A renomada atriz Aunjanue Ellis-Taylor, conhecida por seu trabalho em filmes aclamados pela crítica e indicada ao Oscar, revela que sua verdadeira casa continua sendo o sul dos Estados Unidos, ao invés do glamour de Hollywood. Em uma entrevista recente à PEOPLE, a atriz compartilhou sua conexão profunda com a região, afirmando que sempre precisa manter uma parte de si no Sul, onde se sente mais autêntica e presente. Afinal, mesmo com uma carreira brilhante que a levou a atuar em produções renomadas, sua essência continua ligada às suas raízes.
Natural de San Francisco, Aunjanue foi criada na fazenda de sua avó, em Mississippi, e possui graduação pela prestigiosa Brown University e pela New York University. Mesmo com um currículo repleto de produções significativas, que incluem obras como King Richard, no qual contracena com Will Smith, sua escolha de viver entre Atlanta e seu estado natal reflete uma necessidade não apenas pessoal, mas uma missão. “Há trabalho a ser feito lá. Há trabalho a ser feito em todos os lugares, e você não pode realizar esse trabalho a menos que esteja presente”, afirma a atriz, que agora vive em um mundo em que muitos artistas seguem rotas efêmeras não atreladas a uma essência mais forte ou um propósito claro.
Ellis-Taylor, que se mostra franca sobre sua visão de mundo, explica o que ela chama de “Hollywood hooey”, um termo que usa para descrever a estranheza da indústria cinematográfica em Los Angeles. Ela expressa seu desejo genuíno de se concentrar em seu ofício e sua responsabilidade social, ao invés de se deixar levar pelas glittery ilusões de Hollywood. Sua postura ativa e voz crítica em relação a questões sociais a posicionaram como uma figura respeitada e requisitada em sua profissão. Não é à toa que muitos diretores a buscam, reconhecendo que sua visão alinhada com suas convicções traz riqueza às histórias que ela ajuda a contar.
A atriz não tem medo de falar sobre questões delicadas e frequentemente traz à tona temas como injustiça social e preconceito, deixando claro que sua carreira tem sido ainda mais significativa devido às mensagens poderosas que ajudou a amplificar. Ao discutir sua participação no filme Nickel Boys, que retrata o tratamento desumano de jovens em escolas reformatórias segregadas nos Estados Unidos, ela destaca a importância de trazer visibilidade para essas narrativas. Muito mais do que um trabalho artístico, a atriz vê sua atuação como um meio de dar voz a quem foi silenciado, permitindo que crianças cujas vidas foram marcadas por abusos recebam a atenção e o respeito que merecem.
A escolha de Aunjanue para fazer parte de projetos cinematográficos que são intencionalmente realizados por cineastas negros e focados nas experiências da comunidade negra tem sua explicação. “Sim”, ela confirma com um sorriso, “Shamelessly so.” Sua participação em obras recentes, como The Supremes at Earl’s All-You-Can-Eat, The Deliverance e Exhibiting Forgiveness, reflete não apenas um desejo de diversificar a narrativa da indústria cinematográfica, mas também de estimular conversas sobre identidade e resistência.
Aunjanue vê a adaptação da obra Nickel Boys, baseada no livro de Colson Whitehead, como uma oportunidade única de contar uma história marcante sobre o sul dos Estados Unidos. Nela, interpreta Hattie, avó de um adolescente negro enviado a uma escola reformatória abusiva. Com essa narrativa, ela quer chamar a atenção para o problema sistêmico do silenciamento de jovens vítimas de abusos, fomentando uma reflexão sobre a necessidade de mudança de uma realidade que não é única, mas que atinge diversas comunidades em todo o país.
Ela convoca a sociedade a se informar mais sobre a história de instituições como a que inspirou o filme, afirmando que é fundamental dar voz a esses meninos e reconhecer o passado como um meio de construir um futuro mais justo. “Nós temos o poder de dar voz a essas crianças, de lamentar por elas, e nesse luto nos tornarmos ativos na busca pela reparação”, diz Ellis-Taylor. Esta é uma missão que a atriz não se furta em assumir, e Nickel Boys representa a chance de tornar visíveis as vozes que permaneceram inaudíveis por tanto tempo.
Com o lançamento de Nickel Boys programado para os cinemas em 13 de dezembro, Aunjanue continua a construir sua carreira com projetos que não apenas entretem, mas também educam e provocam questões relevantes na sociedade. Em sua próxima obra baseada na autobiografia de Todd Connor, a atriz prometeu mais uma vez trazer à tona questões de combate a abusos, reafirmando sua convicção de que a arte contém um papel crítico na luta por justiça e veracidade.
Por consequência, Aunjanue Ellis-Taylor se apresenta não somente como uma artista multifacetada, mas como uma defensora incansável da verdade e da justiça social, reafirmando sua conexão com suas raízes sulistas e seu compromisso com a transformação social em um mundo que ainda necessita de profundos reparos.
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