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A situação em Gaza se torna cada vez mais alarmante e preocupante, especialmente após os recentes ataques devastadores ao hospital Kamal Adwan, localizado em norte de Gaza. O diretor do hospital, Dr. Hussam Abu Safiya, descreveu o bombardeio como “catastrófico”. Este ataque, que ocorreu durante a noite de quinta-feira para sexta-feira, envolveu tanto bombardeios aéreos quanto terrestres, deixando a equipe médica e os poucos pacientes lá em estado de choque e desespero.
Segundo o Dr. Abu Safiya, as forças israelenses lançaram bombas de quadricópteros, resultando em ferimentos em pelo menos três membros da equipe médica, um dos quais já havia sido prejudicado em ocasiões anteriores. Ele expressou sua profunda preocupação durante uma mensagem de voz, que era intercalada por ruídos de bombardeios constantes em meio à escuridão da noite.
“A noite foi uma das mais difíceis que vivemos”, afirmou Abu Safiya, evidenciando a intensidade dos ataques que já duram uma semana na região. O impacto dos bombardeios foi tão severo que portas e janelas de um dos lados do hospital foram arrancadas, e tanques de água foram destruídos pela força da explosão. A situação não mostra sinais de alívio, já que os bombardeios continuam sem parar durante a noite, causando destruição generalizada.
“É uma cena catastrófica, com ataques aéreos e bombardeios de artilharia ocorrendo com uma intensidade e frequência sem precedentes”, acrescentou o diretor do hospital. A gravidade da situação é ainda mais intensificada pelos relatos de que as forças israelenses lançaram uma série de incursões tanto aéreas quanto terrestres em várias partes do norte de Gaza desde o início de outubro, visando a suposta presença do Hamas na área. Esta ofensiva prolongada, que já dura dois meses, tem devastado a infraestrutura local, deixando famílias inteiras sem lar e causando uma crise humanitária.
Segundo informações do hospital, a força total dos ataques tem resultado em um número alarmante de vítimas, com mais de 4.000 palestinos mortos ou dados como desaparecidos, de acordo com o porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmoud Basal. Além disso, cerca de 12.000 outras pessoas foram feridas, e as equipes de emergência enfrentam dificuldades para acessar sobreviventes que podem estar soterrados sob os escombros de prédios colapsados. Esse cenário se agrava à medida que as agências humanitárias se veem impedidas de fornecer alimentos, água e assistência médica aos sobreviventes, com as restrições de ajuda intensificando o sofrimento da população civil em Gaza.
O exército israelense, por sua vez, justifica suas ações ao afirmar que o Hamas utiliza hospitais para realizar operações militares, uma alegação que a facção nega. A CNN não possui meios independentes de verificar ambas as alegações, e a situação é exacerbada pela falta de acesso a informações confirmadas em meio ao caos da guerra. Apesar disso, o hospital Kamal Adwan já foi alvo de ataques aéreos quase diariamente, e já foi invadido pelo menos seis vezes desde o início dos bombardeios, o que demonstra um padrão alarmante de ataque a estruturas de saúde durante o conflito.
A coordenação de atividades governamentais e de segurança (COGAT), que é a agência de ajuda de Israel, afirmou que as forças israelenses facilitaram a evacuação de pacientes e membros da equipe médica do hospital Kamal Adwan para outras unidades de saúde na faixa de Gaza, tanto no norte quanto no sul. No entanto, essa alegação é contestada por muitos que estão presenciando a crise em tempo real e ressaltam que os esforços para fornecer assistência médica e de emergência têm sido extremamente limitados devido ao estado de guerra e à contínua agressão militar.
Contudo, mesmo com os apelos urgentes por ajuda, as agências de direitos humanos alertam que apenas uma quantidade insignificante de ajuda humanitária tem conseguido entrar nas áreas afetadas. As restrições de ajuda impostas por Israel deixaram entre 65.000 a 75.000 residentes presos sem acesso a alimentação, água, eletricidade ou cuidados médicos confiáveis, conforme relatado pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA). Esta realidade é um claro reflexo das complexas dinâmicas do conflito, que não apenas afetam a segurança física, mas também o acesso a direitos humanos básicos, como saúde e alimentação.
Em resposta à contínua crise, o chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS) expressou sua indignação pela falta de acesso humanitário ao hospital Kamal Adwan, onde mais de 96 pacientes e profissionais de saúde “urgentemente precisam de apoio”. Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus afirmou em um comunicado que a OMS enfrentou três negativas em apenas quatro dias para acessar o hospital a fim de entregar suprimentos médicos vitais, transferir pacientes críticos e mobilizar uma equipe internacional de emergência.
“A violência continua. Hoje, uma enfermeira foi morta enquanto se dirigia ao hospital Kamal Adwan”, acrescentou. Informações posteriores indicam que um cirurgião ortopédico proeminente, Dr. Saeed Jouda, também foi morto em um ataque enquanto viajava nas proximidades do hospital. O clima de incerteza e medo domina a região, enquanto profissionais de saúde e cidadãos tentam sobreviver em meio ao caos e destruição.
A equipe da CNN, incluindo Dana Karni, contribuiu para a reportagem.