas com eles trimestralmente,” afirmou Fielding. Essa avaliação vai se tornará crítica quando a startup se preparar para levantar uma nova rodada de financiamento, pelo que suas experiências passadas com investidores sem uma gestão financeira adequada poderão influenciar as recomendações futuras e as apresentações para novos investidores.

A questão dos assistentes executivos também levanta a necessidade de examinar outros cargos, como COO e CFO, que podem ser seen as “bandeiras vermelhas” para investidores. Fielding ressaltou que muitas vezes, um terceiro co-fundador pode não ter um papel claramente definido, o que pode atrair custos elevados em termos de ações e salários. “Você precisa desenvolver um produto e, em seguida, conquistar clientes. Não estou tão certo de que você precise da estrutura organizacional de um CFO e COO nesse estágio,” alertou.

Ao discutir as estruturas de pagamento, Fielding trouxe outra nuance importante que os investidores atentos costumam observar, mesmo em silencial: a gestão dos salários. Ela compartilhou uma experiência onde interrompeu um acordo ao perceber que um fundador estava pagando a si mesmo $300.000. Embora esse salário fosse condizente com suas experiências anteriores em empresas como Google ou Microsoft, Fielding argumenta que, em níveis iniciais, um salário justo fica entre $85.000 e $125.000. Essa é uma questão matemática simples. Se um fundador levanta um capital pré-seed de $1 milhão e paga a si mesmo $200.000, já perdeu um quinto dos recursos. Ela adverte, “não estamos dizendo que você deve ganhar $100.000 para sempre, mas nesse estágio inicial, você simplesmente não tem esse caixa para queimar.”

O fluxo de conversas geradas por esta reflexão toca em um ponto essencial: a gestão prudente de recursos em startups deve ser um pilar fundamental no planejamento de qualquer empreendedor. Assim, enquanto assistentes executivos possam ser valiosos em empresas estabelecidas, eles representam uma sobrecarga operacional em fases onde a construção e o suporte ao produto inicial são primordiais. Redefinir prioridades e priorizar a essencialidade no uso de recursos pode determinar o sucesso ou fracasso da jornada empreendedora, especialmente em um ambiente competitivo como o de startups em busca de capital inicial. A reflexão sobre essas percepções antigas acerca de finanças e funções essenciais é um caminho a ser trilhado para moldar um futuro mais sólido nas startups que acabam de iniciar suas operações.

Reunião de Startups

Com essas advertências em mente, fundadores e investidores são convidados a repensar suas estratégias, abordagens e expectativas, especialmente no contexto das startups que estão começando a pavimentar suas trilhas neste ecossistema dinâmico e muitas vezes imprevisível.

Leia mais sobre as opiniões de Jenny Fielding no TechCrunch.

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